Diz o ditado: “de grão em grão, a galinha enche o papo”. Mas no Brasil parece que é o Estado quem vai enchendo o papo — à custa do esforço de quem trabalha e empreende.
O empreendedor brasileiro, antes mesmo de vender seu primeiro produto ou prestar seu primeiro serviço, já começa no prejuízo. E não é por má gestão ou falta de estratégia. É por conta de um pedágio invisível que se paga diariamente: o famoso Custo Brasil.
Estamos falando de um pacote pesado e silencioso que inclui burocracia excessiva, carga tributária sufocante, insegurança jurídica e ineficiência pública. Para abrir uma empresa, é preciso vencer uma maratona de processos, formulários e taxas. Para mantê-la viva, é preciso fôlego — e um contador ao lado para não tropeçar nas milhares de normas que mudam o tempo todo.
Enquanto em países desenvolvidos o empreendedor gasta menos de 10 horas por mês com obrigações fiscais, por aqui esse número pode ultrapassar 40 horas. Isso sem contar a complexidade do sistema tributário, que mais parece um quebra-cabeça de 5 mil peças, onde uma peça errada pode custar uma multa, um bloqueio ou um processo.
A boa notícia é que a tão esperada Reforma Tributária foi aprovada e já começou a ser regulamentada. A promessa é simplificar o sistema, substituir diversos tributos por dois (CBS e IBS), acabar com a guerra fiscal entre os Estados e reduzir o custo de conformidade. Mas como diz outro ditado popular: “não se faz verão com uma andorinha só”.
A reforma é um passo na direção certa — talvez o mais importante dos últimos 30 anos. Mas sua implementação será gradual, com transição até 2033. Ou seja: ainda vamos conviver por bastante tempo com o modelo atual, e isso exige atenção redobrada, principalmente dos pequenos e médios empresários.
Enquanto isso, seguimos pagando o pedágio do Custo Brasil. Segurança pública? A iniciativa privada precisa complementar. Saúde? Plano. Educação para os filhos? Escola particular. Infraestrutura? Investe-se do próprio bolso para não depender da precariedade.
Esse pedágio, silencioso e constante, é o que torna o empreendedorismo no Brasil uma prova de resistência. Muitos desistem no caminho, não por falta de talento, mas por falta de ambiente favorável.
Mas o brasileiro não desiste fácil. Com criatividade, resiliência e muito planejamento, seguimos superando obstáculos, driblando as curvas e chegando mais longe do que o sistema parece permitir.
Porque, no fim das contas, empreender no Brasil é isso: transformar dificuldade em oportunidade — e fazer milagre com pouco.
Empreendedorismo e negócios
Empreendedor de sucesso, o colunista compartilha sua experiência e conhecimento para facilitar a vida de quem atua no mundo dos negócios