Grupo planeja criação de associação e novas reuniões com lideranças da região; empresa ainda não se manifestou
Mais de 70 moradores das comunidades de Lageado, São Luiz e Sanga do Lageado se reuniram no último sábado, dia 11, no salão comunitário da igreja local para discutir o interesse de uma empresa privada em instalar uma atividade de mineração próximo ao bairro São Cristóvão, em área que abrange os municípios de Tubarão e Treze de Maio.
Os participantes destacaram a preocupação com a preservação das nascentes que abastecem residências e pequenas empresas locais, além dos impactos potenciais sobre a flora e a fauna existentes no entorno.
Durante a reunião, foi apresentado um resumo do processo e um mapeamento das propriedades possivelmente afetadas.
A comunidade definiu os próximos passos para garantir mais transparência por parte da empresa interessada e reforçou sua posição contrária à exploração mineral na região.
Por unanimidade, foi aprovada a criação da Associação Comunitária em Defesa do Vale do Lageado (AMDEVALE). Os moradores também definiram as próximas etapas do movimento contra a mineração no entorno, entre elas uma reunião com lideranças da região, como deputados, prefeitos e empresários, elaboração de um estatuto socioambiental e envio de moção de repúdio para as Câmaras de Tubarão e Treze de Maio.
O grupo também está recolhendo assinaturas para o abaixo-assinado que será encaminhado às autoridades competentes. O encontro no sábado contou com a presença de profissionais das áreas jurídica, ambiental e agronômica, além de representantes políticos das duas cidades, como os vereadores Matheus Madeira (Tubarão) e Jairo Ghizzo Marcon, o Jacó (Treze de Maio), e o prefeito Nenem Bardini, também de Treze de Maio.
“A empresa não realizou nenhum contato dentro da formalidade que o mercado exige, não apresentou transparência em que pudessem ser identificados os responsáveis da mineradora nem houve publicidade junto aos moradores. Tudo que foi levantado em documentos foi através de pesquisa independente dos moradores”, comenta um dos membros do grupo.
Área prevista para extração inclui matas nativas e nascentes de água, alertam moradores
A informação de que a empresa estaria em processo de regularização para exploração de terrenos particulares causou indignação entre os residentes.
Conforme relatos, a área prevista para a extração de argila inclui matas nativas, nascentes que abastecem casas e pequenas empresas, além de propriedades rurais de famílias que vivem no local há gerações.
“Com mais de 100 residências, a comunidade mantém viva a tradição da agricultura familiar e preserva parte significativa da história dos descendentes de imigrantes italianos que colonizaram o sul catarinense. O território também abrange áreas pertencentes aos municípios de Tubarão e Treze de Maio, sendo reconhecido pela forte ligação entre os moradores e o meio ambiente que os cerca”, explica o comunicado divulgado pela comunidade.
A Folha Regional procurou a empresa, que tem sede em Tubarão e que estaria à frente do projeto, mas foi informada de que o responsável estava em viagem e só retorna no final do mês.