O novo single traz uma reflexão sobre as questões sociais e o Brasil que está fora dos condomínios
Intensa, crua e direta. "Ninguém Morreu" é a nova música do lagunense Raul Silter. Músico, compositor, cantor e poeta, o artista traz um single com uma mensagem visceral, com versos cantados de forma ritmada, sem abrir mão da profundidade e da reflexão. "Ela é pesada. É sensível. Tem ritmo, swing e poesia. É eu em cada vírgula. Uma tradução de quem eu sou, de fato, que aponta para onde vou musicalmente", revela. O som foi lançado junto com um videoclipe e está disponível em todas as plataformas digitais.
A ideia inicial da música nasce como uma resposta à canção "Abundamente Morte" do músico Luis Melodia, uma das referências de Raul. Mas foi com o improviso que o processo criativo ganhou corpo e identidade. A maior parte da composição surgiu de um freestyle na primeira reunião com o produtor Paulo Pfuzen. "Apresentei a música para ele no violão. Então começamos a fazer uma jam gravada, eu na voz e ele na guitarra. Fui cantando e comecei a improvisar. Gravamos por 30 minutos ininterruptos. Quando ouvi em casa vi que tínhamos o som", conta o compositor, que tem o movimento hip hop como inspiração desde a infância, quando já versava pelas calçadas de Laguna.
A letra e a produção
"Ninguém Morreu" denuncia o cotidiano de quem se sente invisível, onde a luta e a sobrevivência são o foco no dia a dia. Raul traz uma reflexão sobre as questões sociais e o Brasil que está fora dos condomínios. "Na letra falo do “compadecimento de internet”. Das frases de efeito que se repetem Instagram adentro, muitas vezes utilizadas por figuras importantes, até governantes para demonstrar um certo tipo de virtude na tela. É muito fácil fazer parte de uma hashtag do próprio iphone, mas e a vida? E o que está acontecendo com as pessoas que estão no nosso lado? E na nossa rua?", critica o artista. Questionamentos e contradições que estão nas entrelinhas da música, quando traz à tona realidades marginalizadas de forma poética.
E esse desejo de traduzir o que sente e o que vê de forma viva também está presente na produção. "A bateria foi gravada no feeling do Paulo, em um take só, a guitarra e o baixo também. Para ter essa vibe e nuances do ao vivo e do improviso, que é algo que está acontecendo e não se sabe o que pode vir", explica o músico, que preferiu não se prender ao previsível. A produção musical e os arranjos de “Ninguém Morreu” são do produtor Paulo Pfuzen, do Outro Selo, selo musical de grande expressão em Laguna e região. A música foi captada entre o estúdio André Bresiani (Tubarão) e o Outro Selo, já a voz foi gravada no Bárbaro Estúdio (Florianópolis), com a direção vocal de Leonardo Vieira, vocalista da Banda Marelua. No instrumental, o baixo é do lagunense Kilha e o sopro do trompetista Luiz Alves, lagunense que toca em grandes palcos, atualmente na banda do rapper Filipe Ret, e que gravou o álbum “QVVJFA?”, de Baco Exu do Blues.
Nos palcos
A Poesia Popular Maloqueira já levou Raul longe. Em 2023, quando morou em Portugal, participou do movimento Slam do país e contribuiu no movimento Cidadania da Língua, idealizado pelo jornalista José Manuel Diogo, por meio da Associação Portugal-Brasil 200 anos, que visa, através da língua portuguesa, unir e aproximar os países colonizados por Portugal. O artista teve ainda o prazer de se apresentar em um show com composições e poemas, na Casa da Cidadania da Língua, em Coimbra, ao lado de Estrela Leminski e o duo Lívia e Fred. Em 2024, Raul foi convidado para escrever um poema e declamar para o "Crie o Impossível", movimento voltado para alunos de escola pública de todo país, que impactou mais de 200 mil jovens.
Prazer, Raul
Músico, compositor, cantor e poeta, Raul Silter nasceu e se criou no bairro Cabeçuda, em Laguna. O primeiro EP de Raul Silter foi "Sal" lançado em 2020, considerado um dos melhores trabalhos do ano em Santa Catarina. O músico já havia lançado outros singles, como “Eu sabia que você existia", com mais de 108 mil views no Spotify. Em 2022, lançou "Antes do Fim", em um movimento de "sair de dentro pra fora". A partir de 2023, começa a se dedicar mais à poesia. Depois de um hiato de três anos na música, volta em uma nova fase artística com o lançamento de "Ninguém Morreu" e do livro “Passagem”.