Governo confirma aumento de 6,79% a partir de janeiro, impulsionado pela inflação e pelo PIB de 2024
O Salário mínimo 2026 será de R$ 1.621, confirmou nesta quarta-feira (10) o Ministério do Planejamento e Orçamento. O valor representa um aumento de R$ 103 em relação aos atuais R$ 1.518 e passa a valer a partir de janeiro, refletindo no pagamento recebido pelos trabalhadores em fevereiro.
O reajuste total será de 6,79%, percentual que resulta da soma de dois índices previstos na política de valorização do salário mínimo:
Inflação medida pelo INPC (4,4% entre dezembro de 2023 e novembro de 2024);
Crescimento real do PIB, limitado a 2,5%, conforme regra aprovada no novo arcabouço fiscal.
A estimativa já havia sido antecipada em reportagem do g1 e agora é oficialmente confirmada pelo governo.
De acordo com nota técnica do Dieese, o salário mínimo serve como referência para 59,9 milhões de pessoas no Brasil, incluindo:
trabalhadores que ganham o piso nacional;
aposentados e pensionistas;
beneficiários do BPC;
pessoas que recebem seguro-desemprego e abono salarial.
Além disso, o piso influencia indiretamente toda a estrutura salarial do país, elevando o poder de compra de boa parte da população.
Impacto fiscal: R$ 43,2 bilhões a mais em despesas
A elevação do salário mínimo provoca aumento automático nos gastos do governo, já que nenhum benefício previdenciário pode ser inferior ao piso nacional.
Segundo cálculos oficiais, cada R$ 1 de aumento gera cerca de R$ 420 milhões em despesas. Com o acréscimo de R$ 103 previsto para 2026, o impacto estimado é de R$ 43,2 bilhões nas contas públicas.
Esse aumento pressiona o orçamento federal e reduz a margem para gastos discricionários — recursos usados em políticas públicas, investimentos e custeio da máquina. Há economistas que defendem que benefícios previdenciários deveriam deixar de ser vinculados ao salário mínimo, voltando a ser corrigidos apenas pela inflação.
Os dados também refletem transformações sociais importantes. O IBGE aponta que as mulheres brasileiras têm filhos cada vez mais tarde, o que impacta o mercado de trabalho, a estrutura familiar e projeções demográficas. Essa tendência reforça debates sobre políticas públicas voltadas à primeira infância, creches e inclusão produtiva feminina.
Apesar do aumento, o Dieese calcula que, para garantir condições dignas de vida para uma família de quatro pessoas, o salário mínimo necessário em novembro deveria ter sido de R$ 7.067,18 — 4,66 vezes o valor atual.
Esse cálculo segue o que a Constituição determina: o salário mínimo deve ser suficiente para cobrir despesas com alimentação, habitação, vestuário, saúde, educação, transporte e lazer.