Conforme a empresa, o processo de instalação está na fase de contato com os proprietários dos imóveis abrangidos
Nas últimas semanas, moradores das comunidades de Lageado, São Luiz e Sanga do Lageado estão mobilizados para discutir o interesse de uma empresa privada em instalar uma atividade de mineração próximo ao bairro São Cristóvão, em área que abrange os municípios de Tubarão e Treze de Maio.
Os participantes destacam a preocupação com a preservação das nascentes que abastecem residências e pequenas empresas locais, além dos impactos potenciais sobre a flora e a fauna existentes no entorno.
Diante dos questionamentos, a empresa Verona Mineradora Ltda emitiu uma nota oficial afirmando que é detentora dos direitos minerários outorgados pela União, por meio da Agência Nacional de Mineração (ANM), sendo concedida a autorização para realizar a pesquisa de minério de argila na área que abrange a localidade de Sanga do Lageado, no município de Tubarão.
Conforme a empresa, o processo de instalação está na fase de contato com os proprietários dos imóveis abrangidos com a intenção de se apresentar e buscar a anuência para ingressar nos respectivos imóveis para sondagens, coletas de amostras do subsolo, bem como permitir o acesso dos servidores públicos integrantes do órgão competente para realizar o estudo de viabilidade ambiental na área.
“A empresa afirma o seu compromisso com o fiel cumprimento da legislação minerária e ambiental vigente, bem como no diálogo com os proprietários das áreas abrangidas pelo título minerário em busca de uma composição que melhor atenda os interesses de todos, respeitados os limites da lei”, diz trecho da nota oficial da empresa encaminhada ao Folha Regional.
Moradores se mobilizam contra instalação de mineradora na área
Segundo os moradores, as áreas referidas para mineração envolvem mata nativa, reduto de espécies de animais silvestres, plantas das mais diversas da mata atlântica e nascentes que servem de captação de água para os moradores, visto que boa parte dessas localidades não possuem água encanada para seus abastecimentos.
“As nascentes dessa região, denominada Vale do Lageado, alimentam córregos e cursos d'água, que por sua vez chegam ao Rio Lageado, que serve de fonte vital para peixes e para produção de arroz e também para manutenção dos equipamentos que envolve a produção da empresa Baly Bebidas do Brasil. Logo, qualquer interferência nas nascentes inevitavelmente afetará o fluxo e o fornecimento de água do rio, que devido às alterações climáticas já promovidas pelo homem, vem mostrando sofrimento para manter sua vitalidade, correndo o risco de colapsar”, alertam os moradores.
Diante dos possíveis impactos, a comunidade continua mobilizada contra a instalação da mineradora na área conhecida como Vale do Lageado. “Entendemos que o ecossistema preservado é o valor inegociável para as futuras gerações. Não podem ser "sequestrados" por grupos privados. Defender a região do Vale do Lageado contra mineração é garantir vida para gerações futuras. Assim lutaremos, em favor do coletivo, contra a opressão do capital minerário”, afirmam os moradores das comunidades do Lageado, Sanga do Lageado e São Luiz em nota oficial.O grupo também
está recolhendo assinaturas para o abaixo-assinado que será encaminhado às autoridades competentes. Por unanimidade, foi aprovada a criação da Associação Comunitária em Defesa do Vale do Lageado (AMDEVALE), para tratar do tema.