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SAÚDE E BEM ESTAR

Câncer sem cura tem resposta inédita com novo tratamento experimental

Pesquisadores apresentaram os resultados na reunião anual da Sociedade Americana de Hematologia; terapia combinada pode mudar o padrão de tratamento do mieloma múltiplo

10/12/2025 12h21 | Por: Narciso Barone- Redação SIte On
Foto: vecstock

Novo tratamento para mieloma múltiplo apresentou resultados considerados expressivos por especialistas ao reduzir em 83% o risco de progressão da doença ou morte quando comparado às terapias padrão. Os números foram revelados nesta terça-feira (9) durante a Reunião Anual da Sociedade Americana de Hematologia (ASH), realizada em Orlando, nos Estados Unidos, e publicados simultaneamente na revista científica The New England Journal of Medicine.

O estudo foi recebido com entusiasmo pela comunidade médica, que vê na terapia uma possível mudança no tratamento do mieloma múltiplo, especialmente para pacientes que já apresentaram recaídas. Segundo hematologistas que acompanharam os resultados, o desempenho da nova combinação de medicamentos superou significativamente o das estratégias terapêuticas atualmente utilizadas.

O presidente da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), Angelo Maiolino, avaliou os achados como “impressionantes”, destacando o alto nível de superioridade observado em comparação com tratamentos de referência. Para a onco-hematologista Vânia Hungria, da International Myeloma Foundation (IMF), a terapia traz expectativa de uma “cura funcional”, com respostas mais profundas e prolongadas ao longo dos anos.

O que é o mieloma múltiplo?

O mieloma múltiplo é um tipo de câncer do sangue provocado pela proliferação anormal dos plasmócitos, células responsáveis pela produção de anticorpos. A condição pode gerar tumores dentro ou fora dos ossos e levar a sintomas como anemia, dores ósseas, cálcio elevado e insuficiência renal.

Embora seja classificado como uma doença rara, o mieloma ainda não tem cura. Pacientes costumam alternar períodos de remissão e recaída, precisando passar por diferentes linhas de tratamento ao longo da vida. As terapias iniciais mais usadas incluem quimioterapia, transplante de medula óssea, corticoides e imunomoduladores.

Como funciona o novo tratamento?

A pesquisa — chamada MajesTEC-3 — é um estudo clínico de fase 3 que analisa a combinação dos medicamentos teclistamab (TECVAYLI) e daratumumab (DARZALEX FASPRO). Os resultados foram comparados com tratamentos considerados padrão no manejo da doença.

O teclistamab é um anticorpo biespecífico, capaz de se ligar simultaneamente às células tumorais e às células T do sistema imunológico, aproximando-as para estimular a destruição das células cancerígenas. Já o daratumumab age direcionando as defesas do organismo para atacar o mieloma.

A combinação foi testada principalmente em pacientes que não responderam ao tratamento anterior ou que apresentaram recaída. Inicialmente aplicada por injeções semanais, a terapia passa a ser quinzenal e depois mensal ao longo do acompanhamento.

Resultados mostram ganho de sobrevida e qualidade de vida

De acordo com os pesquisadores, os pacientes tratados com a nova combinação apresentaram redução de 54% no risco de morte e uma sobrevida global de 83% em três anos — contra 65% no grupo que recebeu as terapias convencionais.

A sobrevida livre de progressão — período sem avanço da doença — foi ainda mais impactante: 83,4% no grupo tratado com a nova terapia, comparados a 29,7% nos que receberam o tratamento tradicional após três anos de acompanhamento.

Além do impacto na evolução da doença, os participantes relataram melhora em sintomas como dores ósseas e anemia, sugerindo benefícios diretos na qualidade de vida.

A hematologista Maria-Victoria Mateos, do Hospital Universitário de Salamanca, afirmou que a combinação apresenta “eficácia notável” e um perfil de segurança bem estabelecido quando aplicada com protocolos adequados de controle de infecções.

Quando o tratamento pode chegar aos pacientes?

A Johnson & Johnson, responsável pelos medicamentos, submeteu um pedido à FDA (Food and Drug Administration) para que a combinação seja aprovada nos Estados Unidos. No Brasil, a empresa informou que já enviou documentação à Anvisa para avaliação.

Ainda não há previsão de quando o tratamento estará disponível para pacientes brasileiros, mas especialistas consideram que a aprovação internacional pode acelerar o processo regulatório.

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