“Situação de guerra”, descreve um morador de Capivari de Baixo que está neste momento no Rio Grande do Sul, entre Canoas e Porto Alegre, auxiliando no resgate às vítimas das enchentes. Diante das cenas e relatos de sofrimento, ele e alguns amigos organizaram-se às pressas e viajaram para o Estado vizinho.

Eles chegaram por volta das 6h da manhã deste domingo, dia 5, e imediatamente se juntaram às equipes de resgate. O grupo está com uma lancha e um motorhome que trouxeram de Capivari de Baixo, além de donativos arrecadados na cidade.

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“Os primeiros que resgatamos foi por volta das 6h15. Foi um casal de idosos. Ela em cima de uma escada de alumínio e ele em cima de um muro, passaram a noite toda assim. Ambos molhados e sem forças sequer para conseguir gritar por ajuda”, relata Adenir Rosa Filho.

“O número de desabrigados é incontável. Muitas crianças e idosos, de todas as classes sociais. Mas também recebendo muita ajuda do povo local, que está trazendo alimentos e água para todos os que estão aqui trabalhando nos resgates”, conta.

Ele afirma que o grupo não tem prazo determinado para retornar a Capivari de Baixo. “Hoje ficamos em Canoas e Porto Alegre. Amanhã onde Deus mandar, estaremos indo. Viemos sem data para voltar. Pode ser amanhã ou se prolongar por uns dias”, diz.

Dificuldades nos resgates

Além de todas as perdas, o Rio Grande do Sul também enfrenta problemas nos sinais de internet e dos celulares, o que dificulta ainda mais a comunicação entre as famílias, aumentando o desespero. 

“O nível da água não para de subir. Parou de chover, mas o volume de água não para de aumentar, porque desce das cidades do centro do Estado e acaba desembocando aqui. A cada hora aumenta 20, 30 centímetros”, comenta. 

Contra todas as dificuldades, o esforço dá resultado. Só neste domingo os voluntários já resgataram 21 pessoas, entre elas muitos idosos e crianças. No grupo estão também Fernando Tocha, Paulo Roberto, Alexandre da Silva e Josué Izidoro.

"Quando a gente resgata, é de chorar”

“Ainda que muitas pessoas passavam com lancha para ajudar, a extensão é muito grande. Pessoas em cima das casas, gritando, pedindo socorro. É dolorido. Quando a gente resgata, é de chorar”, conta Josué. “É uma dificuldade atrás da outra”, afirma.

Ele descreve também o esforço dos voluntários: “As pessoas deram as mãos. É todo mundo igual, todo mundo com a mão na massa, carregando água, alimentos, separando donativos”.

Josué conta ainda que outro grupo de voluntários está se organizando para trazer mais donativos de Capivari de Baixo a partir desta segunda-feira, dia 6.