Inadimplência do brasileiro inspira nome de lanches que chamam a atenção dos consumidores e viraram fonte de renda de família
Desesperado com as dívidas de quase R$ 200 mil herdadas da revenda de automóveis que falira, o catarinense Marcos Santos começou a preparar em meados do ano passado sua viagem para os Estados Unidos, onde pretendia entrar via México, se entregar à polícia de fronteira e, na sequência, tentar trabalhar.
Iria deixar a mulher e os dois filhos de 2 e 7 anos em Criciúma até se estabelecer. Foi quando a esposa, Gislaine, propôs: “E quem sabe criamos um delivery ou algo do gênero, tua mãe tem uma cozinha industrial que nem está usando... Uma última tentativa, Marcos. Afinal, nós já estamos com os nomes na Serasa, não temos mais nada a perder.”
Nascia ali o Serasaa Dog, com dois “as”, com nomes de lanches que têm chamado a atenção nas redes sociais e atraído uma clientela cada vez maior e fiel. Com apenas quatro meses de atividades das 19h às 23h30, o Serasaa Dog já entrega mais de 100 unidades por noite e o faturamento começa a reduzir o endividamento da família. Hoje, Marcos e Gislaine já pagam em dia uma assistente de cozinha e o entregador de moto que, aliás, não dá mais conta sozinho de tanta viagem.
Serasa Nome Limpo é o completo
Os produtos de Marcos e Gislaine acabam sendo, também, um termômetro da economia local. Entre os dias 5 e 15 do mês, o cachorro-quente Serasa Nome Limpo (completo e com purê de batata) de R$ 27 e o Agiota (vinagrete e picanha) de R$ 40 têm excelente procura “porque as pessoas ainda estão com dinheiro”, percebe Marcos. “Mais perto do final do mês cresce o interesse pelo basiquinho SPC, de R$ 18”, conta.
Apesar da marca inusitada e a empatia com os nomes do cardápio, é possível dizer que o esmero da família na elaboração dos dogs tem feito a diferença. O molho é do tipo caseiro, a maionese é artesanal e sem lactose, a salsicha e a calabresa são da marca mais nobre e reconhecida de Santa Catarina e o pão é o maior da região no segmento cachorro-quente, com 21 cm.
Cheque sem Fundo e Procon Prensado
O empreendedor acredita que a junção de qualidade e criatividade é que estão permitindo que a família, enfim, saia do sufoco financeiro. “Noto que os clientes se divertem só em fazer o pedido: “manda aí um Cheque Sem Fundo!”, “a minha realidade de hoje me aconselha a apelar ao Procon”. O vídeo do Procon Prensado já virou um xodozinho da casa, com 700 mil visualizações. Surpreendente, porém, é a quantidade de pedidos do Score, chocolate preto e branco acompanhado de morangos para adocicar a vida dos mais endividados.
Marcos e Gislaine ainda estão com nome na Serasa birô de crédito, ainda lamentam a baixa pontuação de crédito (Serasa Score ao redor de 400), mas já sonham em criar um ponto de atendimento presencial para atender a um pedido recorrente dos clientes. “Vamos indo devagarinho, pois não quero dar o passo maior do que a perna, causa principal da nossa falência financeira”, ensina.