Quase meio século de experiência na produção de hortaliças. Manoel Serafim Costa, da comunidade de Riachinho, em Jaguaruna, é o produtor mais experiente em idade e em tempo de serviço no cultivo de horticulturas do município.

Com 78 anos, ele esbanja saúde e vontade de continuar trabalhando. “Isso aqui, além de ser um complemento da renda, é um entretenimento, pois gosto muito do que faço e não penso em parar de plantar”, conta. 

Aposentado da lavoura, ele mora em uma propriedade próxima ao Centro da cidade. Seu Nelinho da Alface, como é carinhosamente conhecido, acorda cedinho todos os dias para preparar os produtos colhidos em sua horta, com a qual abastece vários estabelecimentos da cidade.  Os produtos são cultivados por ele e por familiares. 

Orgulhoso de sua profissão, seu Nelinho lembra das dificuldades de quando iniciou os trabalhos na propriedade. Ele conta que há quase 50 anos, quando adquiriu parte da propriedade onde mora, eram tempos difíceis. 

“Isso aqui onde moro antigamente era um brejo. Mal a gente conseguia caminhar, pois era um banhado alagado e com muita dificuldade de acesso”, diz.

O plantio de hortaliças surgiu com o incentivo de alguns amigos proprietários de estabelecimentos do gênero. Na época, a quantidade produzida era pequena. “Os serviços eram de forma braçal, praticamente sem o auxílio de máquinas, e a pequena produção eu levava na garupa da bicicleta para vender no mercado”, relembra.

No trabalho duro da roça, seu Nelinho sempre contou com a parceria de sua esposa Edi, que era quem arrumava os pacotes das hortaliças. “Minha esposa sempre foi uma grande parceira aqui na propriedade, sem ela não teria conseguido vencer os desafios. Depois, mais tarde, meu filho também trabalhou junto na produção.”

Do jornalismo à produção de hortifrútis

Há 20 anos trabalhando como diretor do Jornal Folha Regional, Jorge Cruz Pereira tomou uma decisão radical em sua vida: deixar para trás o ramo do jornalismo e encarar o campo da produção de hortaliças. 

A convite do sogro, Manoel Serafim Costa, Jorge e a esposa Vanderleia trabalham juntos na mesma propriedade.  

Jorge conta que era um propósito de vida: quando os filhos estivessem independentes, iria buscar desenvolver uma produção que pudesse ter como modelo a agricultura familiar. 

“Eu me criei trabalhando na roça, tanto que encaro com muita naturalidade os serviços da agricultura”, afirma. 

A sequência na produção de hortaliças junto com o sogro é uma parceria que vem dando certo. “Nós tínhamos a obrigação de buscar a modernização da propriedade, isso é o que estamos buscando fazer juntos, compartilhando conhecimento e toda a experiência do meu sogro, que tem sido de grande importância.”

A produção segue para estabelecimentos de Jaguaruna e região. A qualidade dos produtos é um item indispensável na produção. “O consumidor espera sempre levar um produto de qualidade para a sua mesa, por isso trabalhamos para ser uma referência em produtos orgânicos da região, pois é muito satisfatório produzir algo pensando na saúde das pessoas”, observa.

Jaguaruna se destaca no agronegócio em SC

Com 30% da economia baseada na agricultura, Jaguaruna é referência em diversos setores no meio rural. De acordo com o secretário de Agricultura e Pesca, Dirceu Sebastião Rodrigues, o município conquistou o título de Capital Catarinense do Produtor de Melancia e é o maior produtor do Estado, com área estimada em 550 hectares.

É o segundo maior produtor de arroz irrigado da Amurel e o 12° de Santa Catarina, com área estimada em 3.800 hectares. Também é o maior produtor de mandioca do Estado, com área aproximada de 1.200 hectares e 50 hectares de aipim (mesa) na safra 2023/2024. É o 5º município da Amurel em movimentação agropecuária, com volume superior a R$ 150 milhões ao ano. “Esse sucesso não é apenas um marco para nossa cidade, mas também traz benefícios econômicos significativos aos agricultores. O plantio da mandioca, por exemplo, está movimentando cerca de R$ 22 milhões, impulsionando a economia local e fortalecendo nossa agricultura”, afirma o secretário de Agricultura e Pesca, Dirceu Sebastião Rodrigues. 

Os produtores contam com o apoio da secretaria, que disponibiliza máquinas e equipamentos para o preparo do solo e plantio, além de oferecer acompanhamento agronômico especializado. Além disso, a secretaria subsidia as análises de solo, garantindo que os agricultores tenham acesso às informações necessárias para otimizar sua produção.