Simulado de inundação trouxe à tona mais uma vez a situação de famílias que perderam suas residências após a enchente de maio de 2022. Segundo a prefeitura, prioridade agora é a aquisição de terrenos com recursos de financiamento
O mês de maio traz tristes lembranças para moradores do bairro Km 60 e de outras localidades de Tubarão. Foi nesta data, em 2022, que fortes chuvas provocaram inundações, deixando dezenas de famílias desalojadas e um cenário de destruição em toda a cidade.
Agora, três anos depois, a prefeitura de Tubarão, por meio da Secretaria de Proteção e Defesa Civil, escolheu o Km 60, um dos bairros mais afetados em 2022, para ser o primeiro a passar por um simulado de inundação. A operação realizada em Tubarão e municípios da Amurel fez parte da maior simulação de resposta a desastres já realizada no Brasil. Mais de 240 municípios de Santa Catarina participaram do treinamento no último domingo, dia 18.
A atividade seguiu o roteiro de uma situação real de risco, começando com o estado de atenção, passando pela elevação do nível do Rio Tubarão e chegando à condição de emergência, com evacuação de área e mobilização de atendimentos. Veículos de resgate, viaturas, ambulâncias, embarcações e maquinário da prefeitura foram utilizados durante toda a operação.
De acordo com o secretário de Proteção e Defesa Civil de Tubarão, Rafael Marques, o foco era treinar as equipes envolvidas nas ações de emergência e orientar a população local sobre os procedimentos em caso de enchente. A secretaria segue o plano de contingência em vigor no município e busca ações referências em outras cidades do Estado, como Blumenau.
“O simulado atendeu nossa expectativa. Escolhemos o Km 60, que já foi atingido por inundações, para avaliarmos nossas potencialidades e deficiências. Fomos bem acolhidos pela comunidade e só temos a agradecer. Percebemos que, em uma situação real, o apoio da comunidade é fundamental, e nosso propósito é começar a trabalhar ações para preparar voluntários para situações de risco”, comenta o secretário.
“A nossa Secretaria de Proteção e Defesa Civil tem atuado com planejamento e profissionalismo. Esse simulado nos permitiu testar toda a estrutura e integrar diferentes forças, garantindo que estejamos prontos para proteger vidas caso um evento real aconteça”, afirmou o prefeito Estêner Soratto.
Estações hidrológicas auxiliam na previsão de enchentes
O secretário de Defesa Civil de Tubarão explica que, além do treinamento durante o simulado, hoje o município conta com dados de quatro estações hidrológicas e uma meteorológica que ajudam a monitorar os níveis dos rios da bacia hidrográfica, a quantidade de chuvas e as condições meteorológicas para oferecer maior segurança à população e agilidade na comunicação sobre os níveis do rio.
As estações hidrológicas foram instaladas nos formadores do Rio Tubarão (Orleans/Lauro Muller); no Rio Braço do Norte (Rio Fortuna/Braço do Norte/São Ludgero); no Rio Capivari (São Martinho/Armazém); e o trecho entre a Ponte Paulinho May, em Tubarão, e Capivari de Baixo.
Uma nova estação hidrológica também será instalada na nova ponte que interliga as duas Guardas, em Tubarão. “Com essas estações, conseguimos monitorar e ter o maior número possível de dados que permitam avisar com certa antecedência a população e assim mitigar os efeitos das inundações”, diz Marques.
Prefeitura investirá R$ 2 milhões para construção de casas aos atingidos pela enchente
O simulado também trouxe à tona a situação de quase 50 famílias que ainda sofrem com as consequências da enchente que assolou Tubarão em maio de 2022.
Na época, foram 56 imóveis interditados em toda a cidade, cerca de 15 deles só na beira-rio do Km 60, que tiveram de ser postos abaixo por segurança. Ao todo 47 famílias tiveram que se deslocar para imóveis alugados por meio do programa Aluguel Social, da Fundação Municipal de Desenvolvimento Social. São 16 famílias do Km 60 e uma da Guarda que perderam suas residências após enchente. “Parece um pesadelo reviver tudo isso.
Há três anos, quando nossas casas foram demolidas, a prefeitura fez a promessa de realocar os moradores doando outras casas. Três anos se passaram e nada das nossas casas”, relatou a moradora Luciana Demétrio da Silva Maurício em suas redes sociais. Ela perdeu sua residência no bairro Km 60 e desde então está à frente do grupo que se mobiliza na busca de apoio dos governos estadual e municipal para soluções.
O prefeito Estêner Soratto se dedica à demanda e garantiu o montante de R$ 2 milhões com o governo do Estado para construção de novas casas para pessoas que têm esse direito reconhecido.
Conforme a prefeitura, a prioridade neste momento é a aquisição de terrenos em locais seguros e estratégicos da cidade, com recursos de financiamento, etapa essencial para o início das obras. “Todo o processo está sendo conduzido com responsabilidade, transparência e total respeito à legislação, com acompanhamento de diversos órgãos de controle. O prefeito entende profundamente a angústia de quem espera por uma solução e reforça seu compromisso com cada família. A reconstrução vai acontecer — com justiça, segurança e respeito a todos os envolvidos”, diz a prefeitura em nota.
Curiosidades históricas
Meses que mais chove em Tubarão
Janeiro cerca de 145 mm
Fevereiro cerca de 180 mm
Enchente de 1974
Mês: Março (efeito La Niña)
Choveu:
593 mm (Anitápolis)
708 mm (Orleans)
508 mm (Armazém)
666 mm (Rio do Pouso)
Nível do Rio do Pouso: 12,6 m
O fenômeno causou a morte de quase 200 pessoas e desabrigou 85% da população.
Outras inundações
Tubarão já registrou enchentes parecidas com a de 1974 em:
1887 (força da água derrubou a ponte férrea recém-inaugurada entre Tubarão e Capivari)
1928