Estêner Soratto da Silva Júnior (PL) inicia 2024 retornando para a Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) após passar um ano como secretário de Estado da Casa Civil. 

O tubaronense eleito em 2022 como deputado estadual com 25.622 votos recebeu o convite do governador Jorginho Mello para assumir a Casa Civil durante o primeiro ano do governo estadual. 

Em entrevista à Folha Regional, o deputado faz um balanço de seu trabalho no Executivo estadual e fala sobre conquistas, desafios e projetos futuros.

Como deputado, Soratto destaca bandeiras que pretende defender e adianta as articulações para o pleito municipal. À frente do PL na região, trabalha para eleger o maior número de prefeitos pelo partido na Amurel e coloca seu nome à disposição para disputar a prefeitura de Tubarão.

Leia a entrevista:

Folha Regional: Como você avalia sua passagem pela Casa Civil?

Soratto: Minha passagem como secretário de Estado da Casa Civil foi de grandes desafios e vi como uma possibilidade de crescimento profissional e político. Por isso aceitei. Estou muito satisfeito com 2023, foi um ano positivo.

Iniciamos a gestão com um plano de ajuste fiscal, que foi um verdadeiro enxugamento da máquina, após identificarmos que o governo tinha muito mais compromissos prometidos em 2022 para pagar em 2023 do que o caixa poderia suportar. Cortamos despesas importantes e mantivemos a máquina funcionando bem. Com menos conseguimos fazer mais. Foi desafiador fazer esses cortes. 

Depois veio a reforma administrativa, e foram criadas as secretarias de Turismo e a secretaria de Portos, Aeroportos e Ferrovias. E para minha felicidade, também participei da indicação de um morador da Amurel, que foi o Beto Martins, que fez um grande trabalho neste setor. 

Um episódio marcante foi a tragédia ocorrida em Blumenau, com o ataque às creches que resultou na morte de quatro crianças. Trabalhamos muito para evitar que novos ataques ocorram e criamos o programa Escola Segura. Hoje cerca de 50% das escolas já contam com policiais armados para reforçar a segurança. Nesse primeiro ano tivemos muitas conquistas para todo o Estado.

Também tivemos uma grande discussão sobre o Pix e conseguimos, junto com o Tribunal de Contas e Assembleia Legislativa, criar uma nova lei, dando transparência e controle, pois esse era o problema do Pix. Fizemos a lei da Transferência Especial Voluntária (TEV) e conseguimos regulamentar esses repasses.

Folha Regional: Quais foram seus principais desafios na função?

Soratto: Acredito que um dos maiores desafios do primeiro ano de governo foi a implantação do programa Universidade Gratuita, que era uma promessa de campanha do governador. Aprendi muito com ele e vi que, quando se tem vontade, a gente faz acontecer.

O governador quis implantar já no primeiro ano de governo e conseguimos iniciar esse que é o maior programa de educação do Brasil, não tenho dúvida. Para isso, tivemos um grande trabalho junto à Alesc. São 40 deputados. Costumo falar que são 40 Pelés. Depois de muito diálogo, conseguimos aprovar com 38 dos 40 votos, uma votação histórica.

Próximo ao encerramento do ano conseguimos também aprovar um pacote de leis que beneficiará as cooperativas de eletrificação rural com aplicação de impostos em melhorias no abastecimento de energia elétrica. Também trabalhamos a revisão da alíquota de 14% dos aposentados e pensionistas, sem falar no período de cheias, que atingiu centenas de municípios e exigiu uma força-tarefa do governo do Estado. Foi um ano de muito trabalho e de muitas conquistas. 

Folha Regional: Quais ações conseguiu realizar na região por meio do cargo no governo do Estado?

Soratto: Em Tubarão, por exemplo, conseguimos fazer com que obras que estavam paradas, como a Rua dos Ferroviários, estrada de Congonhas, Tenente João Luiz Maus, Lageado e tantas outras que estavam paradas voltassem a andar. Assim que o prefeito Jairo Cascaes foi eleito, trabalhamos para aproximá-lo já na primeira semana dele como prefeito com o governador.

Essa aproximação resultou no repasse de R$ 1,8 milhão para equipar a UPA, mais R$ 5 milhões para recuperação de estradas, entre outros recursos. Conseguimos articular com os deputados da região como Pepê Collaço, Volnei Weber e Julio Garcia para que esses recursos pudessem chegar.

Também tivemos recursos destinados para diversos municípios de toda a Amurel. Ainda fizemos um trabalho voltado ao Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC). Após conversas com a unidade, soubemos das dificuldades e o governo do Estado fez um aporte de custeio de R$ 14,7 milhões para manutenção do hospital. Mesmo no primeiro ano de governo, imprimimos um ritmo acelerado de trabalho junto com o governador.

DE VOLTA AO LEGISLATIVO

Folha Regional: Quando assumiu o cargo de secretário recebeu críticas por não ter ocupado a cadeira na Alesc e, um ano depois, retorna para o Legislativo. Como lida com essas críticas e o que os eleitores que votaram em você podem esperar neste ano?

Soratto: A partir do momento em que conseguimos explicar para o cidadão a importância que é uma secretaria de Estado da Casa Civil, de estar ao lado do governador, as pessoas entenderam que era melhor eu estar como único secretário na Casa Civil ao invés de ser um dos 40 deputados. Fiz meu trabalho na secretaria e era acertado que as lideranças de governo seriam rotativas. E ainda tem a questão de que o partido estadual deseja muito que eu seja candidato a prefeito em Tubarão e, se eu permanecesse como secretário, ficaria impedido legalmente de ser candidato. Essa foi também uma motivação para a saída da Casa Civil. Também tenho meus projetos que quero colocar em prática na Alesc e pretendo fazer isso em 2024. Acredito que as pessoas entenderam minhas decisões e sabem da importância que teve um morador do sul estar no colegiado do governo estadual.

Folha Regional: Durante sua passagem na Casa Civil, houve um desentendimento com o prefeito de Pedras Grandes, Agnaldo Filippi, que cobrava o pagamento de um convênio para a Rodovia da Imigração. Após troca de farpas em entrevistas e ação judicial, o Estado terá que fazer o pagamento. O que poderia comentar sobre essa questão? Como é sua relação com o prefeito atualmente?

Soratto: Pedras Grandes tem dois convênios com o Estado que faltam recursos a serem pagos. Na conversa que o governador fez com os prefeitos da Amurel no início do mandato, ele explicou ao prefeito de Pedras Grandes sobre as dificuldades de repasse de recursos que foram prometidos pelo governo anterior.

Ficou acordado que em 2023 seria pago o que faltava do primeiro trecho para que a obra fosse concluída, e em 2024 iniciaria o segundo. Dias depois, o prefeito ingressou com uma ação na justiça cobrando os repasses, porém, o Estado não conseguiu pagar por problemas na prestação de contas do município. Ele quis dizer que eu era mentiroso, pedi para que resolvesse com os técnicos da secretaria.

Sou do tipo da pessoa que entende - até por ser advogado - que mais vale um médio acordo do que uma boa briga, o que não foi o entendimento do prefeito. Não sou mais integrante do governo, mas, na minha visão, briga não constrói ponte, escola, hospital. Agora a justiça que vai decidir. 

Folha Regional: Agora como deputado, quais serão suas principais bandeiras?

Soratto: O foco do meu mandato é geração de renda. Tudo que puder melhorar o PIB e a renda per capita do cidadão vai contar com meu esforço. Também tenho alguns trabalhos específicos voltados para pessoa com deficiência auditiva, tenho relacionamento com pessoas desse setor e já estou preparando uma legislação para que em Santa Catarina as crianças com deficiência auditiva possam ter um ensino de qualidade, desde o ensino fundamental. Também vamos atuar para agilizar a abertura de novos loteamentos e empreendimentos. 

Quero atuar para que o empreendedor possa continuar a respeitar as leis ambientais do município, mas ter agilidade. Hoje a aprovação de um loteamento dura em média 2 anos. Santa Catarina é um Estado diferenciado, temos que acreditar mais nos nossos empreendedores e facilitar os negócios.

ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Folha Regional: Você falou recentemente em entrevista que o PL quer eleger o maior número de prefeitos na Amurel, que atualmente só conta com um prefeito do partido na região. 
Como estão as articulações para isso?

Soratto: O governador me deu essa missão de fortalecer o PL na região e nosso foco é eleger o maior número de prefeitos. Nossa meta é chegar a pelo menos 1/3 dos 18 municípios da Amurel e já estamos trabalhando para isso. 

Folha Regional: Você será o candidato do PL em Tubarão?

Soratto: Acredito muito que uma candidatura a prefeito não acontece só pela vontade do candidato e do partido, tem que ser a vontade da população também. E medimos isso por meio de pesquisa. Se meu nome estiver bem nas pesquisas, há sim uma grande possibilidade de eu ser candidato a prefeito de Tubarão. Mas isso quem vai responder será o próprio tubaronense.

Vamos iniciar as pesquisas depois que terminar a janela partidária, que vai de 6 de março a 6 de abril, e aí vamos tomar uma decisão definitiva. O que posso assegurar é que o PL de Tubarão vai ter candidato a prefeito. A gente está construindo um grande time de candidatos e candidatas ao Legislativo.

A Grazi, minha esposa, está me ajudando. Ela é presidente do PL Mulher na Amurel e já temos um bom número de candidatas em Tubarão e municípios vizinhos também.

Folha Regional: O PL de Tubarão pretende fazer coligações? Percebe-se uma aproximação com o PSD. Jairo Cascaes poderia ser um pré-candidato a vice-prefeito com seu nome a prefeito?

Soratto: Temos uma diretriz nacional de não coligação com o PT e PSOL e vamos seguir. Já com os demais partidos vamos conversar com todos, acredito que duas cabeças pensam melhor do que uma, e estamos abertos à coligação.

Sobre o Jairo (PSD), essa aproximação é natural, pois estamos trabalhando para trazer o maior número de recursos para a cidade. Assim como converso com o prefeito, também converso semanalmente com o deputado Volnei (MDB), com o Pepê (PP), estamos abertos para conversar com todos os partidos para o melhor por Tubarão.

Vou entender perfeitamente se o prefeito Jairo Cascaes for candidato, isso é um direito legítimo dele de buscar a reeleição. Tudo isso vamos definir mais para frente.

Folha Regional: Fala-se também em conversas com MDB e PSDB de Tubarão. Há possibilidade de ter algum desses partidos como vice, mais precisamente Zé Luiz Tancredo ou Denis Matiola?

Soratto: Essas conversas existem e vejo o quanto os vereadores Denis Matiola (PSDB) e José Luiz Tancredo (MDB) são pessoas competentes, preparadas para administrar Tubarão.

Por isso que a gente está conversando, mas não só sobre uma coligação ou uma candidatura. Estamos focados na cidade, em debater o que é melhor para Tubarão e o que podemos fazer para resgatar a autoestima do tubaronense, para motivar o empresário a investir e ampliar o seu negócio. É uma discussão que ultrapassa a questão política. Mas confirmo que PSD, MDB e PSDB são, sim, possíveis coligações com o PL.

Folha Regional: Na região, o prefeito de Treze de Maio afirmou ter recebido o convite para se filiar ao PL. A filiação já foi oficializada? Como está a atuação do partido nesta cidade?

Soratto: O prefeito Neném Bardini e o vice-prefeito Everaldo Silva, que eram do MDB, se filiaram ao PL na presença do governador há algumas semanas na Casa D’Agronômica. Essa aproximação se deu muito pela questão de afinidade ideológica.

O prefeito Neném e o vice Everaldo são pessoas conversadoras, de direita. Os dois são empresários, geram empregos, defendem a liberdade, a família. Houve uma grande afinidade. O prefeito informou que tinha essa vontade de estar no PL. Fiz o convite e oficializamos com o governador. Estamos trabalhando a vinda de vereadores e outros candidatos para estabelecermos o PL em Treze de Maio.

Folha Regional: Além de Treze de Maio e Tubarão, em quais cidades da Amurel há articulações para ter candidatos do PL nas eleições municipais deste ano?

Soratto: Tubarão, Treze de Maio, Rio Fortuna, São Ludgero, Capivari de Baixo, Imbituba, Pescaria Brava são algumas das cidades em que teremos candidatos do PL nas eleições municipais para Executivo e Legislativo. Armazém vai repetir a chapa, e o PL continua vice do PSD. Em Laguna estamos em conversa. A ideia é que façamos pelo menos 1/3 de prefeitos na Amurel.