Lago na capital deve atingir nesta terça maior nível já registrado
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, ultrapassou 5 metros e chega a 5,20 metros no início desta terça-feira, dia 14, e a tendência é de que continue subindo nos próximos dias, podendo superar a marca de 5,5 metros. A prefeitura estima que a área que já tinha sido afetada na semana passada será alagada novamente, com a possibilidade de um “pequeno avanço” na área atingida.
O prefeito da capital, Sebastião Melo, disse que as pessoas que tiveram as residências atingidas na semana passada não devem voltar ainda para casa. “Meu apelo é para que ninguém volte para casa. Tomara que não chegue a 5,5m, mas temos que acreditar na meteorologia”, disse em entrevista coletiva. Na última semana, o nível do lago atingiu 5,35m, deixando milhares de pessoas desabrigadas.
Especialistas apontam que as chuvas em sequência dificultam o escoamento, e que a cidade ainda pode permanecer por até um mês embaixo d’água. "O quadro de cheias ainda está em andamento e não há sinal de que será revertido nos próximos dias", diz o professor Rualdo Menegat, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A previsão é que o Guaíba chegue a 5,40 metros nesta terça, dia 14, maior nível já registrado - o recorde é de 5,33 metros, do último dia 6, segundo o O IPH (Instituto de Pesquisas Hidráulicas) da UFRGS. Na noite de sábado, o lago estava com 4,56 metros, mas desde então tem subido de maneira constante devido à chuva em todo o Estado.
O nível de alerta do lago é 2,5 metros. A inundação ocorre quando o nível chega a 3 metros. Os dados são do Sistema Hidro, da ANA (Agência Nacional de Águas), que pertence ao governo federal.
Atualmente, oito estações de bombeamento de águas pluviais estão em operação na cidade e nesta terça devem voltar a funcionar mais duas. Os equipamentos servem para permitir a drenagem das águas pluviais. A capital tem 23 estações de bombeamento, mas parte delas ficou danificada pelas inundações.
Segundo o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Mauricio Loss, foi feita uma contenção reforçada para conter as águas do Guaíba, além de diversos diques de contenção pela cidade. Ele não quis estimar quanto tempo será necessário para que as águas baixem totalmente na capital. “Diversos fatores influenciam no tempo de escoamento da água, estamos sujeitos a diversas intempéries, não tem como prever”, disse.
Estragos
O prefeito estima que a limpeza da cidade após a inundação vai custar mais de R$ 100 milhões. “Você vai ter que raspar o lodo, desentupir esses canos entupidos. O estrago da cidade é monstruoso", disse.
Um levantamento da prefeitura mostra que mais de 157,7 mil pessoas foram afetadas pelas cheias na capital gaúcha. Um total de 39,4 mil edificações foram atingidas e 1.081 quilômetros de vias públicas ficaram danificadas.