O acusado foi preso em flagrante ao praticar zoofilia com um cachorro, mas foi solto pela Justiça em regime de plantão, antes mesmo da realização de audiência de custódia
Um homem foi preso em flagrante em Joinville no dia 25 de junho por maus-tratos a um cachorro em situação de abandono. Apesar do flagrante, o Juiz plantonista relaxou a prisão do acusado, colocando-o em liberdade sem a realização de audiência de custódia e manifestação do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) sobre o caso.
Nesta segunda-feira, dia 30, já em regime ordinário de trabalho, e com o acusado em liberdade, a 21ª Promotoria de Justiça de Joinville requereu, à Vara Regional de Garantias da Comarca de Joinville, a decretação da prisão preventiva do acusado. Ele é investigado por prática de zoofilia, que é o ato sexual cometido entre seres humanos e animais, contra um cachorro em situação de abandono. O crime ocorreu na noite de 25 de junho no bairro Guanabara.
A Promotora de Justiça Simone Cristina Schultz argumenta que "a prisão preventiva é necessária para garantir a ordem pública e assegurar a aplicação da lei penal, uma vez que o acusado não possui residência fixa, está em situação de rua e tem histórico criminal relevante". Ela comenta, ainda, que o suspeito tem mais de 50 registros no sistema policial e já respondeu por crimes como furto em diversas cidades catarinenses. "Em um dos processos, inclusive, a ação foi suspensa por ausência de localização", explicou.
Segundo consta no pedido de prisão preventiva do MPSC, câmeras de segurança registraram o momento em que o acusado cometeu ato de zoofilia com o animal, um cão sem raça definida e de pelagem caramelo. A conduta é tipificada como crime de maus-tratos, conforme a Lei n. 9.605/98, e é reforçada por normas do Conselho Federal de Medicina Veterinária e legislação estadual.
A Promotora de Justiça também ressaltou a comoção social causada pelo crime, amplamente divulgado nas redes sociais, especialmente por organizações de proteção animal. "A permanência em liberdade do acusado abala junto à comunidade a credibilidade da Justiça, principalmente com protetores e ativistas animais e ambientais, público tão carente de uma repressão estatal condizente com a relevância das causas que defendem", afirmou.
Simone Schultz ainda ressaltou a importância do reconhecimento da senciência dos animais e a conexão entre a crueldade contra animais e a violência contra seres humanos, conforme a Teoria do Elo. "Ao deixá-lo em liberdade, certamente continuará a viver nas ruas, o que não impede que volte a abusar sexualmente de outro animal em situação de abandono ou até mesmo de crianças e mulheres", alertou.
Cão para adoção
A cadela vítima de maus-tratos passou por tratamento e está para adoção. “Agora, a gente espera que a justiça se cumpra e que esse homem seja preso e responda por tudo o que fez. A gente não vai aceitar que crimes como esse fiquem impunes. Zoofilia é CRIME. E quem faz isso com um animal, representa perigo pra toda a sociedade. E se o Estado falha com os animais, falha com todos nós”, compartilhou a vereadora de Florianópolis Priscila Fernandes.