Ivete da Silveira (MDB) compartilhou um vídeo comunicando a decisão e comentou sobre os ataques que sofreu nos últimos dias para assinar o pedido de impeachment
Em decisão divulgada nesta quarta-feira, dia 6, a senadora por Santa Catarina Ivete da Silveira (MDB) anunciou que assinou o pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Ela era a única dos três senadores catarinenses que ainda não havia anunciado apoio ao pedido que vem sendo defendido por parlamentares bolsonaristas.
Em suas redes sociais, Ivete compartilhou um vídeo comunicando a decisão, e comentou sobre os ataques que sofreu nos últimos dias para assinar o pedido de impeachment. Ela afirmou que não aceita insultas e que não foi eleita para abaixar a cabeça. "Não fui eleita para abaixar a cabeça bem para ser intimidada. Fui eleita para defender a verdade".
Ivete é a primeira suplente da vaga deixada por Jorginho Mello (PL) após ele ter sido eleito governador de SC.
A oposição a Moraes cresceu nas últimas semanas, impulsionada principalmente por membros da direita e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ).
O senador Romário (PL-RJ) e a senadora Eudócia Caldas (PL-AL) são os únicos parlamentares do Partido Liberal que não assinaram o pedido de impeachment e ainda permanecem listados como 'indecisos' no site votossenadores.com.br, plataforma que monitora as posições dos senadores sobre o processo.
Romário tem sofrido forte pressão em suas redes sociais para que manifeste apoio ao impeachment. No Instagram, seus últimos posts apresentaram um expressivo aumento no volume de comentários, com cobranças para adesão ao impeachment. No X, também há manifestações cobrando o parlamentar.
Até a manhã do dia 6 de agosto de 2025, 38 dos 81 senadores haviam declarado publicamente apoio ao impeachment de Moraes, enquanto 19 se posicionaram contra. Outros 24 senadores ainda não definiram seus votos, grupo que inclui Romário, Eudócia Caldas e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
O que falta para o impeachment avançar
Apesar do número de senadores favoráveis, o pedido ainda não atingiu o mínimo necessário para ser apreciado pelo plenário. Além disso, a abertura do processo depende de decisão do presidente da Casa, Davi Alcolumbre, que até o momento não sinalizou apoio à tramitação.
Segundo a Constituição, a abertura de impeachment de ministros do STF deve seguir o mesmo rito previsto para o julgamento de presidentes da República, com aceitação pela Mesa Diretora, formação de comissão especial e votação em plenário.
Quem pode apresentar um pedido de impeachment contra um ministro do STF?
Segundo a lei, qualquer cidadão — seja parlamentar ou não — pode apresentar uma denúncia contra um ministro do STF.
O pedido deve ser protocolado no Senado e, depois de registrado como Petição (PET), passa por uma análise da Advocacia do Senado.
Se considerado juridicamente admissível, o processo segue para a Comissão Diretora e, só então, pode ser levado à deliberação dos senadores. A partir daí, pode seguir o mesmo rito do impeachment presidencial.
De acordo com a assessoria de imprensa do Senado, não há previsão constitucional específica para o impeachment de um ministro do STF. Apesar disso, o inciso II do artigo 52º da Constituição Federal diz que compete ao Senado processar e julgar ministros do STF quanto a crimes de responsabilidade.
A definição sobre quais são os crimes de responsabilidade para ministros do STF está prevista na lei 1.079, de 1950, a mesma que trata do impeachment de presidentes da República.
A lista de condutas que podem motivar esse tipo de processo inclui: alterar decisão judicial fora dos meios legais; julgar causas nas quais é suspeito e exercer atividade político-partidária (veja a lista completa na próxima resposta).