Aumento de casos entre 2023 e 2024 foi de 5.200%
A Secretaria de Estado da Saúde, por meio da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE), emitiu nesta sexta-feira, dia 25, um alerta sobre o aumento nos casos de coqueluche no estado.
Em 2024, já foram confirmados 106 casos, um crescimento expressivo em comparação aos dois registros do ano passado, quando apenas duas pessoas foram infectadas pela doença, nas regiões do Médio Vale do Itajaí e Grande Florianópolis.
Isso significa que os casos saltaram 5.200% em 2024 em relação ao ano passado. A faixa etária mais afetada é a de crianças com menos de um ano de idade, somando 38 confirmações.
Os casos confirmados se concentram nas regiões da Foz do Rio Itajaí (29), Médio Vale (20), bem como na Grande Florianópolis (21). De acordo com João Augusto Brancher Fuck, diretor da Vigilância Epidemiológica Estadual, o aumento segue uma tendência mundial e em julho deste ano a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAs) já havia emitido um alerta sobre o tema.
“A coqueluche é uma doença sazonal e que apresenta aumento cíclico de casos, sem um fator explícito conhecido, situação esta que pode estar colaborando com o identificado, juntamente com a baixa cobertura vacinal, a sensibilização da vigilância e a melhoria do diagnóstico laboratorial com a implantação do exame PCR pelo pelo Laboratório Central de Saúde Pública. Lembramos que foram vários anos com a cobertura vacinal abaixo da recomendada, e isso pode contribuir para esse cenário”, explica o diretor.
Mesmo com o resgate das coberturas vacinais do Calendário Básico de Vacinação no Estado, a vacina pentavalente, que protege contra a coqueluche, está em 88,87% de cobertura acumulada até outubro de 2024 em Santa Catarina. No ano de 2023, a cobertura vacinal chegou a 91,47%. A meta anual é de 95% de imunização.
A doença acomete principalmente crianças e lactentes até os seis meses de idade, e a vacinação é a principal forma de controle. O imunizante faz parte do Calendário Nacional de Vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS) e está disponível nos postos de saúde pelo estado. Em 2014, foi implantada a vacina dTpa para gestantes, que tem como objetivo passar anticorpos para proteger o bebê até que ele complete o esquema vacinal da pentavalente.
“Esta vacina é feita também na gestante, porque o bebê vacinado só alcança a proteção efetiva após concluir o esquema primário com a vacina pentavalente, aos 6 meses. Então, a vacinação da gestante tem o objetivo de proteger a criança até um ano. Precisamos avançar na vacinação de todas as pessoas com indicação da vacina, considerando que muitos países vêm registrando aumento de casos em 2024, e a vacinação continua sendo a melhor estratégia para combater a doença”, alerta João Augusto Brancher Fuck, diretor da DIVE.
SC registrou primeiras mortes pela doença em 10 anos
Além do aumento de casos, há outro fator que gera alerta para Santa Catarina. Em 2024, foram notificados e investigados dois casos graves para coqueluche em bebês. Eles foram confirmados e evoluíram para óbito. Os últimos registros de mortes por coqueluche no Estado haviam sido no ano de 2014, de acordo com a Dive/SC.
O primeiro caso confirmado foi o de um bebê de dois meses, no município de Itajaí. Ele morreu no dia 20 de agosto e apresentava sintomas respiratórios. Não havia registro de vacinação de DTP-A para a mãe do bebê durante a gestação.
O segundo caso confirmado foi de outro bebê, também de dois meses. Ele veio a óbito no dia 27 de agosto, no município de Joinville. Também não havia registro de vacinação de DTP-A para a mãe do bebê durante a gestação.
Os dois bebês eram prematuros e ainda não haviam recebido nenhuma dose de vacina com componente pertussis. Os dois não possuíam situações ou comorbidades relatadas.
Sinais e sintomas
A coqueluche é uma doença infecciosa, causada pela bactéria Bordetella pertussis, que afeta as vias respiratórias, causando crises de tosse seca e falta de ar. É altamente transmissível, já que o contaminado pode infectar outras pessoas através de gotículas da tosse, espirros ou mesmo ao falar.
No primeiro, o mais leve, os sintomas são parecidos com o de um resfriado:
Mal-estar geral
Corrimento nasal
Tosse seca
Febre baixa
Depois, a tosse seca piora e outros sinais podem aparecer:
Tosse passa de leve e seca para severa e descontrolada
Tosse pode ser tão intensa que pode comprometer a respiração
Crise de tosse pode provocar vômito ou cansaço extremo
Os sinais e sintomas da coqueluche duram entre seis a 10 semanas, podendo durar mais tempo, conforme o quadro clínico e a situação de cada caso. Na suspeita da doença, procure um serviço de saúde mais próximo de sua residência.