Medida reduz custo de importações como café, carne e frutas após pressão interna por baixa no custo de vida nos EUA
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou o fim das tarifas aplicadas sobre produtos agrícolas brasileiros, como café, carne bovina, frutas e castanhas. A decisão, anunciada na quinta-feira (20), surpreendeu diplomatas e analistas porque não foi fruto de negociação bilateral, mas uma medida unilateral do governo americano.
Segundo análise de Lourival Sant’Anna, no programa CNN Arena, a ordem executiva foi tomada após uma reunião interna, realizada cerca de dez dias antes, entre Trump, o secretário do Tesouro, Scott Bassent, e o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer.
Durante o encontro, Trump afirmou que “essas tarifas contra o Brasil são página virada”, indicando que os preços mais altos desses produtos estavam pressionando o custo de vida no país.
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Apesar de a carta oficial mencionar negociações com o governo Lula, fontes ligadas à diplomacia dos dois países afirmaram que as conversas entre o secretário de Estado americano, Marco Rubio, e o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, não tiveram avanço técnico real.
Para analistas, Trump estaria tentando evitar que a decisão parecesse um recuo estratégico de sua política comercial.
A revogação do tarifaço ocorre em um momento politicamente delicado para Trump. Os republicanos sofreram derrotas importantes para os democratas em eleições recentes em estados como Nova Jersey, Virgínia, Califórnia e Pensilvânia.
Com as eleições de meio de mandato se aproximando — quando toda a Câmara e um terço do Senado serão renovados — o governo buscava medidas rápidas para responder à insatisfação popular com o custo de vida elevado, um dos temas centrais da política americana.
Embora a mudança seja positiva para exportadores brasileiros, especialmente dos setores de carne e café, especialistas avaliam que o impacto principal da decisão está no mercado interno dos EUA.