Durante muito tempo, a poupança foi sinônimo de segurança. Muitos brasileiros ainda acreditam que é o melhor caminho para guardar dinheiro, mas a verdade é que ela deixou de fazer sentido há bastante tempo.
Quando falamos em “investir na poupança”, geralmente associamos a um investimento de baixo risco e alta liquidez (resgate rápido). No entanto, há alguns pontos de atenção importantes que muitas vezes passam despercebidos.
O rendimento da poupança é atrelado à taxa Selic, mas com regras que limitam seus ganhos. Quando a Selic está acima de 8,5%, ela remunera apenas 0,5% ao mês mais a TR (geralmente entre 0,10% e 0,16%). Com a Selic abaixo de 8,5%, a rentabilidade cai para 70% da taxa básica. Na prática, isso faz com que o retorno da poupança quase nunca acompanhe a inflação — e o investidor acabe perdendo poder de compra ao longo do tempo. Essa perda é justamente a desvalorização do dinheiro.
Outro ponto importante é o risco percebido. Muitas pessoas acreditam que a poupança é “sem risco”, mas, na prática, há alternativas ainda mais seguras e rentáveis. Títulos públicos, por exemplo, possuem risco menor que a poupança, pois são garantidos diretamente pelo governo federal e oferecem liquidez diária, ou seja, podem ser resgatados a qualquer momento. Além disso, CDBs contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e costumam oferecer retornos mais elevados. LCIs e LCAs mantêm essa mesma proteção, mas possuem prazos de carência maiores, o que reduz um pouco a liquidez.
Alternativas simples e acessíveis
O mercado financeiro hoje oferece diversas alternativas simples e acessíveis para quem quer rentabilizar melhor sua reserva sem abrir mão da segurança. Fundos de investimento de liquidez diária, por exemplo, são ótimos substitutos para a poupança: aplicam em títulos públicos e privados de baixo risco, rendem próximo à Selic e permitem resgates rápidos — muitas vezes no mesmo dia.
Investir não significa correr riscos desnecessários, e sim fazer escolhas conscientes e informadas. Com um bom planejamento e orientação adequada, é possível alcançar resultados muito superiores mantendo o mesmo nível de segurança — ou até menor exposição, dependendo do produto escolhido.
A poupança continua sendo confortável, mas, quando o assunto é patrimônio, o conforto pode sair caro. É hora de trocar o hábito pelo conhecimento e fazer o dinheiro trabalhar de forma mais inteligente.

Investimentos
Sócio da WISER Investimentos (BTG Pactual). Engenheiro e especialista em sucessão e gestão patrimonial, assessora famílias e empresas na diversificação de ativos no Brasil e nos EUA