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COTIDIANO

Situação de rua: “Nosso foco é resgatar a dignidade dessas pessoas”, diz secretária de Assistência Social de Tubarão

Heloísa Cabral fala sobre as abordagens e o perfil das pessoas em situação de rua que estão em Tubarão. Secretaria oferece assistência e acolhimento e incentiva a não dar esmolas

Tubarão , 30/04/2025 08h13 | Atualizada em 30/04/2025 21h43 | Por: Redação Folha Regional
Kelen Bardini/PMT/Divulgação/Folha Regional

“Com um potinho de paçoca faço até R$ 150 por dia.” “Consigo tirar até R$ 350 por dia com gorjetas.” “Sou aposentado e venho para cá para complementar minha renda.” “O povo de Tubarão é muito acolhedor.”

Esses são alguns relatos que a equipe do setor de Atendimento à População em Situação de Rua (Setor POP), da Secretaria de Assistência Social, Mulher e Família, tem ouvido de pessoas em situação de rua em Tubarão.

Desde o início do ano, a secretaria iniciou força-tarefa de resgate semanal com abordagens, com o objetivo de garantir acolhimento e suporte às pessoas em situação de vulnerabilidade social.

A secretária Heloísa Cabral está à frente dessa mobilização junto com a coordenadora do Setor POP, Daiane Barbosa. Diariamente elas acompanham cada caso e estão fazendo o recadastramento dessas pessoas para os devidos encaminhamentos aos serviços de acolhimento e auxílio.

De acordo com a secretária, as forças-tarefas também iniciaram para atender um apelo da própria comunidade. “É importante destacar que o direito individual desses cidadãos não pode ser maior do que o direito coletivo da população. Por exemplo, uma mãe não pode deixar de levar a filha no parquinho por se sentir vulnerável ou a população não pode deixar de caminhar na beira-rio com medo de que uma pessoa em situação de rua faça alguma coisa”, comenta a secretária.

Diante dessas situações, a secretaria iniciou um levantamento para saber quem realmente é de Tubarão e os que só estão de passagem e do que precisam para sair das ruas.

A atualização de dados é importante para verificar a situação dessas pessoas. “Hoje temos acompanhado cerca de 200 pessoas em situação de rua, o que consideramos um número alto. Aqui na cidade nosso foco é resgatar a dignidade dessas pessoas, resgatar o contato familiar, a saúde, para que ela volte a ser inserida na sociedade”, diz Heloísa.

Pessoas em situação de rua em Tubarão

- Cerca de 60 pessoas recadastradas

- Mais de 120 pessoas estão de passagem pela cidade

- Total: + de 200 pessoas em situação de rua espalhadas por Tubarão

-  Mais de 90% são usuários de drogas

- A maioria possui passagem policial por tráfico, roubo e outros crimes

Força-tarefa com abordagem e acolhimento

As forças-tarefas são integradas por equipes das secretarias de Assistência Social, Mulher e Família, de Saúde e de Serviços Públicos e forças de segurança como Polícia Militar, Polícia Municipal, Polícia Civil e, quando ocorrem às margens da BR-101, a Polícia Rodoviária Federal.

O grupo passa por pontos estratégicos para conversar com as pessoas em situação de rua e orientá-las a saírem do local ofertando os serviços de acolhimento.

A prefeitura conta com 80 vagas para pernoite em duas instituições conveniadas: o Albergue da Paz e a casa de apoio João 3:16. No local a pessoa pode dormir e receber alimentação e acolhimento.

Também são ofertados os serviços de saúde e atendimento com médicos especialistas e internação em casas de recuperação para os casos de dependentes químicos.

Conforme a secretária Heloísa Cabral, o foco é tirar essas pessoas das situações insalubres nas ruas de Tubarão. Ela comenta que já é notório o resultado das ações, que estão provocando certo “incômodo” entre o público-alvo. “Nós, como município, colocamos à disposição dessas pessoas as casas de passagem, de recuperação, e todo o suporte. Porém, essas ações estão provocando uma ‘incomodação’ aos que já foram abordados por mais de uma vez. Estão percebendo que a cidade está reagindo e que terão que procurar outro lugar se quiserem permanecer nas ruas”, analisa a secretária.

O perfil de quem está nas ruas de Tubarão

De acordo com a coordenadora do Setor POP, Daiane Barbosa, a maioria das pessoas em situação de rua que estão em Tubarão são de municípios vizinhos e de outros Estados, como Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e região Nordeste.

Mais de 90% dos casos são pessoas envolvidas com drogas e autores de diversos delitos. “Acompanhamos os casos, damos o suporte, o alimento, a acolhida, mas eles não ficam porque são dependentes da droga. Alguns se desentenderam com a família e não querem voltar para as cidades de origem”, conta.

Conforme análise da coordenadora do Setor POP, a maioria tem entre 20 e 45 anos e se mantém à base de benefícios e oportunismo. “Percebemos que o perfil das pessoas em situação de rua está mudando. Antigamente as pessoas em situação de rua eram andarilhos, em más condições. Hoje elas andam com tênis de marca, bicicleta boa, e são oportunistas. Não estão dispostas a sair dessa situação, pois fica cômodo”, diz.

Esmola que financia a criminalidade e o tráfico

Ao abordar essas pessoas, a equipe se depara com relatos de que em Tubarão a população é solidária, o que para a maioria acaba sendo um local propício para ficar. “Alguns são aposentados, recebem benefícios do governo, mas praticam a mendicância para complementar a renda. Já ouvimos relatos de que ganham mais de R$ 350 por dia pedindo dinheiro na frente de clínicas, mercados e nos semáforos”, conta Daiane.

A secretária Heloísa Cabral alerta a população a refletir antes de fazer doação em dinheiro ou distribuir marmitas às pessoas em situação de rua.

“Geralmente o cartão do Bolsa Família já fica com o traficante ou com o dono do bar. Alguns estabelecimentos aceitam marmitas como pagamento da cachaça. Eles acabam sendo mantidos pela população que doa esmola e comida. Temos muitos casos de pessoas que pegam as marmitas ou lanches, escondem para receber mais e depois trocam tudo por droga e álcool. Nosso apelo é que a população não dê esmola”, diz.

Mas há um outro lado: muitos casos em que as pessoas aceitaram o acolhimento e estão em tratamento. Algumas também aceitaram treinamento e voltaram para o mercado de trabalho. “Vários estão trabalhando em empresas da cidade e região. Iniciamos treinamento sobre como fazer currículo, como se portar em  entrevista. É uma forma de devolver a dignidade e o protagonismo de suas próprias histórias”, destaca Heloísa.

Folha Regional

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