Deputados e lideranças locais buscam soluções para ações judiciais que afetam comunidade instalada em Área de Preservação Permanente em balneários
Moradores de balneários de Jaguaruna localizados em Área de Preservação Permanente (APP) continuam mobilizados em busca de alternativas após terem a energia elétrica cortada por ordem judicial nos últimos meses.
O assunto tem sido debatido entre lideranças da região, que estudam soluções. A deputada federal Geovania de Sá discutiu o assunto na última semana em Brasília, com a procuradora-chefe da Procuradoria Nacional da Defesa do Clima e Meio Ambiente, Mariana Cirne, Ricardo Cavalcante Barroso, Procurador Federal do ICMbio e a Diretora do Instituto de Regularização Fundiária de SC, Natalia Mendes Folster.
O encontro trouxe definições importantes, incluindo a busca na suspensão temporária de processos judiciais e a criação de um parecer integrativo vinculante, buscando maior segurança jurídica e resolução definitiva dos casos.
A deputada destacou a relevância da iniciativa. “É fundamental buscar soluções para uma situação que há anos afeta mais de 50 mil famílias. Estamos confiantes de que o parecer final será positivo e devolverá dignidade a essas famílias do Sul do Estado,” pontuou.
A advogada Natalia Mendes Folster explicou que a suspensão dos processos tem como objetivo evitar execuções judiciais enquanto a Advocacia-Geral da União (AGU) elabora o parecer. “Esse documento será essencial para unificar entendimentos e evitar decisões precipitadas que possam gerar questionamentos no Supremo Tribunal Federal (STF) ou em outras instâncias,” afirmou.
Levantamento judicial
Uma das estratégias definidas na reunião em Brasília foi a utilização de um núcleo específico de processos como modelo para embasar o parecer jurídico. Ainda no encontro encaminharam que, a coordenação das ações envolverá diversas frentes, incluindo: identificação dos processos em tramitação; contato com as instâncias judiciais e administrativas envolvidas e desenvolvimento de um parecer técnico robusto e alinhado com as demandas do Ministério Público Federal e da AGU. A medida busca criar um ambiente de segurança jurídica e garantir que as soluções propostas sejam amplamente aceitas pelas partes envolvidas.
Energia poderá ser religada
Os cortes de energia elétrica iniciaram em maio deste ano desde que o Ministério Público de santa Catarina (MPSC) recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e conseguiu reverter decisões da Justiça catarinense e do próprio STJ que obrigavam a Celesc a fazer a ligação de energia em imóvel construído irregularmente em Área de Preservação Permanente (APP) em Jaguaruna. Alguns moradores tiveram que abandonar suas residências por causa da ação.
A advogada Natalia Mendes Folster conta que para que a energia seja religada ou ligada, os moradores precisam regularizar sua situação atual. O caminho mais eficaz, segundo ela, é por meio da Regularização Fundiária Urbana (Reurb), um processo que regulariza núcleos ou loteamentos de forma abrangente, solucionando questões urbanísticas, ambientais, sociais e registrais existentes.
“Os moradores precisam buscar a regularização, que com a ajuda do parecer da AGU, irá destravar os processos de Reurb que precisam da anuência do órgão gestor, nesse caso, o ICMbio. Os processos são protocolados na prefeitura, que tem a responsabilidade de instaurar e conduzir até sua aprovação. Além disso, cabe à prefeitura comunicar à Celesc de que o núcleo está em processo de regularização, permitindo o restabelecimento de serviços essenciais, como o fornecimento de energia elétrica”, reforça a advogada.
Reunião orienta moradores
Uma reunião foi realizada na última sexta-feira, dia 13, no Balneário Campo Bom, para apresentar aos moradores os avanços e decisões tomadas com a AGU em Brasília.
A advogada Natalia Mendes Folster participou e detalhou todos os avanços. “Detalhamos aos moradores que após as tratativas junto a AGU, o ICMbio já está estudando em conjunto os núcleos consolidados, estando todos os entes envolvidos trabalhando em sintonia para resolver a questão da melhor forma possível e de forma abreviada.”
“Nós como representantes dos Campos Verdes e Campo Bom, depositamos nossa esperança nos trabalhos de deputados federais e estaduais que estão empenhados para que junto com os prefeitos, consigam solucionar nossos problemas. Sabemos que é uma luta árdua, mas estamos esperançosos de final feliz o quanto antes”, afirma o presidente da Associação de Moradores de Campo Bom, Lauro Vilela. Ele acompanha a situação dos moradores e mobiliza os interessados para discutir o assunto para soluções concretas.