Diretora e funcionários foram presos.
A cidade de Tianshui, na província chinesa de Gansu, vive um dos maiores escândalos de saúde infantil dos últimos anos. Ao menos 235 crianças de um jardim de infância foram diagnosticadas com envenenamento por chumbo, após ingerirem alimentos contaminados com tinta industrial — substância completamente inadequada para consumo humano.
A substância tóxica foi misturada intencionalmente às refeições com o objetivo de deixar os pratos mais “atraentes”. A medida, no entanto, teve consequências graves para a saúde das crianças.
As investigações apontaram que a decisão de usar pigmentos tóxicos partiu da direção da própria creche. O cozinheiro responsável pelas refeições comprou o corante pela internet, mesmo com avisos claros na embalagem indicando que o produto não era comestível. O laudo dos testes revelou níveis de chumbo até 400 mil vezes superiores ao permitido por lei.
Como consequência imediata, seis pessoas foram presas, incluindo a diretora e membros da equipe de cozinha. Outras 27 pessoas, entre funcionários públicos, autoridades de saúde e fiscais, estão sendo investigadas por possíveis tentativas de encobrimento, adulteração de exames e omissão.
Após consumirem os alimentos contaminados, os pequenos começaram a apresentar sintomas como dores abdominais, náuseas e escurecimento dos dentes. Todas as crianças foram hospitalizadas, e, até o momento, apenas uma permanece internada. Exames também mostraram que funcionários da creche apresentavam altos níveis de chumbo no sangue.
Além da negligência por parte da creche, o episódio revelou um cenário alarmante de falhas nos órgãos de fiscalização. A instituição funcionava sem licença válida e não passava por inspeções regulares. O relatório oficial, elaborado por um comitê do Partido Comunista Chinês, apontou indícios de pagamento de propina a autoridades locais para manter o funcionamento da creche fora das normas sanitárias.
A indignação tomou conta das famílias afetadas. No último domingo (21), um grupo de pais organizou um protesto em frente à creche. A manifestação terminou em confronto com a polícia local. Em resposta à comoção, o governo da província de Gansu classificou o episódio como "inaceitável" e pediu desculpas públicas às famílias.
Fonte: bossanew