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COTIDIANO

“Importar arroz não é a solução”, afirma presidente da Copagro

Dionísio Bressan Lemos analisa situação da produção do arroz após enchentes no Rio Grande do Sul. Entidades catarinenses se manifestam contra importação do grão e pedem valorização do arroz nacional

Tubarão, 22/05/2024 11h27 | Atualizada em 22/05/2024 11h27 | Por: Redação Folha Regional

Preocupados com os impactos negativos que a importação de arroz pode trazer para a rizicultura do Brasil, entidades catarinenses uniram-se em um apelo de valorização do cereal nacional.

Na última semana, reforçaram o posicionamento contrário à iniciativa do governo federal de importação de arroz o Sindicato das Indústrias de Arroz de Santa Catarina (SindArroz-SC), a Cooperativa Central Brasileira de Arroz (Brazilrice), a Associação Catarinense dos Produtores de Sementes de Arroz Irrigado (Acapsa), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc) e a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc).

Para as entidades, em um momento já extremamente difícil por conta das inundações que assolam o Estado gaúcho, a iniciativa de importar o grão servirá apenas para trazer ainda mais dificuldades e prejuízos para a cadeia produtiva no Brasil, uma vez que muitos produtores, indústrias e cooperativas já contabilizam prejuízos consideráveis por causa desses problemas climáticos.

O presidente da Cooperativa Agropecuária de Tubarão (Copagro), Dionísio Bressan Lemos, concorda com as entidades e confirma que não há risco de desabastecimento do grão nos mercados, visto que a colheita da safra 2023/2024 já estava bastante adiantada em ambos os Estados – 84% na área cultivada do Rio Grande do Sul e quase 100% na área cultivada em Santa Catarina. 

“Não existe risco de desabastecimento. Existe sim um momento logístico complicado, porém, importar levaria mais tempo do que regularizar a logística. Importar não é a solução”, avalia o presidente da Copagro.

“Mesmo com as inundações, a produção do grão não será impactada a ponto de faltar arroz para o consumo interno brasileiro”, confirmam as entidades produtivas do grão. 

Ricardo Althoff, supermercadista e vice-presidente Regional Sul da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), também reforça que não há risco de faltar arroz nos supermercados. Ele aguarda para saber quais serão os impactos nos preços com a decisão de importação do governo federal.

“Fomos tranquilizados pelos produtores de que os estoques continuam lá e eles devem ter condições de suprir a nossa demanda. Sobre a importação, acredito que o governo tomou a decisão antes de saber como estavam os estoques. Agora, vamos aguardar para saber quais serão os efeitos nos preços, porque vai acabar sobrando arroz no mercado nacional”, comenta.

Exportação reduzida e prejuízos ao produtor

O presidente da Copagro analisa que, com o aumento da importação de arroz, consequentemente haverá redução na exportação – o que causaria queda nos preços e diminuição da intenção de plantio. 

“Ano passado exportamos cerca de 1,8 milhão de toneladas, e este ano seria a metade disso. Ou seja, vai ficar 900 mil toneladas aqui dentro, além de vir arroz importado. Por todos esses motivos, vai sobrar arroz. Isso pode causar uma queda brusca de preço no final do ano. Vai diminuir a intenção de plantio e prejudicar as próximas safras e o produtor. A pior coisa que pode acontecer é o governo gastar dinheiro público para importar arroz para baixar a R$ 4. Quem paga é o povo da mesma maneira”, critica Dionísio Bressan Lemos.

Sul é responsável por mais de 80% da produção de arroz no Brasil

Juntos, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina são responsáveis por mais de 80% da produção de arroz do Brasil. É um trabalho realizado em parceria, uma vez que inúmeras indústrias e cooperativas catarinenses possuem unidades de produção em solo gaúcho e/ou utilizam o grão cultivado pelos riograndenses para beneficiamento em unidades do Estado. 

Conforme as entidades representativas do setor, problemas logísticos no Rio Grande do Sul, como a dificuldade de escoamento da produção por conta da interdição de rodovias, já estão sendo superados. 

Além disso, as negociações de compra e venda de arroz em casca para beneficiamento seguem sendo realizadas entre os produtores rurais e as indústrias e cooperativas responsáveis pelo beneficiamento do grão.

Governo federal zera tarifa de importação de arroz

O comitê executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou nesta segunda-feira, dia 20, a isenção de imposto de importação para três tipos de arroz. A medida visa garantir o abastecimento com as enchentes no Rio Grande do Sul. 

Com a decisão, dois tipos de arroz parboilizado e um tipo polido/brunido foram incluídos na lista de exceção do imposto. A isenção tem validade até 31 de dezembro de 2024.

“Ao zerar as tarifas, buscamos evitar problemas de desabastecimento ou de aumento do preço do produto no Brasil, por causa da redução de oferta. O governo está agindo para garantir a segurança alimentar e o bem-estar de todos os brasileiros”, afirmou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin.

Segundo o governo, a maior parte das importações de arroz no Brasil vêm do Mercosul e já contam com isenção. Contudo, há potencial para comprar o produto de outros países, como a Tailândia.

Importação de arroz

A partir da Medida Provisória nº 1.217/2024, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foi autorizada a importar até um milhão de toneladas de arroz por meio de leilões públicos ao longo de 2024. 

Agora, com a portaria assinada pelos ministérios do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), da Agricultura e Pecuária (Mapa) e da Fazenda, a primeira aquisição, de até 104.034 toneladas do cereal, será no primeiro leilão. O valor da operação é de R$ 416,1 milhões. 
Com a medida, o arroz comprado pelo governo federal para fazer frente à queda da produção no Rio Grande do Sul chegará aos mercados em embalagens de dois quilos com preço tabelado de R$ 4 por quilo. 

O arroz importado será destinado a pequenos supermercados – com até cinco caixas – nos Estados de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Pará e Ceará com base em indicadores de insegurança alimentar.

Folha Regional

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