Clima seco e a escassez de pastagens têm prejudicado o ganho de peso dos animais, atrasando o abate e contribuindo para a elevação dos preços
A carne bovina deve pressionar a inflação nos últimos meses de 2024, com alta projetada para fechar o ano quase o dobro do IPCA previsto.
Segundo Fábio Romão, economista sênior da LCA Consultores, a inflação da carne deve atingir 7,52% este ano, enquanto o relatório Focus, aponta que o índice geral ficará em 4,39%. As informações são de O Globo.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), um dos fatores que explicam a alta nos preços da carne é o crescimento das exportações de carne bovina in natura.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, entre janeiro e setembro, o volume exportado aumentou 30% em relação ao mesmo período de 2023, mantendo a pressão sobre os preços no mercado interno. Além disso, o clima seco e a escassez de pastagens têm prejudicado o ganho de peso dos animais, atrasando o abate e contribuindo para a elevação dos preços.
Os preços da arroba do boi gordo teve alta de 3,39% em relação a semana passada: R$ 305 contra R$ 295. Romão destaca que os preços no atacado costumam antecipar, em um a dois meses, os repasses ao varejo, o que já se refletiu em setembro. Em setembro de 2024, o IPCA-Carnes registrou alta de 2,97%, enquanto, no mesmo mês de 2023, houve uma queda de -2,10%.
Segundo especialistas, no atacado, os preços já estão pesando no bolso do consumidor, e essa pressão deverá alcançar em breve o varejo, alterando inevitavelmente os padrões de consumo da população brasileira. O contra-filé foi o corte com maior elevação no mês passado, subindo 3,79%, seguido por carne de porco, patinho e costela, que tiveram aumentos de cerca de 3%.
A arroba do boi gordo, que estava em R$ 249,65 no início do ano, fechou setembro em R$ 255,45, um aumento de 2,32%, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A tendência de alta, observada com mais intensidade em outubro, afeta diferentes regiões do Brasil e deve continuar pressionando o mercado.
As projeções para os últimos meses deste ano são:
Outubro: +3,27%
Novembro: +2,29%
Dezembro: +1,79%
Para comparação, no último trimestre de 2023, as variações mensais foram bem mais moderadas:
Outubro: +0,53%
Novembro: +1,37%
Dezembro: +0,55%
Romão aponta que as carnes serão o principal item de pressão no subgrupo Alimentação no domicílio nos próximos meses, superando a inflação de outros alimentos. As projeções de inflação para alimentos são:
Outubro: +0,74%
Novembro: +0,88%
Dezembro: +1,23%
Segundo ele, o IPCA-Carnes deve ter o maior acumulado trimestral desde 2020, quando o setor ainda sofria os impactos da pandemia. Os resultados acumulados dos últimos trimestres foram:
2020: +15,04%
2021: -0,06%
2022: +0,56%
2023: +2,46%
Para 2024, a projeção é 7,52%, enquanto a inflação geral, segundo o relatório Focus, deve fechar o ano em 4,39%.
Com informações de O Globo