Artista Miguel Anselmo apresenta telas que mesclam bordado e pintura a óleo, além de fazer uma reflexão sobre a vulnerabilidade humana e a importância da preservação dos sambaquis
“O ser humano é frágil e transitório por natureza. O que podemos fazer para nos proteger é nos tornar mais fortes, abrigar-nos. Fortalecer nossa essência material.”
Este é o princípio que fundamenta as obras da série “Fósseis Contemporâneos – O povo do Sambaqui”, do artista Miguel Anselmo, e que estarão em exposição no Museu da Cidade de Jaguaruna a partir desta quinta-feira, dia 8.
Nas telas, cujo tema principal é a vulnerabilidade inata do homem – tema recorrente nas obras do artista -, suturas bordadas representam ossos, enquanto pinceladas precisas enganam os olhos e se transformam em azulejos, madeiras e papéis de parede.
“Os ossos, no meu trabalho, simbolizam a essência de vidro do ser humano, ao passo que os azulejos e demais elementos decorativos representam ambientes em que as pessoas se inserem para se proteger, nossas fortalezas exteriores, nossos abrigos”, complementa Miguel Anselmo.
Fósseis Contemporâneos – O povo do Sambaqui apresenta 20 telas e uma instalação. As telas mesclam bordado e pintura a óleo. A instalação é uma coluna vertebral de resina plástica e PVC sobre um amontoado de cal e conchas vindos dos sambaquis da cidade de Jaguaruna, devidamente liberados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ficando esta instalação também como um alerta para a preservação dos sambaquis. As obras foram produzidas entre 2014 e 2024.
Exposição e educação
Com a exposição das obras e um programa educativo paralelo, que apresentará duas oficinas semanais no pátio do Museu da Cidade de Jaguaruna, contemplando diversas faixas etárias, o foco do artista é trazer para a comunidade, além da arte, reflexões e aprendizados. As oficinas contarão com a colaboração do artesão Davi Leite e da professora de História Rosilda Padilha.
O programa educativo também será apresentado em escolas e entidades mais distantes, com oficinas pedagógicas e interações lúdicas, fomentando a cultura e dando a oportunidade àqueles que têm mais dificuldade de acesso ao Museu da Cidade. As obras permanecerão em exposição até 1º de novembro.
O artista
Miguel Anselmo é artista visual e restaurador. Natural de Porto Alegre, reside desde 2021 em Jaguaruna, terra natal de sua mãe e onde ele passou parte de sua infância. O artista é especializado nas técnicas de trompe l’oeil e ilusionismo. Em 1999, foi o único representante brasileiro no Festival de Trompe L’Oeil da cidade de Lodi, na Itália. Também dedica-se à restauração de obras de arte e da parte pictórica de prédios históricos.