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Javier Milei vence peronismo e é eleito novo presidente da Argentina

Deputado teve 55% dos votos, mais de dez pontos de vantagem sobre o rival Sergio Massa, mostra apuração parcial

19/11/2023 21h23 | Atualizada em 19/11/2023 21h23 | Por: Redação Folha Regional

A Argentina elegeu neste domingo, dia 19, Javier Milei como novo presidente do país. Com 95,31% das urnas apuradas, o deputado somava 55,78% dos votos, ante 44,21% de Sergio Massa, ministro da Economia. 

Massa reconheceu a derrota em discurso por volta das 20h10. "Falei com Milei, para felicitar-lo e desejar sorte, porque é o presidente que a maioria dos argentinos elegeu para os próximos quatro anos", discursou Massa. "O mais importante é deixar aos argentinos a mensagem de convivência, o diálogo e a paz ante tanta violência, é o melhor caminho que podemos percorrer", prosseguiu.

Milei venceu na Espanha e na Itália

Segundo informações do jornal Clarín, na Espanha, o ultraliberal Javier Milei venceu por 69% do votos válidos contra 31% do atual ministro Sergio Massa. Foram 7.765 votos para o candidato do La Libertad Avanza, enquanto Massa teve 3.541 votos. Não houve brancos ou nulos no total de 11.306 eleitores no país europeu. Milei também foi o escolhido na Itália, onde  recebeu 58% dos votos, enquanto Massa teve 39%. Cerca de 542 argentinos votaram.Na França, o peronista ganhou e teve 56% contra 38,7% do votos válidos de Milei. Cerca de 4,4% votaram em branco e 1% votou nulo. Outro país com vitória de Massa foi a Suécia, com 128 votos para o candidato do governo, contra 84 votos para Milei.

Apesar do feriado na Argentina, participação foi maior que do 1º turno

Segundo dados oficiais da Câmara Nacional Eleitoral (CNE), o feriado de segunda-feira no país não atrapalhou a votação e o percentual de votantes foi semelhante ao do primeiro turno. No último balanço divulgado, 76% dos eleitores votaram para escolher o próximo presidente pelos próximos quatro anos. O número é superior aos 74% que votaram no primeiro turno.

No primeiro balanço, divulgado meio-dia, 30% dos argentinos já tinham ido às urnas. De acordo com o jornal La Nacion, pesquisadores esperavam que 75% dos eleitores votem neste domingo, 2,6% menos que no primeiro turno.

A Argentina tem 35 milhões de pessoas aptas a votar, segundo dados do Ministério do Interior. Destes, 13 milhões (37% do total) estão na província de Buenos Aires, que circunda a capital.

Trajetória

Autodenominado anarcocapitalista, Javier Gerardo Milei, fundador do La Libertad Avanza (LLA), é um defensor das forças irrestritas dos mercados e do comércio, da primazia da propriedade privada e de um Estado mínimo.

Com uma plataforma polêmica, que prevê a dolarização da economia, o fechamento do Banco Central e o expurgo “da casta política”, Milei busca colocar fim ao peronismo representado pelo ministro da Economia e candidato, Sergio Massa.

Com 53 anos, Milei tem uma trajetória política meteórica. Foi eleito a deputado por Buenos Aires em sua primeira eleição, em 2021. Seu partido, o LLA, tem apenas dois anos de existência.

Ele se tornou um fenômeno político na Argentina quando começou a participar de programas de debate na TV, nos quais as regras éticas do jornalismo costumam ser ignoradas e a incontinência verbal predomina.

“É um formato que fomenta ataques pessoais, impede o debate de ideias e elimina as barreiras da boa educação e o bom gosto, dando lugar à escatologia, ao insulto e à violência verbal”, diz o sociólogo Gabriel Puricelli, vice-presidente do Laboratório de Políticas Públicas e professor da Universidade de Buenos Aires (UBA).

Construiu um personagem combativo, verborrágico, gritão, polêmico, antifeminista e misógino. O mesmo que o catapultou ao cenário eleitoral e captou a atenção dos eleitores descontentes com a corrupção, a inflação, os salários baixos, a falta de perspectivas de melhora pessoal futura, a piora da qualidade de vida, o aumento da desigualdade, a instabilidade econômica.

No país que acalenta o sonho da estabilidade da moeda, sua principal proposta é a dolarização da economia. Também capitalizou o sentimento dos reacionários, contrários aos avanços dos direitos individuais. É contra o aborto, a educação sexual nas escolas e as políticas de direitos humanos. Porém, surpreende ao afirmar que não tem problema com as relações homossexuais, mas condena o casamento homoafetivo como instituição.

Por outro lado, desqualifica o economista John Maynard Keynes porque “era homossexual e, como tal, vivia separado do mundo das pessoas comuns com o dos agentes da economia real”.

Solteiro empedernido, Milei namora a humorista Fátima Flores, sem aparentes planos de se casar. Vive com quatro cães clonados a partir do DNA de seu cachorro de estimação Conan, um mastim inglês que morreu com 13 anos.

No discurso de vitória nas primárias de agosto, ele agradeceu aos seus “filhos de quatro patas” que levam nomes de economistas conservadores: Milton Friedman, Robert Lucas e Murray Rothbard.

Estudou em instituições privadas, da pré-escola ao ensino superior, e promete acabar com o ensino público — que atende a maioria da população. Se formou na Universidade de Belgrano, fez dois mestrados no Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social (IDES) e na Universidade Torcuato di Tella, uma das mais caras do país.

Com informações do site Exame

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