Apesar da rigidez da proposta, há negociações para flexibilizações, principalmente com países aliados.
Um projeto de lei que tramita no Congresso dos Estados Unidos tem gerado preocupação no governo brasileiro e no setor privado. A proposta bipartidária prevê sanções econômicas a países que continuarem comprando derivados de petróleo da Rússia, o que inclui uma taxação de pelo menos 500% sobre produtos exportados a partir dessas nações.
Desde o início da guerra na Ucrânia, o Brasil passou a importar diesel russo em larga escala, após a União Europeia aumentar a demanda pelos combustíveis americanos. Com isso, o diesel da Rússia se tornou mais competitivo, e o Brasil se consolidou como o segundo maior comprador do produto no mundo. Apenas em 2024, já foram importadas mais de sete milhões de toneladas, movimentando cerca de R$ 38 bilhões, segundo dados do CREA.
O texto legislativo é de autoria do senador republicano Lindsey Graham e conta com a assinatura de cerca de 50 parlamentares de ambos os partidos. A proposta estabelece que o presidente dos Estados Unidos aumente as tarifas de importação para pelo menos 500% sobre bens e serviços vindos de países que mantêm comércio com a Rússia em setores estratégicos como urânio e derivados de petróleo.
De acordo com o senador Carlos Viana (Podemos-MG), que esteve em missão oficial nos EUA, o Brasil precisa se preparar para possíveis impactos econômicos, especialmente no agronegócio e nas exportações. “Vai gerar uma nova grande crise no agro e nas exportações”, alertou em entrevista.
Apesar da rigidez da proposta, há negociações para flexibilizações, principalmente com países aliados. A União Europeia, por exemplo, ainda depende do gás russo e está em tratativas para não ser penalizada. No caso do Brasil, a delegação brasileira tenta articular exceções semelhantes, como ocorreu em outras sanções já aplicadas pelo governo americano.
Nesta semana, o presidente Donald Trump oficializou novas tarifas sobre produtos brasileiros, elevando a carga para 50% com a inclusão de um adicional de 40% sobre os 10% já existentes. No entanto, o óleo bruto de petróleo e o carvão estão entre os produtos isentos da nova taxação — por enquanto.
Fonte: Jota.info