Vítimas ficaram feridas e precisaram tomar vacina antirrábica. Prefeitura estuda medidas preventivas junto a entidades e protetores da causa animal
“Estava caminhando por volta das 7h quando quatro cachorros vieram em minha direção latindo, me cercaram e começaram a me morder. Rasgou minha calça e consegui sair de perto. Fui no posto de saúde e comecei a chorar. O sentimento era de indignação por não poder caminhar tranquilamente na praia. Me informaram que esses casos são recorrentes”, conta a psicóloga Marília Milanez.
Ela foi atacada por cães de rua há poucas semanas e sofreu ferimentos. Marília teve que tomar quatro doses de vacina antirrábica e vacina antitetânica e atualmente não consegue mais sair sozinha para fazer caminhadas. “Percebo que desenvolvi um quadro de ansiedade quando vejo cachorro de rua latindo. Fico com medo e por enquanto não consigo mais sair para caminhar na praia. Desde que isso aconteceu comigo, já soube de vários outros casos semelhantes”, comenta a psicóloga.
Marília é uma entre dezenas de outras vítimas que têm sido atacadas por cães à beira-mar, no Mar Grosso, em Laguna.
Uma policial militar também foi vítima de mordida de um grupo de cães. Ela caminhava próximo à orla, quando os animais a cercaram e começaram a morder. Levou seis mordidas que causaram ferimentos em sua perna. Foi necessário buscar atendimento médico, vacina antirrábica e uso de antibióticos. “Está muito perigoso. Tem pessoas ficando traumatizadas, com medo de andar na praia. O poder público precisa tomar providências urgentes”, diz o pai da policial, que prefere não ser identificado.
Em ambos os casos, um boletim de ocorrência foi registrado. Uma denúncia também foi feita ao Ministério Público solicitando medidas urgentes.
Uma corretora de imóveis de Tubarão também foi vítima do ataque dos cães. Ela gravava um vídeo próximo às dunas, no Mar Grosso, quando os cães apareceram e a cercaram. “É uma situação complicada, ainda mais com a aproximação da alta temporada. Soubemos que são casos recorrentes”, diz.
“Encontramos um cenário difícil”
Conforme as vítimas, os ataques de cães de rua acontecem há anos no município de Laguna, porém, nos últimos dias, estão mais frequentes. A situação preocupa moradores da cidade e da região, principalmente com a aproximação da alta temporada de verão.
Os cães já são conhecidos pelos ataques e estão sendo alimentados por pessoas que costumam deixar água e ração em pontos estratégicos na orla.
De acordo com o prefeito de Laguna, Peterson Crippa, estão sendo feitos estudos para a execução de medidas eficazes. Conforme o prefeito, será destinado cerca de R$ 1 milhão para esse trabalho em parceria com entidades, protetores independentes e pessoas engajadas na causa animal.
“Encontramos um cenário difícil, sem política pública prévia e sem orçamento destinado ao setor, mas estamos organizando e atuando para mudar essa realidade. Nosso compromisso é construir, de forma responsável e participativa, políticas públicas eficazes para proteger e cuidar dos animais”, explica.