Enquanto o governo busca ampliar a arrecadação, investidores acompanham de perto discussões em Brasília que podem alterar a forma como produtos isentos e rendimentos de ações são tributados.
O Brasil vive um momento de reestruturação tributária. Discutir a tributação de produtos financeiros e de dividendos é legítimo, mas é preciso cuidado para não desestimular o investimento produtivo e o hábito de poupar. Mais importante do que aumentar a arrecadação é garantir previsibilidade e clareza nas regras. Mudanças frequentes ou retroativas geram insegurança e afastam capital. O investidor precisa de estabilidade e coerência para planejar.
A tributação justa deve vir acompanhada de educação financeira, simplificação e transparência — pilares fundamentais para o amadurecimento do mercado e para uma sucessão patrimonial eficiente e sustentável.
Tendo isso em mente, sabemos que o tema da tributação de investimentos voltou ao centro do debate econômico, e a ideia que está em pauta em Brasília é que se crie um imposto de 5% sobre as LCIs e LCAs a partir de 2026. No Congresso e no Ministério da Fazenda, há discussões avançadas sobre rever isenções em produtos de renda fixa isentos, como LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letras de Crédito do Agronegócio) — e também sobre voltar a tributar dividendos, um tema que divide opiniões há anos.
As LCI e LCA são títulos emitidos por bancos para financiar o setor imobiliário e o agronegócio. Hoje, seus rendimentos são isentos de Imposto de Renda para pessoas físicas, o que em muitos casos as torna muito atrativas frente a outros produtos de renda fixa.
O governo, no entanto, avalia que essa isenção gera distorções e reduz a arrecadação — especialmente em um momento de ajuste fiscal e busca por mais equilíbrio nas contas públicas. De outro lado, os bancos e parte do mercado argumentam que a isenção é essencial para manter o fluxo de crédito para setores estratégicos da economia e para garantir um instrumento de investimento acessível e seguro para o pequeno poupador.
Para o investidor, mais do que acompanhar as manchetes, é hora de entender como cada ajuste tributário pode impactar sua estratégia e planejar com antecedência.

Investimentos
Sócio da WISER Investimentos (BTG Pactual). Engenheiro e especialista em sucessão e gestão patrimonial, assessora famílias e empresas na diversificação de ativos no Brasil e nos EUA