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COTIDIANO

STF forma maioria para garantir que pessoa trans deve ser atendida no SUS conforme ela se identifica

Ação movida pelo PT em 2021 exigia que procedimentos de saúde primária respeitassem identidade de gênero do paciente; plenário virtual formou maioria de 6 a 0 e deferiu o pedido

28/06/2024 09h08 | Atualizada em 28/06/2024 09h11 | Por: Redação Folha Regional

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta quinta-feira, dia 27, para garantir o acesso de pessoas transgênero ao Sistema Único de Saúde (SUS). Movida pelo PT, a ação argumenta que há entraves no acesso da população trans a procedimentos de saúde primária relativos ao sexo biológico.

O relator, Gilmar Mendes, votou para que o poder público assegure a assistência médica respeitando o gênero com o qual o paciente se identifica. “É necessário garantir aos homens e mulheres trans acesso igualitário a todas as ações e programas de saúde do SUS”, diz no voto o ministro do STF, observando que é “fundamental eliminar obstáculos burocráticos que possam causar constrangimento à pessoa”.

O magistrado foi acompanhado por Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, além dos votos dos ministros Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, que se posicionaram na ação antes de se aposentarem. Edson Fachin votou com o relator, mas com posicionamento em separado. Com isso, o placar foi a 6 votos a 0, formando a maioria.

Divergência na DNV

A ação também pedia para que a Declaração de Nascido Vivo (DNV), documento emitido por autoridades de saúde com a filiação do nascido, tivesse o layout reformulado, extinguindo as categorias “pai” e “mãe”. Segundo os autores, para além da filiação pode ter outras configurações, os termos são limitantes, pois se referem ao sexo atribuído no nascimento.

Gilmar Mendes indeferiu este pedido, afirmando que o governo federal já havia feito as adaptações necessárias para a garantia dos direitos. Fachin se opôs, entendendo que a filiação deve se ater à identidade de gênero dos genitores, mas, ainda assim, acompanhou o relator nos outros tópicos do julgamento.

A decisão gira em torno de dois pontos principais. O primeiro é que a identidade de gênero deve ser respeitada nos atendimentos. O segundo é que as necessidades biológicas e fisiológicas precisam ser atendidas, sobretudo em relação aos direitos sexuais e reprodutivos.

Consultas nas especialidades de ginecologia, obstetrícia e urologia, por exemplo, devem ser marcadas sem obstáculos burocráticos que possam causar constrangimento ou até atrasos nos atendimentos.

O STF também determinou que todos os sistemas de agendamento de consultas e exames do SUS sejam atualizados e adaptados para contemplar pacientes transgênero. Não foi definido prazo para o Ministério da Saúde cumprir a ordem.

“Trata-se de questão de saúde pública que não comporta tergiversações: deve ser garantida à população LGBTQIA+ o pleno e irrestrito acesso às políticas públicas de saúde ofertadas pelo Estado em condições de igualdade com todo e qualquer cidadão brasileiro”, defendeu Gilmar Mendes, relator do processo.

O Ministério da Saúde no governo Lula realizou a alteração na classificação de gênero para mais de 200 procedimentos SUS. A proposta com a mudança é ampliar o acesso aos tratamentos da rede pública para pessoas transexuais.

Ainda no mesmo ano, o plenário virtual passou a julgar o caso. Em seu voto, Gilmar Mendes defendia o mesmo posicionamento da sua decisão individual.

Julgamento retomado

Com a retomada do julgamento, nesta terça-feira, dia 27, o ministro Edson Fachin acompanhou o voto do relator e acrescentou que é preciso que a Declaração de Nascido Vivo deve ser preenchida com os nomes dos genitores de acordo com a sua identidade de gênero.

O julgamento deve ser concluído nesta sexta-feira, dia 28, caso ninguém peça vista ou de destaque (levar ao plenário presencial).

As informações são do portal CNN

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