Se não fosse uma festa religiosa, a trilha sonora da cena poderia ser a antiga marchinha de Carnaval: “Bota camisinha; bota, meu amor...”. Mas era a procissão de Santo Antônio, padroeiro de Laguna, no sábado à noite. O presidente da Câmara, Hirã Floriano Ramos, aproveitou a presença do governador Jorginho Mello no evento, como manda a tradição entre os políticos, e entregou-lhe um presente. Enquanto ajudava a desembrulhar a embalagem, o vereador pedia a Jorginho Mello, se possível, que tirasse uma foto com a “camisinha” – no caso, a camisa que simboliza o movimento Ponte do Pontal Já, deflagrado pela Câmara a favor da obra, tão aguardada quanto prometida.
Presente de grego II
Hirã ainda pediu que o governo se sensibilizasse com o pleito. Jorginho não disse nem que sim, nem que não, muito menos botou a camisa. Apenas abriu um sorriso meio amarelo enquanto posava para as fotos exibindo o presente nas mãos. Talvez por essa o governador não esperasse: ser fotografado com o símbolo de algo a que, até agora, ele não se mostrou muito favorável. Tão logo assumiu, mandou suspender o processo que estava bastante avançado no governo anterior, inclusive em vias de ir à licitação.
Mesma camisa
Na ocasião também estava o secretário Estêner Soratto, da Casa Civil, que concordou com Hirã quando este disse que o assunto já foi debatido várias vezes entre as autoridades lagunenses e os membros do governo estadual. Por enquanto o projeto segue paralisado. Mas Jorginho já obteve um feito. Conseguiu fazer com que todos os vereadores, inclusive literalmente, vestissem a mesma camisa – a da Ponte do Pontal.
Bate-boca no plenário
Quase no fim da sessão desta segunda-feira em Laguna, o clima esquentou. Os vereadores votavam pedido de vista ao veto do Executivo para o projeto do canabidiol quando saiu do controle o bate-boca entre o vereador Kleber da Kek e alguém que assistia à sessão. “Chama a polícia que de safado eu não posso ser chamado!”, reclamou o vereador aos gritos ao microfone, mas também fora dele. A sessão teve de ser suspensa por cinco minutos.
Réu e testemunha
A relatora da Operação Mensageiro no TJSC, desembargadora Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer, em um de seus despachos questiona a defesa de Darlan Mendes da Silva, ex-gerente de Gestão de Tubarão. A doutora quer saber por que foi indicado como testemunha alguém que é réu em procedimento conexo à mesma operação e que, em tese, figura como coautor de condutas criminosas entre ambos.
O destino político de Carlos Moisés varia conforme o interlocutor com que você conversa. Há quem jure de pés juntos que o ex-governador será mesmo candidato a prefeito de Tubarão pelo Republicanos, partido do qual é presidente estadual. Seria uma decisão sacramentada, que teria como rival na disputa o secretário-chefe da Casa Civil, Estêner Soratto, do PL. Este é um cenário. No entanto, há quem afirme exatamente o contrário: que não está nos planos de Moisés concorrer a prefeito, mas, sim, a deputado federal, ou, quem sabe, novamente a governador, dependendo de como se desenhar o panorama em nível estadual.
Na defensiva
Por enquanto, a única certeza mesmo é a de que Carlos Moisés está usando suas redes sociais para defender sua gestão dos ataques de Jorginho Mello e dar algumas cutucadas no atual governador. Ou seja, não parece querer descer da arena estadual para se dedicar a questões mais locais. Outro dia, no calor das discussões sobre as atuais incertezas do Plano 1000, Moisés fez uma publicação tendo como trilha sonora a música chamada “Saudade do meu ex”. Entenda como quiser...
Qualquer um
Político da região preso na Operação Mensageiro, durante procedimento, parece não ter gostado das ordens que recebeu dos policiais penais para que se mantivesse sentado, em silêncio, à espera dos seus exames médicos. Em pé, disse que poderia fazer o que quisesse, que ninguém o obrigaria a sentar e que não era qualquer um. O relato consta de ofício de um diretor de estabelecimento penal.
Cigarro na cela
Contra este mesmo interno, em uma inspeção de rotina em sua cela foram encontrados riscos na parede com diversos dizeres. O interno assumiu a autoria e comprometeu-se a limpar as rasuras. Em outra situação, com ele foram encontrados objetos de uso proibido, como carteira de cigarro, mais sete cigarros avulsos e um isqueiro.
Mensageiro
Na semana passada Zé Chico, vice-prefeito de Imaruí, dava entrevista a uma rádio quando disse que na gestão tudo é feito com “seriedade e transparência”. Pois bem. Zé Chico está como prefeito interino de Imaruí porque Patrick Corrêa, o atual prefeito, foi detido na quarta fase da Operação Mensageiro, em 27 de abril. A operação, como se sabe, apura o que pode ser o maior e mais complexo esquema de corrupção do Estado – palavras dos investigadores.
“Eu sou municipalista. Eu sei que tudo acontece no município.” As palavras são de Jorginho Mello, mas ecoam o mesmo discurso de um antecessor seu. Foram ditas pelo governador na sexta-feira, dia 26, em Tubarão, diante de uma plateia lotada de políticos, principalmente prefeitos, ansiosos por uma resposta do Estado sobre os recursos para obras que, com a troca de gestão, acabaram ficando à míngua, pelo menos até agora. Jorginho já deixou claro que um de seus esportes preferidos é atacar Carlos Moisés, mas, ao se arvorar como um municipalista, não faz nada muito diferente do seu antecessor – e rival – no cargo.
Liberal criticando privatização
“Infelizmente” e “lamentavelmente” foram dois advérbios usados pelo governador, em sua passagem por Tubarão, para se referir à privatização da Unisul. A fala teve certa repercussão e teria causado constrangimento entre algumas lideranças. Só não pode passar batido a contradição de ver um político liberal atacando privatização. E a cartilha do guru Paulo Guedes como fica? Mas isso não é novidade. Até pouco tempo, o mesmo governo criticava a concessão do aeroporto de Jaguaruna, dizendo ser algo inviável, no que foi atacado prontamente por membros da gestão passada. Ou seja, liberais se desentendendo entre si sobre uma de suas bandeiras mais vistosas.
Caio Tokarski
Em um de seus despachos, a desembargadora Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer, relatora da Operação Mensageiro, descreve Caio Tokarski, o vice-prefeito de Tubarão, como “um dos réus das diversas ações penais de maior infiltração perante locais inimagináveis”. Relembra a história da minuta da CPI, em posse de Caio, “com conteúdo aparentemente conspiratório, para atentar contra o Poder Judiciário e o MP”. E diz que o vice foi flagrado com “documentos sigilosos da Mensageiro, o que evidencia uma infiltração, em tese, no mundo da criminalidade, de saltar aos olhos”.
Caio Tokarski II
Estes documentos estavam à época em segredo de justiça de nível 5 (o mais alto perante o Poder Judiciário Catarinense), com escasso número de pessoas com acesso. A relatora vai além. Cita que o vice “supostamente armou agressões” e que há indícios de que ele “possa ter tentado fabricar factóides” para deixar a prisão. Ela ainda se diz surpresa ao saber que Caio estaria com autorização legal para trabalho em local com telefone e computadores com internet.
Treze de Maio em alta
Os vereadores Adair João da Silva e Gentil Teixeira Salvalaio, ambos do MDB de Sangão, na sessão de segunda-feira, aproveitaram para alfinetar a atual gestão com elogios às sucessivas administrações em Treze de Maio. Disseram se tratar de um modelo a ser copiado.
Depois de rejeitadas duas denúncias com pedido de afastamento de Joares Ponticelli e Caio Tokarski, a pressão contra a dupla não deve parar por aí. Um grupo pretende apresentar nos próximos dias um novo pedido de afastamento, dessa vez embasado em outro artigo da Lei Orgânica. Até agora o que se questionava, mas já refutado pela Câmara, era o afastamento de Joares e Caio por período superior a 15 dias sem autorização do Legislativo. O argumento não colou, porque a maioria dos vereadores entende que a Câmara foi, sim, notificada pelo MP da prisão.
90 dias
O que se pretende agora é alegar o artigo 60, não mais o 61, da Lei Orgânica. Este artigo determina novas eleições 90 dias após a abertura das vagas no Executivo. Como ambos foram presos em 14 de fevereiro, o prazo começa a valer a partir deste domingo. Mas, se por ventura isso vier a ocorrer, teríamos eleição indireta na Câmara, pois a vacância estaria se dando nos dois últimos anos de mandato.
A vizinha Capivari
Era previsível a rejeição dos dois pedidos de impeachment, afinal o governo mantém maioria na casa. Além do mais, pesa o argumento de que Joares e Caio ainda não contam com sentença transitada em julgado. Ou seja, seguem como réus, sem condenação. Mas há o movimento de outras cidades, que pode causar alguma influência, como é o caso da vizinha Capivari de Baixo, onde, por unanimidade, os vereadores aprovaram abertura de processo de impeachment do prefeito, dr. Vicente Corrêa Costa.
CEI
O grupo que pretende apresentar o pedido de eleição indireta em Tubarão avalia o clima político, se há condições de isso ir adiante. Pressionada, a Câmara optou por uma estratégia menos arriscada que o processo de impeachment. Aprovou a instauração de uma Comissão Especial de Inquérito. Não se sabe quais serão as suas conclusões e encaminhamentos, mas é improvável que em 90 dias avance mais do que a Operação Mensageiro fez até agora. Esta comissão soa mais como uma saída para diminuir as cobranças e assim trazer a questão para o plenário, por enquanto só debatida com mais afinco depois das duas denúncias.
Dr. Vicente quer CPI
A Câmara de Capivari deveria levar a sério também o que disse o pai do prefeito, em áudio compartilhado a pedido do próprio Vicente. Que se faça uma CPI para investigar a Serrana no município, porque “já vem de longa data e ninguém indagava”, diz o pai do prefeito. Se o próprio chefe do Executivo está recomendando, não custa conferir.
Com Joares Ponticelli e Caio Tokarski declarados réus pelo Tribunal de Justiça dentro da Operação Mensageiro, o PT de Tubarão encarnou seu papel de oposição ao governo e emitiu uma nota oficial no feriado do Dia do Trabalhador recomendando o afastamento definitivo do prefeito e vice. O partido ressaltou também a necessidade, nesse caso, da escolha de novos governantes dentro do que está previsto na legislação. Ou seja, havendo vacância nos dois últimos anos de mandato, a eleição para ambos os cargos seria indireta, pela Câmara de Vereadores.
Legislativo
A nota do PT também não poupa críticas à atuação do Poder Legislativo em meio às revelações da Operação Mensageiro. O partido fala em falta de ação, no que não deixa de ter razão. Mas, considerando que o governo tem maioria folgada na Câmara, dificilmente algum dos vereadores partiria para o ataque contra o Executivo. É do jogo. Salvo as exceções de José Luiz Tancredo (MDB) e Felippe Tessmann (Podemos), que vez ou outra entram com algum questionamento sobre os contratos e prestação de serviço entre o município e o Grupo Serrana.
Processo legal
Sem cargo no Executivo ou no Legislativo, o PT fica em uma posição mais confortável para se opor ao governo de maneira incisiva, pelo menos agora com a Operação Mensageiro. Ao fim de sua nota oficial, o partido prega o respeito ao processo legal. O que faz lembrar as críticas da esquerda a uma outra operação, a Lava Jato, cujos efeitos até hoje são sentidos pelo próprio PT. É um recado coerente para quem sempre acusou a Lava Jato de abuso de poder. Não por acaso, quando Caio Tokarski entrou com recurso no STJ, um de seus advogados era Roberto Podval - membro do Prerrogativas, um grupo de advogados que questiona os métodos da Lava Jato e seus desdobramentos. O paralelo entre ambas as operações, aliás, foi um dos argumentos da defesa de Caio. Prontamente refutado pelo STJ.
Além do lixo
Ainda em fevereiro o Sindicato do/as Trabalhadores/as em Água, Esgoto e Meio Ambiente de SC (Sintaema) e o conselheiro da Casan Haneron Victor Marcos encaminharam ofício ao Ministério Público solicitando que as investigações da Operação Mensageiro não se restringissem aos contratos de resíduos sólidos do Grupo Serrana com os municípios. Eles pediam então que a apuração se estendesse também aos contratos de água e esgoto, outro braço da empresa.
Alvarás
A 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Jaguaruna instaurou procedimento administrativo para apurar a regularidade dos alvarás de funcionamento (sanitários e bombeiro militar) das unidades de ensino de Jaguaruna, Treze de Maio e Sangão.
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