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ESPORTE

Conheça a história de Atílio Calegario, maratonista aos 81 anos

Quando todos pensaram que sua carreira havia acabado após grave acidente, ele encarou uma São Silvestre; no domingo, surpreendeu de novo ao completar mais uma maratona. Inspire-se com a incrível história de Atílio Vieira Calegario

Treze de Maio, 01/06/2022 09h53 | Atualizada em 18/08/2023 23h32 | Por: Willian Reis/Folha Regional
Willian Reis/Folha Regional

Era às vésperas da meia-maratona de São Silvestre. Atílio Vieira Calegario pegou a moto e saiu de Treze de Maio com destino a Tubarão, onde compraria o uniforme com que correria em São Paulo.

Porém, no meio do caminho, próximo à Estrada do Lageado, uma fatalidade o obrigaria a mudar de planos. Atílio foi atingido por um carro em um choque tão violento que o obrigou a três cirurgias em menos de um mês. Ficou quase um trimestre internado no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão.

Sua bacia e a perna esquerda tiveram de ser reconstituídas com implantes de metal, cujos exames de raios-x até hoje revelam hastes e parafusos por entre o corpo de Atílio. Era o ano de 2006. Dali em diante, todos davam como certo o fim da carreira de atleta. No ano seguinte, a prefeitura de Treze de Maio e Cortuba até promoveram uma corrida e deram ao troféu o nome de Atílio. Seria um reconhecimento à sua trajetória no esporte.

Justa homenagem, mas quem disse que para Atílio estava tudo acabado? Dois anos depois do acidente quase fatal, ele estava novamente na pista, com a perna enfaixada e a disposição de sempre para encarar mais uma São Silvestre.

Seu filho Jardel Calegario, braço-direito do pai nas competições, o acompanhou em São Paulo e assistiu ao retorno entre a emoção e a apreensão.

Com quase 82 anos, a serem completados em 9 de dezembro, Atílio Calegario é um caso raro. No domingo, roubou a cena ao completar a 1ª Maratona de Tubarão, isto é, 42 quilômetros de corrida, enfrentando os rigores do frio e da chuva na madrugada com cara de inverno. Atílio completou a prova – a mais desafiadora do atletismo – em 6 horas e 29 minutos. Estamos, sim, diante de um senhor maratonista, em todos os sentidos do termo.

São 19 participações na São Silvestre, uma disputa internacional em Mar Del Plata, na Argentina, e uma estante na sala de casa ostentando 900 prêmios entre troféus e medalhas em diversas categorias, incluídas 9 maratonas. O que fazer para uma carreira tão longeva? Atílio cuida da alimentação, evita o que faz mal, como ele ensina, e treina cerca de duas vezes por semana – nas ruas do bairro ou no quintal de casa. Quando se aproxima das competições, intensifica os treinos. Diz que, com a idade, perdeu um pouco da agilidade, mas a resistência física permanece a mesma.

Atílio faz parte da equipe de corredores de Treze de Maio, o Trezerunners, é campeão do ranking Cortuba e, a despeito da idade, não pensa em pendurar o tênis, o mesmo que o acompanha há nove anos. Sua agenda tem provas até dezembro, quando vai participar de mais uma São Silvestre, em São Paulo.

“O pai nunca parou de treinar e é 99,9% força de vontade”, comenta o filho Jardel. Ele não só acompanha o pai, como se encarrega de angariar patrocínio e apoiadores. Afinal, participar de competições esportivas exige também algum investimento.

De jogador de futebol às pistas de corrida

Nascido na Várzea das Canoas, em Gravatal, Atílio, ou Tilinho, como a maioria assim lhe conhece, mudou-se para Treze de Maio ainda em criança. Ele só foi começar a correr aos 45 anos. Antes, marceneiro de profissão, gostava de jogar futebol nas horas vagas. Até que se deparou com o anúncio de uma corrida rústica do Sesi em Tubarão. Decidiu participar, ficou na primeira colocação em sua categoria e, desde então, não parou mais de praticar o esporte que se tornou sua paixão.

Diante de sua parede abarrotada de troféus e medalhas, devidamente lustrados pela esposa Noêmia Bez Fontana, o atleta revê as fotos de sua carreira. É o filme de uma longa história dedicada ao esporte. 

O segredo para se manter na ativa? “Pensar sempre positivo. Nas corridas, nos treinos, às vezes bate o cansaço, mas penso: não vou parar. Penso sempre em chegar no local certo. Se pensar negativo, já sabe como é: vai tudo pra baixo”, ensina.

 

Folha Regional

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