Uma estação maregráfica registrou o aumento momentâneo da maré de um metro em um curto intervalo de tempo
A Defesa Civil de Santa Catarina emitiu uma nota técnica na manhã desta segunda-feira, dia 2, confirmando a ocorrência de tsunami meteorológico no litoral sul nesta madrugada.
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“Foi assustador”, diz morador ao ver tsunami meteorológico em praia de Jaguaruna
A região costeira de Jaguaruna registrou um avanço súbito do mar em direção ao continente, por volta da 1h, percorrendo uma longa extensão de terra. Conforme a Defesa Civil, esse fenômeno, conhecido como tsunami meteorológico, é raro e difícil de prever. A estação maregráfica de Balneário Rincão, cidade vizinha, registrou um aumento momentâneo da maré de 1 metro em um curto intervalo de tempo, associado a esse evento.
Em Balneário Esplanada, uma onda gigante também se formou e chegou a arrancar muros e portões de residências à beira-mar. Em seguida, iniciou uma chuva intensa nos balneários.
“Esse fenômeno pode ser claramente diferenciado de ressacas ou agitações marítimas, pois os modelos não indicavam mar agitado nem maré alta. Além disso, no momento da ocorrência, uma intensa Linha de Instabilidade (LI) estava presente no Litoral Sul, coincidente com o avanço do mar, o que permite classificar o evento como um tsunami meteorológico”, explica a nota.
As linhas de instabilidade são formadas por aglomerados de tempestades dispostas de maneira alinhada. Quando essas linhas passam paralelamente à costa, podem provocar alterações abruptas na pressão atmosférica e rajadas de vento intensas, o que contribui para o avanço da água do mar em direção à praia.
De forma técnica, as linhas de instabilidade provocam “pulsos” de pressão atmosférica que se propagam perturbando as águas da plataforma continental, que por sua vez tem velocidade de propagação muito próxima à velocidade de avanço da linha de instabilidade, possibilitando uma ressonância quase perfeita entre a atmosfera e o oceano.
Assim, a altura da onda é amplificada e, ao se propagar em direção à costa, pode aumentar ainda mais rapidamente, atingindo vários metros em poucos minutos. Esse fenômeno provoca uma elevação súbita do nível do mar, podendo gerar ressacas e inundações costeiras. O alcance da inundação dependerá da inclinação da praia e da presença ou ausência de dunas.
A Defesa Civil ainda destaca que apesar da raridade do fenômeno, outros tsunamis meteorológicos foram observados nas últimas décadas no Litoral Sul de Santa Catarina, sempre durante o período da primavera. O último registrado ocorreu no ano passado, no dia 11 de novembro, no município de Laguna.