Setores de madeira e móveis lideram as quedas, com retrações de até 22,8% em agosto; juros altos e medidas dos EUA afetam exportações catarinenses
A produção industrial de Santa Catarina sofreu nova retração em agosto de 2025, influenciada pelo tarifaço dos Estados Unidos e pela manutenção dos juros básicos em patamar elevado. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado registrou queda de 2,2% na comparação com agosto de 2024 e recuo de 1,8% frente a julho, considerando a série com ajuste sazonal.
Mesmo com o desempenho negativo, a indústria catarinense ainda acumula alta de 3,3% no ano e crescimento de 5% nos últimos 12 meses.
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Os efeitos do tarifaço norte-americano, que elevou as taxas de importação sobre produtos brasileiros, foram sentidos principalmente em setores com forte dependência do mercado externo. A indústria da madeira registrou queda de 22,8% na produção, enquanto o setor de móveis teve recuo de 13% na comparação anual.
Esses segmentos têm nos Estados Unidos seu principal destino de exportação. A elevação das tarifas reduziu a competitividade e impactou diretamente a demanda por produtos catarinenses.
Além das barreiras comerciais, os juros elevados seguem limitando o consumo interno e os investimentos produtivos. De acordo com o IBGE, setores como fabricação de veículos, reboques e carrocerias registraram queda de 16,9%. Já o grupo de confecções, vestuário e acessórios teve retração de 8,2%, e produtos químicos, de 6,3%.
O setor de minerais não metálicos, que inclui principalmente a produção de revestimentos cerâmicos, também apresentou queda de 6,8% em agosto. O segmento é duplamente afetado: pelo tarifaço nas exportações e pelo encarecimento do crédito no mercado doméstico.
Apesar do cenário desafiador, alguns segmentos da economia catarinense registraram desempenho positivo em agosto. A fabricação de metais (exceto máquinas e equipamentos) cresceu 16,8%, impulsionada pela demanda automotiva e pela construção civil.
Outros destaques foram:
Entre os 18 estados pesquisados pelo IBGE, nove apresentaram retração industrial em agosto. Santa Catarina (-2,2%) aparece ao lado de São Paulo (-2,4%), Minas Gerais (-4,8%) e Amazonas (-9,3%), entre outros.
Mesmo com o recuo, o desempenho catarinense é considerado menos severo que o de outras regiões e tende a melhorar nos próximos meses, conforme o segundo semestre costuma registrar maior ritmo de produção devido às vendas de fim de ano.