Diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura de Tubarão fala sobre projetos para fortalecer a cultura e os desafios com a deterioração de patrimônios culturais
Quando viajamos para alguma cidade maior, facilmente identificamos a cultura gastronômica do lugar, os patrimônios históricos e culturais, suas características e expressões artísticas. Ter esses traços culturais alinhados e evidenciados para moradores e visitantes de Tubarão é um dos propósitos do atual diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Alyson Oliveira.
“Meu grande sonho é deixar um legado e deixar uma identidade cultural tubaronense pronta. Hoje o tubaronense não sabe dizer qual sua identidade cultural. Queremos que isso influencie a mentalidade das próximas gerações para que a gente volte a ter orgulho de ser tubaronense”, afirma Alyson.
Graduado em direito, o diretor-presidente da FMC também é músico profissional há quase 30 anos, conselheiro municipal de cultura e coautor do Plano Municipal de Cultura de Tubarão.
Alyson recebeu o convite do prefeito Estêner Soratto para assumir a presidência da fundação e já planeja uma série de ações para fortalecer a cultura local. Como coautor do Plano Municipal de Cultura, uma de suas prioridades é capacitar os agentes culturais.
“Precisamos mudar essa mentalidade de cultura assistencialista, de que prefeitura precisa prover, mas profissionalizar os nossos agentes para que saibam empreender e viver de forma independente. A fundação pretende valorizar os artistas locais em eventos públicos e criar mecanismos para essas capacitações”, explica.
A ideia é promover festivais, saraus e palcos para apresentações. “Também queremos descentralizar, levar as ações para os bairros, para as escolas, para que não fique só no Centro.”
A Fundação Municipal de Cultura está alinhada com as demais secretarias em prol do desenvolvimento da cidade e analisa projetos para o fomento da cultura e turismo locais. “O turista precisa de um atrativo para vir ao município. E o atrativo é gerado pela cultura. São duas vertentes que caminham juntas. A cultura gera as atrações que fortalecem o turismo, e é isso que vamos fazer”, afirma.
Patrimônios deteriorados
Nestes primeiros meses de gestão, a Fundação Municipal de Cultura passa por reestruturação. O diretor-presidente conta que enfrenta desafios ao se deparar com estruturas físicas patrimoniais deterioradas, como o Centro Municipal de Cultura, que abriga o Museu Willy Zumblick e a Biblioteca Olavo Bilac. “O museu foi deixado largado e vai ficar fechado, assim como o Arquivo Histórico, que mantém acervos de grande importância. As estruturas estão com infiltrações e correndo risco. A biblioteca municipal também está interditada.”
Alyson explica que o objetivo é solicitar a reforma das estruturas patrimoniais. O museu deve passar por revitalização. “O museu hoje não é museu, precisa ter toda uma legislação com contratação de museólogo para ser considerado. A ideia é trazer novas opções para que o prédio, com a praça, receba as famílias. Queremos trazer um protagonismo com a cultura municipal para que as pessoas conheçam os artistas locais e gerem esse sentimento de valorização e pertencimento”, planeja.
A Casa da Cidade, onde está instalada a fundação, também deve passar por mudanças. Um novo local está sendo avaliado para sediar a Fundação de Cultura. “Nós estamos com esse desafio de organizar a casa e ter aparelhos culturais para receber o fazedor de cultura e implementar e executar o Plano Municipal, porque ele envolve muita capacitação, encontros, mas hoje a estrutura física da cultura tubaronense não existe. Também estamos organizando a parte jurídica. Há muitos questionamentos do Ministério Público que estavam sem respostas e estamos colocando em dia.”
Da bateria de baldes à turnê internacional
O diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura de Tubarão conhece e vive a música e a cultura locais desde a infância.
Criado na Rua da Piedade, na localidade conhecida como Toca, Alyson pertence a uma família de músicos. Seu bisavô foi um dos fundadores do Bloco Carnavalesco Alegria da Toca e também maestro da Lira Tubaronense. Ele tocava instrumentos de sopro, como clarinete e saxofone.
Seu pai era intérprete de samba-enredo e assim cresceu ouvindo os sons dos tambores. Ainda criança se interessou pela percussão: pegava os baldes da mãe e das tias para improvisar uma bateria. “Elas reclamavam para a minha mãe que eu quebrava os baldes. Minha família se uniu e pediu para um senhor construir uma bateria de lata, e ali despertei para a parte rítmica, até iniciar minha carreira musical”, relembra.
Aos 11 anos ganhou o primeiro violão; aos 15, ingressou em sua primeira banda. Assim como o bisavô, Alyson também aprendeu a tocar saxofone e começou a se apresentar em eventos. Com dedicação e talento, chegou a fazer uma turnê na Europa, onde se apresentou na Itália, Espanha e França.
Atualmente Alyson toca seis instrumentos musicais e comemora seus quase 30 anos de carreira como músico profissional.
Defensor da independência e do profissionalismo, Alyson cursou direito e é embaixador do movimento Tributaristas do Sul, em que atua no setor tributário e administrativo.
Como artista e agente cultural, assumiu a direção da Fundação Municipal de Cultura com a missão de transformar a consciência cultural dos cidadãos. “Temos esse propósito de contribuir da melhor forma para que o cidadão volte a se orgulhar de ser tubaronense e tenha o resgate da sua identidade, da sua autoestima.”