Comentários ofensivos circularam em um grupo de WhatsApp criado na terça-feira da semana passada
“Estamos com o coração na mão”, diz o pai de uma estudante de 9 anos de Capivari de Baixo. Ele relatou à Folha Regional que sua filha está sendo alvo de ameaças de violência e comentários racistas em um grupo de WhatsApp criado na terça-feira da semana passada, dia 3. Segundo a família, esses ataques partem dos próprios colegas de sala da criança, que estuda no quarto ano da Escola Municipal de Educação Básica Stanislau Gaidzinski Filho.
A menina estudava no período da manhã e foi transferida para o vespertino para acompanhar o irmão caçula, de 4 anos. O pai conta que os ataques tiveram início depois que a professora mudou a criança de lugar na sala, trazendo-a mais para perto do quadro.
Daí então ela começou a fazer amizade com o colega vizinho de carteira. “Os dois conversavam como amigos. Uma outra menina se dizia namorada desse menino – crianças de 9 anos. Essa menina criou o grupo, e então começaram os xingamentos e ameaças”, relata o pai.
O grupo foi criado às 18h do dia 3. Para piorar, a própria criança – vítima dos ataques – foi adicionada ao grupo de WhatsApp. “Minha filha se arrumou para ir para a escola, pegou o celular, começou a ver as mensagens e entrou em desespero”, conta ele. No dia seguinte, uma quarta-feira, a criança acabou sendo removida do grupo, mas foi o suficiente para a família ter acesso às mensagens contra ela.
Ameaças e ofenças no WhatsApp
“Vou rachar tua cabeça com machado!” “Filha da p...!” “Essa menina vai se ver comigo!” “Vou fazer de tudo pra eles não ficarem perto!” Essas eram algumas das mensagens que circularam pelo grupo, as quais, se não bastasse, ainda eram acompanhadas por figurinhas de WhatsApp de cunho racista.
A família conta que, desde então, acionou diversos órgãos, como Conselho Tutelar, Delegacia de Polícia e a própria instituição onde a criança estuda. “A escola só fez reunião e não se manifestou mais. Até agora não tivemos atendimento nenhum”, reclama o pai.
Com medo, a criança deixou de ir à escola. No entanto, os pais foram advertidos de que, se as faltas continuassem por mais de cinco dias, a estudante seria encaminhada ao Sistema APOIA – programa de combate à evasão escolar, criado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Ele visa garantir que crianças e adolescentes permaneçam na escola, concluindo todas as etapas da educação básica.
“Minha filha sofreu tudo isso e queriam exigir que ela fosse pra escola depois de toda essa ameaça, de tudo o que ela está sofrendo. Mas não tomaram nenhuma atitude”, comenta o pai.
Nesta quarta-feira, dia 11, a criança voltou a frequentar as aulas para não perder os conteúdos. “Estamos de mão atadas”, lamenta ele.