Em seu terceiro mandato como vereador, Mauro Ferreira (MDB) surpreendeu ao conquistar a presidência do Legislativo de Jaguaruna, quando todas as previsões davam como certo outro resultado.

Nesta entrevista, avalia a relação da Câmara com o Executivo até agora, cita projetos de interesse do governo que já foram aprovados este ano e reforça a necessidade de atualização do regimento interno da casa.

Na política, Mauro chegou a secretário de Obras, até que decidiu disputar uma vaga na Câmara. Foi eleito em 2012 e depois em 2016, quando se tornou o vereador mais votado da história de Jaguaruna com 818 votos. Voltou a disputar no ano passado, como forma de ajudar na campanha ao Executivo do então candidato do MDB Agnaldo Serafim.

Divide-se entre a carreira profissional e a atuação na política e associação de moradores. “Não me arrependo de nada. Graças a Deus, tudo o que fiz foi sempre pensando no bem da população. Se errei alguma coisa, errar é humano”, avalia.

Confira as respostas do presidente à entrevista:

Eleição para presidência

Pegou de surpresa. A gente não negociou com ninguém. Só pedimos voto como um candidato pede voto. Mas eu tinha o regimento debaixo do braço também. A gente sabe que poderia haver algum erro, e o mais velho ganha a eleição. Fui candidato três vezes aqui na casa, e em todas as três vezes eu perdi. Em nenhum momento eu questionei o voto secreto. Nessa ocasião, ele blinda o vereador da influência de fora. Com o voto aberto, não tem como chegar ali e votar como você quer votar. Mas fiquei contente sim, porque não é que eu tinha sonho de ser presidente, mas tinha vontade de ver como é que funciona a casa.

Primeiros meses

Foi um presidente que não era previsto. Algumas pessoas até no momento ficaram preocupadas. Ah, e agora, como vai ser? Vão travar a adminstração, ou não vão travar? A população está vendo que não é isso. Vamos seguir o rito da Câmara, vamos ajudar o prefeito. Estamos tentando cada vez mais agilizar as coisas aqui, com muita transparência.

Presidência do Legislativo

De todos os projetos que vieram para casa, todos foram aprovados, tudo que era importante para o município, que era importante para o Executivo, inclusive projetos que estavam encalhados na casa. A Cosip, que não conseguiam criar, nós fizemos passar, a procuradoria também. Então, harmonia está existindo, entre os 11 vereadores e com o Executivo. O Executivo não tem um projeto travado aqui na Câmara. Está fluindo mais rápido do que era. Essa sim é a transparência que queremos passar.

Relação com o Executivo

Não posso reclamar de nada até agora. Sempre que eu ligo, o prefeito (Laerte Silva) me atende, assim como o vice (Henrique Fontana). Quando o Laerte foi vereador de primeiro mandato, eu estava no segundo. Ele já sabe a minha forma de trabalhar, e eu sei a forma de trabalhar dele. Então, não tenho nada a reclamar. Acho que também ele não tem nada a reclamar. Pretendemos sim levar essa parceria até o final. Não vamos travar o município em nada.

Prestação de contas

Eu vou fazer no mês que vem uma prestação de contas aqui na Câmara. Quero fazer trimestral, na verdade. Todo o dinheiro que entra, todo o dinheiro que sai e o que sobra. Nos dois últimos meses tivemos uma economia de R$ 490 mil. Ninguém está jogando dinheiro fora. Para mim, a transparência é isso. É falar o que nós estamos gastando, o que nós estamos economizando.

Regimento interno da Câmara

A partir de agora, vamos tentar formar uma comissão em março ou abril para revisar o regimento interno da Câmara. Aqui tem muitas coisas com dupla interpretação, uma coisa proíbe e outra libera. Então nós vamos mudar, fazer uma proposta para mudar a votação das contas do prefeito, que é fechada. Essa sim o povo tem que saber, porque mexe com orçamento de R$ 150 milhões.

Outra mudança é sobre o veto do prefeito. Para derrubar o veto, em vez de ser secreto, vamos fazer voto aberto. O voto secreto para a mesa diretora este ano não entra mais. Como ele foi negado, agora só ano que vem. A proposta nossa é valer só para a próxima legislatura, não valer para daqui a dois anos, mesmo sendo aprovado ano que vem. A mudança do regimento vai ser uma proposta dos 11 vereadores. Todos querem fazer a revisão do regimento.

Jaguaruna e seus desafios

Temos aqui alguns gargalos, que já vem de anos. Fui vereador há 12 anos, e estamos batendo na mesma tecla de 12 anos atrás. Temos um grande problema na orla marítima. Nosso litoral está todo travado. Vai ser uma bandeira minha, forte, a regularização da orla marítima. Eu acho que se nós chegarmos ao final dos quatro anos e isso estiver praticamente liberado já é uma vitória. Temos que urgentemente fazer o segundo acesso.

O que eu discuto em Jaguaruna é um contorno viário, na verdade. O turista que vem para as praias não é que não precisa passar na cidade, mas ele não vai trancar a cidade. Ele vai para a praia e depois volta na cidade. Ninguém vai perder nada com isso e vai desafogar todo o Centro. Não adianta fazer um segundo acesso que vai jogar o trânsito dentro da cidade de novo. Lógico, não é briga para município, né? Isso é briga federal, estadual, são valores altos. Fala-se de R$ 50 milhões para cima. Outra bandeira é a revitalização da nossa SC, que liga a BR-101 à praia do Arroio Corrente.

Projetos para o município

Em São Ludgero, há alguns anos eles colocaram alguns bebedouros em locais públicos. Se não me engano são oito bebedores no Centro da cidade, em pontos estratégicos, para a população. Vou participar de uma reunião da Câmara de Vereadores de lá e me inteirar do projeto. Algumas ruas do município sofrem há muito tempo com poeira. Então a gente está economizando para, em parceria com o prefeito, que é quem vai destinar esse valor financeiro, melhorar a situação nessas ruas. A gente tem previsão de economizar por ano uns R$ 2,5 milhões.

Parcerias com deputados

Tenho uma aproximação muito grande com o deputado estadual Volnei Weber (MDB). Além de deputado do partido, é um grande amigo meu e já trouxe muitos recursos para Jaguaruna. Carlos Chiodini, que assumiu como secretário de Agricultura, é um grande amigo meu.

Temos hoje o deputado federal, o Vampiro, que pode nos ajudar em Brasília, e outros deputados também. A gente vai atrás, não importa qual seja o deputado, o que importa é trazer recursos. Em abril a gente deve estar indo em Brasília. Vou fazer aqui a comissão de alguns vereadores. A gente tem que ir lá para pleitear recursos. Quem não pede não ganha.

Mulheres na política

A gente vai continuar o trabalho com a procuradoria. Eu vou tentar, como presidente da Câmara e integrante do MDB, trazer uma suplente para assumir a casa pelo menos dois meses. A gente vai tentar trazer algumas novidades para integrar e incentivar as mulheres a participarem da política, não só na época da eleição, mas sim durante os quatro anos. Quero que a mulher tenha voz e vez aqui dentro da Câmara.