Decisão restringe importação da substância ativa à Novo Nordisk e afeta farmácias de manipulação
Nesta segunda-feira (25), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma decisão no Diário Oficial da União que proíbe a manipulação no Brasil dos medicamentos Ozempic e Wegovy, usados para o tratamento de diabetes tipo 2 e também no combate à obesidade.
A medida restringe a importação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) de análogos de GLP-1 apenas à Novo Nordisk, laboratório dinamarquês responsável pelo desenvolvimento dos produtos.
De acordo com a Anvisa, somente o fabricante que possui registro junto ao órgão poderá importar IFAs obtidos por biotecnologia. Na prática, isso significa que toda manipulação da semaglutida fica vetada no país, já que não existe no Brasil nenhuma versão sintética registrada da substância.
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Segundo a agência, a manipulação de análogos de GLP-1 envolve alta complexidade farmacotécnica e riscos elevados, principalmente por se tratar de medicamentos injetáveis. O processo exige rigorosos controles analíticos para assegurar identidade, pureza e estabilidade da substância.
Entidades médicas como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) já haviam solicitado restrições. Em nota publicada em fevereiro, as instituições alertaram que versões manipuladas não passam pelos mesmos controles de qualidade dos medicamentos industrializados.
Nos Estados Unidos, a FDA — agência regulatória local — também registrou problemas relacionados a produtos manipulados, incluindo efeitos adversos graves.
No Brasil, medicamentos registrados pela Anvisa só podem ser manipulados em situações específicas, como ajustes de dosagem ou em formas não disponíveis no mercado. Farmácias não podem manter estoques nem anunciar esses produtos.
No entanto, com a alta procura por tratamentos como o Ozempic e o Wegovy — que ainda não possuem genéricos no país —, algumas farmácias vinham oferecendo versões manipuladas a preços mais baixos, o que agora passa a ser proibido.