O Senado aprovou a criação de uma alíquota de 10% sobre lucros e dividendos distribuídos a pessoas físicas, quando o valor mensal ultrapassar R$ 50 mil por fonte pagadora. A regra só valerá para lucros gerados a partir de 1º de janeiro de 2026.
Na prática, muita gente já resumiu a medida como “novo imposto sobre o lucro das empresas”. Mas não é bem assim. O tributo incide sobre o que chega ao bolso do sócio pessoa física, e não diretamente sobre o lucro apurado pela empresa. A companhia continua pagando IRPJ e CSLL normalmente — o que muda é que o lucro distribuído acima de determinado limite também sofrerá tributação.
Para quem está no Simples Nacional, nada muda. Essas empresas estão fora da nova regra. Já sociedades maiores, que costumam distribuir valores significativos aos sócios, precisarão se organizar para absorver esse impacto.
O projeto ainda trouxe mecanismos de compensação para evitar a bitributação, limitando a carga total ao teto das alíquotas nominais: 34% para empresas em geral, 40% para seguradoras e 45% para bancos. Também ampliou a isenção do IRPF para quem recebe até R$ 5 mil por mês, medida que tende a beneficiar milhões de brasileiros.
A mensagem é clara: no Brasil, lucro distribuído não é mais sagrado. Assim como em vários países que já tributam dividendos há décadas, o Estado brasileiro quer sua fatia.
Não é o peso do imposto que derruba o cidadão, é o peso da má gestão que faz parecer roubo.
“No Brasil, imposto esquecido é lucro perdido.”
Com a aprovação da Reforma Tributária, muitos pequenos empresários ficaram em dúvida se o Simples Nacional vai acabar ou perder as vantagens que sempre teve. A boa notícia é que o Simples continua existindo, mas com algumas mudanças importantes que merecem atenção.
O Simples foi criado para descomplicar a vida das micro e pequenas empresas, reunindo vários tributos em uma única guia, o DAS. Isso não muda. A diferença é que, aos poucos, o PIS, a Cofins, o ICMS, o ISS e o IPI deixam de existir e serão substituídos por dois novos impostos:
• CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) – federal
• IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) – estadual e municipal
Esses impostos vão atingir todas as empresas, inclusive as do Simples.
A novidade é que surge a possibilidade de um regime híbrido: o empresário do Simples poderá optar por pagar o CBS e o IBS “fora” do DAS. Isso significa que ele terá direito a gerar créditos para seus clientes, algo que pode ser decisivo em alguns setores.
Na prática, o que isso quer dizer?
• Para quem vende direto ao consumidor final (padaria, salão de beleza, loja de roupas), o Simples tradicional continua sendo vantajoso. Afinal, o cliente pessoa física não aproveita crédito de imposto.
• Já para quem vende para outras empresas (B2B), pode ser que os clientes comecem a exigir nota com crédito de imposto. Nesse caso, avaliar o regime híbrido pode ser estratégico, mesmo que traga mais burocracia.
Portanto, o Simples não acabou e continua sendo uma ótima escolha para a maioria dos pequenos negócios. Mas o empresário precisa abrir os olhos: cada vez mais será importante entender quem é o cliente, como funciona sua cadeia de fornecimento e se vale a pena gerar crédito de impostos.
A reforma não tirou o Simples. Apenas deixou claro que, no Brasil, até o simples precisa ser bem planejado e não tem nada de simples.
Em 2024, o PIX foi alvo de uma das maiores ondas de desinformação dos últimos tempos. Bastou a publicação de uma instrução normativa da Receita Federal, que ampliava o monitoramento de movimentações financeiras, para que surgisse a narrativa de que o governo passaria a “cobrar imposto sobre cada transação no PIX”. A reação foi imediata: protestos nas redes, mal-entendidos em grupos de WhatsApp e uma enxurrada de crítica.
No fim das contas, não havia nenhum novo tributo. Tratava-se apenas de um ajuste na obrigação de comunicação via e-Financeira — que, diante da polêmica, acabou sendo revogado poucos dias depois.
Passado um ano, o tema volta à pauta. Em agosto de 2025, a Receita Federal publicou uma nova norma que não mexe no bolso diretamente, mas muda o cenário regulatório. Agora, fintechs e instituições de pagamento foram equiparadas aos bancos tradicionais e passam a ter que prestar informações detalhadas sobre movimentações de seus clientes. Isso vale quando os valores ultrapassam R$ 2.000 por mês no caso de pessoas físicas e R$ 6.000 mensais no caso de pessoas jurídicas. Não se trata de tributação, mas de fiscalização reforçada. O objetivo declarado é fechar brechas usadas para lavagem de dinheiro, especialmente após operações da Polícia Federal que identificaram o uso de carteiras digitais por organizações criminosas.
Na prática, o PIX continua gratuito e sem impostos. O que muda é a transparência: se antes apenas bancos e grandes instituições financeiras tinham de enviar dados à Receita, agora também empresas de tecnologia financeira entram nesse radar. Em termos técnicos, não há novidade no instrumento; mas em termos de alcance, é uma mudança significativa. O “cerco” se fecha não sobre o cidadão comum que paga suas contas no dia a dia, mas sobre o universo das transações que movimentam volumes acima desses limites.
É natural que parte da sociedade olhe com desconfiança. Afinal, a lembrança da polêmica de 2024 ainda é recente, e muitos associam a palavra “fiscalização” à ideia de novos tributos. Mas é importante separar as coisas: a Receita não está criando um imposto sobre o PIX, e sim ampliando o controle sobre a movimentação financeira no sistema. Pode-se discutir se isso é positivo ou não, mas o fato é que o Estado, cada vez mais digital, acompanha o ritmo das transações eletrônicas.
O episódio deixa uma lição importante: informação é a melhor arma contra o ruído. No ano passado, o boato de tributação mobilizou milhões de pessoas sem que houvesse base legal para isso. Agora, a mudança é real, mas tem natureza distinta: não pesa no bolso diretamente, mas aumenta a visibilidade das operações. Para o cidadão que cumpre suas obrigações, a regra não traz impacto imediato.
Há ditados populares que carregam uma sabedoria maior do que muitos tratados de economia. “Dinheiro não aceita desaforo” é um deles. O sentido é claro: o dinheiro precisa ser respeitado, bem administrado e usado com consciência. Do contrário, ele simplesmente escorre pelos dedos. E quantas vezes não vemos isso acontecer, tanto na vida pessoal quanto no mundo dos negócios?
Muitos acreditam que ganhar mais é a solução para todos os problemas financeiros. Mas não adianta aumentar a receita se a despesa cresce no mesmo ritmo ou até mais rápido. É como encher um balde furado: quanto mais entra, mais sai. O respeito pelo dinheiro está justamente na forma como o tratamos no dia a dia, seja com planejamento, seja evitando desperdícios, seja aprendendo a dizer “não” a tentações que comprometem o futuro.
Esse ditado também fala de responsabilidade. O dinheiro é uma ferramenta poderosa para realizar sonhos, garantir segurança e criar oportunidades. Mas, quando mal utilizado, vira fonte de dor de cabeça, dívidas e estagnação. É como uma planta que precisa de cuidados constantes: se esquecemos de regar, ela seca; se exageramos na água, ela apodrece. Com o dinheiro não é diferente: exige equilíbrio, atenção e disciplina.
Nas empresas, o “desaforo” costuma aparecer em decisões tomadas no impulso, na falta de controle dos custos, em investimentos mal analisados ou na ausência de acompanhamento das finanças. Na vida pessoal, ele aparece nas compras por status, nos parcelamentos intermináveis e na falta de reservas para emergências. Em ambos os casos, a conta sempre chega.
Tratar o dinheiro com respeito não significa ser mesquinho, mas sim ter consciência. É gastar com sabedoria, investir com estratégia e poupar com constância. Quem compreende isso constrói patrimônio e tranquilidade. Quem ignora, acaba vivendo de susto em susto, esperando um milagre financeiro que nunca vem.
O ditado é um lembrete para todos nós: o dinheiro não aceita desaforo, não tolera descuido, não perdoa desorganização. Ou você cuida bem dele, ou ele vai embora. E quando ele vai, leva junto oportunidades, estabilidade e, muitas vezes, a paz de espírito.
Vivemos tempos de grandes desafios e incertezas políticas e econômicas no Brasil. Enquanto a reforma tributária permanece indefinida, empreendedores precisam navegar por mares turbulentos, aproveitando as dificuldades como oportunidades únicas de crescimento e inovação. A instabilidade econômica e política afeta diretamente o cotidiano empresarial, dificultando decisões estratégicas e criando um ambiente de negócios bastante incerto.
A indefinição em torno da reforma tributária amplia a insegurança jurídica e econômica, mas também abre portas para inovação e adaptação estratégica. Empresas que estiverem bem preparadas poderão sair fortalecidas deste período desafiador.
Para navegar com sucesso em tempos difíceis, é fundamental diversificar receitas, manter reservas financeiras sólidas, controlar rigorosamente o fluxo de caixa e investir em automação e eficiência operacional. Além disso, buscar consultorias especializadas em planejamento tributário preventivo pode fazer toda a diferença.
Mesmo diante das adversidades, empreendedores têm oportunidades para crescer. Explorar nichos menos impactados pelas incertezas, desenvolver soluções inovadoras e fortalecer parcerias estratégicas são caminhos eficazes para manter a estabilidade e expandir negócios.
A resiliência e a capacidade de adaptação rápida são qualidades essenciais para enfrentar a incerteza. Estar sempre preparado e atento às mudanças permite transformar desafios com vantagens competitivas. Navegar por mares revoltos, como o atual cenário brasileiro, exige coragem, planejamento e visão estratégica.
Enquanto aguardamos uma reforma tributária definitiva, empreendedores que adotarem postura proativa, resiliente e inovadora certamente alcançarão crescimento e sucesso, independentemente das tempestades.

Empreendedorismo e negócios
Empreendedor de sucesso, o colunista compartilha sua experiência e conhecimento para facilitar a vida de quem atua no mundo dos negócios