Declarações de Israel Katz elevam crise diplomática; Itamaraty acusa Israel de genocídio em Gaza e critica rebaixamento das relações bilaterais.
O Itamaraty divulgou nota nesta terça-feira (26/8) criticando duramente as declarações do ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, que chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “antissemita apoiador do Hamas” e o associou ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.
Em publicação no X, o Ministério das Relações Exteriores classificou as falas como “ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis contra o Brasil e o presidente Lula”. A chancelaria brasileira também voltou a condenar os ataques israelenses na Faixa de Gaza e acusou o governo de Tel Aviv de cometer genocídio contra os palestinos.
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Segundo a nota, “espera-se do sr. Katz, em vez de habituais mentiras e agressões, que assuma responsabilidade e apure a verdade sobre o ataque de ontem contra o hospital Nasser, em Gaza, que provocou a morte de ao menos 20 palestinos, incluindo pacientes, jornalistas e trabalhadores humanitários”.
O documento afirma que as operações militares israelenses já resultaram na morte de 62.744 palestinos, um terço deles mulheres e crianças, além de impor uma política de fome como arma de guerra. O Brasil destacou que Israel é investigado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ) por plausível violação da Convenção sobre o Genocídio.
Mais cedo, Katz publicou mensagem em português em que acusou Lula de ser “antissemita declarado” e “apoiador do Hamas” após o Brasil deixar a IHRA (Aliança Internacional em Memória do Holocausto). O ministro ainda afirmou que Israel “saberá se defender contra o eixo do mal do islamismo radical mesmo sem a ajuda de Lula e seus aliados”.
Na segunda-feira (25/8), o governo israelense anunciou o rebaixamento das relações diplomáticas com o Brasil, após o Itamaraty não aprovar a indicação de Gali Dagan como novo embaixador em Brasília.
O assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, reagiu, afirmando que “eles humilharam nosso embaixador lá”, em referência à postura de Israel em meio ao impasse diplomático.