Ministra do Meio Ambiente destacou vulnerabilidade de mais de 1,9 mil municípios e reforçou expectativa para a COP30 em Belém
Dois anos após as enchentes históricas que devastaram cidades catarinenses como Rio do Sul, Blumenau e Taió — deixando 11 mortos entre outubro e novembro de 2023 —, os impactos das mudanças climáticas seguem no centro das discussões nacionais. Nesta sexta-feira (26), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, comentou os desafios enfrentados por Santa Catarina e outras regiões do país diante do avanço dos eventos climáticos extremos.
Em entrevista coletiva, Marina destacou que quase dois mil municípios brasileiros estão em situação de vulnerabilidade diante de enchentes, secas e ondas de calor.
— Esses episódios lamentáveis já estão diagnosticados pela ciência. Todo o acompanhamento feito pelos climatologistas mostra que cerca de 1.942 municípios do país são vulneráveis. Precisamos atacar as causas, como as emissões de CO₂, e, ao mesmo tempo, nos adaptar — afirmou a ministra.
O alerta reforça a importância de políticas públicas integradas entre União, estados e municípios para reduzir riscos e fortalecer a resiliência das comunidades.
Marina Silva também falou sobre a preparação do Brasil para sediar a COP30, que acontecerá entre os dias 11 e 21 de novembro de 2025, em Belém (PA). Segundo ela, esta será a COP da “implementação”, marcada pela busca de compromissos concretos entre os países.
— A maior parte das emissões é produzida por países ricos e desenvolvidos, mas, infelizmente, as consequências são sentidas em países que têm menos condições — declarou.
Na ocasião, Marina mencionou que países como Noruega, Reino Unido e Alemanha já sinalizaram contribuições ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), criado pelo governo federal para captar recursos e financiar ações de preservação ambiental.
Outro ponto levantado pela ministra foi o impacto das altas temperaturas na rede de ensino. Em parceria com os ministérios da Educação e da Saúde, Marina afirmou que pretende ampliar a climatização de salas de aula no Brasil.
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De acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025, mais de 30% das salas de escolas públicas estaduais e municipais de Santa Catarina não possuem ar-condicionado. A falta de climatização agrava os efeitos das ondas de calor sobre estudantes e professores.
Dados do Atlas de Desastres no Brasil apontam que, entre 1991 e 2024, Santa Catarina registrou 339 mortes e quase 1,3 milhão de desabrigados e desalojados em decorrência de alagamentos, enxurradas, deslizamentos e vendavais. Os números reforçam o estado como um dos mais afetados por desastres climáticos no país.