O vereador dr. Jean Abreu Machado, do Progressistas de Tubarão, é o entrevistado da semana na série que a Folha Regional está apresentando com os pré-candidatos a prefeito na região. 

Formado em medicina, dr. Jean é natural do Rio Grande do Sul e atua como médico anestesiologista há 20 anos em Tubarão. É professor de medicina na Unisul, presidente do Comitê de Hipertermia Maligna SBA e, pela primeira vez, foi eleito vereador no município pelo PSD em 2020. Dr. Jean é também líder de governo na Câmara de Vereadores.

Nesta entrevista, detalha seus projetos para a cidade e o andamento das articulações para as eleições, entre outros temas. 

Folha Regional: O que o motivou a colocar seu nome à disposição como pré-candidato a prefeito?

Jean Abreu Machado: Eu já tinha vontade de ingressar na política e na última eleição ingressei no Legislativo como candidato a vereador pelo PSD na época. Como líder de governo na Câmara tive muito contato com o Executivo e, após os últimos acontecimentos, vi a oportunidade de poder não só cumprir com esse desejo meu, mas de ajudar a cidade. Tenho muita vontade de devolver para Tubarão aquilo que me deu desde que escolhi viver aqui há 20 anos. 

Folha Regional: Como estão as articulações com os outros partidos? Há possibilidade de coligação com quais? O PP poderia abrir mão de uma cabeça de chapa para formar coligação?

Jean Abreu Machado: A gente está conversando com todos os partidos. Estamos conversando bastante com o PSDB para uma composição com Carlos Stüpp, e naturalmente, por estar líder de governo, também conversamos com o PSD e com outros partidos, como o PRTB e Solidariedade. Também tenho uma conversa com Deka May, do União Brasil. É claro que existe já uma afinidade, por exemplo, entre Progressistas, PSD e PSDB de estarem conversando. Seria uma possibilidade. Estamos analisando as pesquisas. Às vezes nem sempre o que a gente quer é o que vai acontecer. Mas não entrei como pré-candidato a vice. Entrei como pré-candidato a prefeito. É para isso que estou trabalhando. Não temos nada definido ainda.

Folha Regional: Como vereador o senhor era o líder do governo anterior, que renunciou devido à Operação Mensageiro. O senhor acha que essa relação pode afetar os seus planos nas eleições? E acha que faltou fiscalização por parte da Câmara?

Jean Abreu Machado: Me orgulho de ter sido líder de governo de uma gestão que fez bastante coisa pela cidade e percebo que as pessoas estão com saudade disso. Naquela época as pessoas tinham autoestima em Tubarão. Acredito que houve várias vítimas em tudo o que aconteceu na Operação Mensageiro, mas acho que a principal foi a própria cidade. Mas isso não me abalou, porque eu não tenho medo desse tipo de coisa. 
Em relação à fiscalização, eu me fiz essa mesma pergunta quando aconteceu. E por isso que não me furtei de participar da CEI (Comissão Especial de Inquérito), e fizemos todos os levantamentos, inclusive de gestões passadas, mas não encontramos nenhuma irregularidade. Lembrando que naquela época o próprio deputado estadual Estêner Soratto (PL) era vice-líder do governo Joares Ponticelli na Câmara junto comigo. Naquele período, a Operação Mensageiro estava investigando o processo de fraude em licitação. E a própria Operação Mensageiro mudou esse nome, porque já não se conseguia comprovar fraude em licitação.

Folha Regional: Um eventual governo do PP seria uma continuidade da gestão de Joares Ponticelli? Quais ações seriam prioritárias?

Jean Abreu Machado: Não é porque você está num partido que você vai se equiparar à outra pessoa. Até porque é uma missão bem difícil fazer tudo o que o Joares fez pela cidade. Me coloquei à disposição, mas volto a lembrar, que não sou igual a ninguém.
A prioridade em um eventual governo meu seria a saúde e a educação. As pessoas andam bastante assustadas com a situação do hospital. Já passamos do tempo de ter uma UPA com atendimento 24 horas de média e baixa complexidade. O hospital sofre muito com isso porque tem vocação para procedimentos mais complexos. Outra coisa que é muito importante é manter o nível da educação municipal excelente como já é. Cada dia tem novas famílias chegando em Tubarão e pedindo vaga para os seus filhos na creche e precisamos manter as filas zeradas, além de priorizar a infraestrutura para atrair indústrias e novas empresas para desenvolver o município.

Folha Regional: Caso eleito, qual alternativa para minimizar o problema de superlotação do HNSC e a possível suspensão dos atendimentos SUS?

Jean Abreu Machado: Lembro que quando cheguei em Tubarão há 20 anos a emergência era totalmente diferente. A demanda era menor. Só que a população cresceu e o hospital atende pessoas de várias cidades, não só de Tubarão, inclusive de fora do Estado. Com toda essa demanda, o funcionamento da UPA é fundamental. O município também poderia aumentar a contribuição para o HNSC para esse atendimento da emergência, que não vai deixar de existir se tiver uma UPA. O que vai acontecer é que talvez vire um atendimento de porta fechada, que a gente chama referenciado. Hoje a superlotação da emergência traz um déficit de cerca de R$ 6 milhões por mês ao hospital. A prioridade do próximo governo seria o funcionamento da UPA e melhorias nas unidades de atenção básica de saúde.

Folha Regional: A gestão anterior contraiu dois financiamentos do Finisa que devem levar cerca de 10 anos para quitação. Como vê essa questão? Ajuda na execução das obras ou pode comprometer o caixa do município e as ações do próximo governante?

Jean Abreu Machado: Foram recursos transformados em obras para o município. Se esperar para fazer algo só com o valor da arrecadação, ficaríamos estagnados, como já ocorreu no passado. Além de buscar recursos, o prefeito tem que ser um excelente administrador. Uma das ações que auxiliariam na arrecadação é reforçar o que Tubarão tem de bom, como o comércio, sem esquecer do potencial turístico, inclusive na área da saúde. Pessoas vêm de outros países para fazer cirurgias em Tubarão, que é um polo da saúde. Temos muitas especialidades aqui que poderiam ser mais divulgadas e aproveitadas em favor da cidade. Sem falar que estamos em um local estratégico, cortados pela BR-101, ponto favorável para a instalação de grandes indústrias para geração de emprego. 

Folha Regional: Um dos temas mais debatidos em Tubarão desde 1974 é o risco de enchentes e a redragagem do Rio Tubarão. De que forma pretende atuar nessa questão?

Jean Abreu Machado: O primeiro passo é atualizar o projeto. Atualizando esse projeto, fazer acontecer, porque Tubarão já teve a oportunidade disso e foi deixado para trás. Tinha dinheiro, inclusive, para ser feita a redragagem e foi deixado para trás. Isso não pode acontecer de novo. Temos que trabalhar com o governo do Estado para que isso saia do papel. Dinheiro tem, está faltando é projeto. Em paralelo, pode-se pensar em outras alternativas, como captações de água, represas, além de se preparar para paradigmas, como aconteceu com o Rio Grande do Sul. Só não podemos é ficar esperando e não fazer nada para resolver.