Funcionários da Serede cruzam os braços após falência da Oi agravar atrasos salariais e repasses essenciais em SC
A falência da Oi continua gerando consequências em cadeia, e uma das primeiras empresas a sentir o impacto foi a Serede, responsável por serviços de rede e manutenção. Em Santa Catarina, cerca de 800 trabalhadores paralisaram as atividades após atrasos no pagamento de salários e outros repasses essenciais para o trabalho diário.
Segundo relatos de funcionários, o problema não surgiu agora — mas ganhou força depois que a Oi entrou oficialmente em falência. A tensão entre quem depende da empresa aumentou, e muitos trabalhadores afirmam que já não conseguem respostas claras sobre quando a situação será normalizada.
Além dos vencimentos atrasados, os trabalhadores denunciam também a falta de pagamento pela locação dos veículos utilizados nas operações, além do não fornecimento de combustível. Para quem atua diariamente na rua, esses repasses são fundamentais.
Fábio de Souza Justino, diretor do Sinttel-SC e funcionário da Serede, afirma que o cenário é de incerteza total:
“Estamos vivendo o caos. Os trabalhadores querem ser desligados porque não acreditam mais na empresa. A locação dos veículos deveria ter sido paga no dia 10 e nada aconteceu. Tem gente preocupada com o 13º e até com férias não pagas”, relatou.
Apesar do serviço da Serede não estar diretamente ligado ao fornecimento de internet ao consumidor final, a paralisação evidencia uma crise estrutural dentro da empresa. Em SC, a Serede atua principalmente na remoção e organização de cabos.
Um vídeo gravado na sede da empresa em Tubarão mostra uma grande quantidade de material acumulado no pátio, reforçando a falta de estrutura e planejamento para escoar os equipamentos.
O sindicato afirma que está cobrando respostas diretamente da empresa — mas até agora nada foi esclarecido.
A decisão da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, que decretou a falência da Oi no dia 10, alcança também outras empresas do grupo, como a PTIF e a Oi Brasil Holdings. A operadora, que já havia passado por um processo de recuperação judicial em 2016, acumulava dívidas bilionárias.
Mesmo após a conclusão da primeira recuperação judicial em 2022, a Oi ainda carregava R$ 44,3 bilhões em dívidas, o que levou a mais um pedido de proteção judicial em 2023. Agora, com a falência decretada, o futuro da empresa — e das subsidiárias como a Serede — permanece indefinido.
Enquanto aguardam uma saída, os funcionários seguem parados e pressionando interventores e juízes por uma solução. A Serede não respondeu aos contatos da reportagem até a publicação do texto.
A crise da Oi, antes vista como um problema corporativo, agora atinge diretamente milhares de trabalhadores em todo o país — e Santa Catarina se tornou um dos retratos mais claros desse impacto.
Fonte: ND MAIS