Moradores de cidades do oeste catarinense registraram imagens da chuva preta nesta quinta-feira
A chuva associada à fuligem da fumaça das queimadas gerou uma tonalidade escura causando a temida ‘chuva preta’. O fenômeno foi registrado no Uruguai e Rio Grande do Sul nos últimos dias e nesta quinta-feira, dia 12, atingiu cidades do oeste de Santa Catarina.
O engenheiro agrônomo Alex Junior Lorenzet registrou a chuva preta em Iporã do Oeste. Ele explica que nunca tinha visto algo parecido. Ao longo da semana, Alex acompanhou os registros de outras localidades do Sul e nesta quinta-feira registrou a chuva preta na propriedade.
Lorenzet pontua que os moradores locais estão comentando sobre o assunto e compartilhando os registros de outras localidades da comunidade de São Vendelino. “Temos bastante produtores de aves, suínos e leite que realizam a captação da água”, explica.
O produtor conta em reportagem do portal ND Mais, que desconectou o cano da cisterna dos dois aviários para que essa água não entre no reservatório, mesmo tendo a estação de tratamento. “É muita água e seria de extrema importância, mas desse jeito é complicado”.
O meteorologista Piter Scheuer explica que a chuva preta é proveniente das fumaças que possuem partículas de carbono que são vistas na chuva, ou seja, é a fuligem acumulada.
SC emite alerta para baixa qualidade do ar
Defesa Civil de Santa Catarina alertou a baixa qualidade do ar nos últimos dias, pois o Estado Catarinense está sentindo os impactos das queimadas que ocorrem na região Centro-Norte do Brasil, Bolívia e Paraguai.
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Estações de monitoramento de Tubarão registram piora da qualidade do ar e Estado emite alerta
A combinação entre uma intensa massa de ar seco e quente e a fumaça das queimadas tem causado uma piora significativa na qualidade do ar, principalmente nas regiões Oeste e Extremo Oeste catarinense.
Segundo o Instituto do Meio Ambiente (IMA), a fumaça trazida pelas queimadas intensificou a poluição atmosférica. Estações de monitoramento do ar, localizadas nos municípios de Tubarão e Capivari de Baixo, registraram concentrações de partículas inaláveis (MP10) entre 80 e 130 μg/m³, valores que configuram um Índice de Qualidade do Ar entre moderado e ruim.
A Secretaria de Estado da Saúde alerta para que a população fique atenta para os sintomas que a baixa qualidade do ar podem causar: irritação nos olhos, nariz e garganta, além de cansaço e tosse seca. Grupos vulneráveis estão mais suscetíveis a problemas mais graves.
Fenômeno deve atingir outras regiões de SC
A Central de Monitoramento da Defesa Civil de Santa Catarina já havia previsto o fenômeno, alertando sobre a possibilidade de chuva preta devido à alta concentração de fumaça e fuligem vinda da Amazônia. Esse aviso reforçou o monitoramento contínuo das condições atmosféricas, especialmente após a fumaça se deslocar para o sul do país.
O fenômeno pode se repetir em outras cidades catarinenses entre hoje, 12, e amanhã,13.De acordo com o meteorologista chefe da Defesa Civil, Felipe Theodorovitz, a precipitação se deve em decorrência de uma frente fria que passa pelo estado.A chuva iniciou pelas áreas de divisa com o Rio Grande do Sul e a partir desta quinta-feira 12 , avança em direção às demais regiões do estado nesta sexta, 13, e ao longo do final de semana.
Os meteorologistas ainda destacam que a chuva preta não é visível em coloração escura caindo da atmosfera , o fenômeno será mais facilmente detectado ao tocar o solo.
Impactos e cuidados
A Defesa Civil orienta a população a tomar cuidados especiais diante dessa situação. “A chuva preta pode conter substâncias tóxicas e perigosas para a saúde, principalmente a respiratória. Recomendamos que as pessoas evitem o contato direto com a água da chuva, e que essa água não seja consumida”, destacou Felipe Theodorovitz.
Entre as principais recomendações estão:
– Evitar exposição à chuva: Permaneça em locais fechados sempre que possível.
– Não utilizar a água da chuva para consumo, higiene pessoal ou atividades domésticas.
– Fechar portas e janelas para minimizar a entrada de fuligem nos ambientes.
– Utilizar máscaras ou lenços para proteger nariz e boca, especialmente para pessoas com problemas respiratórios.
Desde a previsão da ocorrência, a equipe de monitoramento da Secretaria da Proteção e Defesa Civil, em parceria com órgãos ambientais, tem acompanhado de perto a qualidade do ar e as condições meteorológicas em Santa Catarina.
A Defesa Civil também destaca que os catarinenses devem acompanhar as atualizações pelos canais oficiais, como o site e os aplicativos da Secretaria, que continuam emitindo alertas e orientações em tempo real. O fenômeno, apesar de atípico, reforça a importância da preparação e do monitoramento eficaz em eventos climáticos adversos.