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Quase 5 décadas depois da enchente de 74, Rio Tubarão continua sem redragagem

Nesta sexta-feira, o 14º Seminário relembra enchente de 1974 e debate alternativas para execução da obra

Tubarão, 22/03/2023 10h01 | Atualizada em 22/03/2023 10h06 | Por: Redação Folha Regional
Foto: Wilson Schuelter/Divulgação/Folha Regional

Quase 50 anos depois, o cenário de caos e tragédia da grande enchente ocorrida em 1974 em Tubarão e região continua assombrando moradores.

A inundação elevou o nível do rio acima dos 10 metros e causou 199 mortes e cerca de 2 bilhões de dólares em prejuízos, alcançando a dolorida marca de maior catástrofe natural da história de Santa Catarina. 

Em maio do ano passado, feridas ainda não totalmente cicatrizadas foram abertas novamente quando o Rio Tubarão transbordou pela primeira vez desde a grande enchente de 1974, e causou inundações em diversos bairros. 

Famílias foram retiradas de suas casas e perderam tudo que construíram. Algumas ainda aguardam por auxílio para recomeçar. Os prejuízos foram milionários, e a população continua à espera de respostas. 

Para relembrar a tragédia e debater soluções e iniciativas que possam minimizar o problema das cheias no Rio Tubarão é realizado um evento anual que agora chega à sua 14ª edição: o 14º Seminário – 49 anos da enchente de 1974 ocorre nesta sexta-feira, dia 24, a partir das 8h30 no auditório da Amurel.

O seminário abordará os impactos sociais e econômicos das inundações da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e acompanhará os projetos executivos, ambientais, licenciamentos e encaminhamentos para a tão aguardada redragagem do Rio Tubarão.

“Há muitas falas e opiniões sobre o que fazer para conter inundações no Rio Tubarão, mas há um ponto em comum que é redragar o rio, retirar lama, entulho, que está no leito para facilitar o escoamento e assim dificultar o transbordamento”, afirma um dos coordenadores do seminário, o presidente da Fundação Municipal de Educação de Tubarão, Maurício da Silva. 

Ele complementa ainda ao dizer que “as enchentes anteriores que ocorreram em Tubarão as pessoas até poderiam classificar como fatalidade. Agora, com tantos avisos que se tem do próprio rio e com tantas tecnologias, já não se pode mais falar em fatalidade se outra enchente ocorrer. Daqui pra frente vai se começar a falar em criminosa omissão. O fundamental é unir os esforços para que essa obra saia.”

Estimada em R$ 550 milhões, redragagem do Rio Tubarão segue em debate

A redragagem do Rio Tubarão é uma das obras que estão em debate há décadas. Sua realização é o principal apelo que o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar reforça entre tantas outras demandas pela gestão dos recursos hídricos na bacia composta por 22 municípios. 

De acordo com o presidente do comitê, Woimer José Back, em torno de um terço da capacidade de escoamento do Rio Tubarão está comprometida por conta de materiais sólidos depositados no fundo do rio. Com isso, dependendo do local da bacia em que uma concentração de chuvas em volume elevado é registrada, as cheias acontecem com mais frequência.

“Ou seja, é uma região de risco e sempre vamos conviver com essa ‘nuvem’. Por isso a necessidade de viabilizarmos o mais rápido possível a redragagem e, em paralelo, também já buscarmos outras alternativas que venham a contribuir com a situação, como a criação de canais extravasores para retirar o excesso das águas quando elas vêm de forma concentrada”, afirma. 

E este planejamento, conforme o presidente, precisa ser realizado com a contribuição de todos os municípios da bacia, não somente de Tubarão.


Mais de R$ 2,6 milhões investidos em projetos para a redragagem

O assunto também é debatido desde 2012 com a criação da Comissão de Acompanhamento dos Projetos para a Contenção de Cheias na Bacia do Rio Tubarão. Formada por 26 entidades, a comissão já realizou 47 reuniões neste período e acompanha os projetos para redragagem contratados pelo governo do Estado - o projeto executivo foi iniciado em 2013 e o ambiental, em 2014. 

De acordo com o coordenador da comissão, Claudemir Souza dos Santos, até o momento já foram investidos R$ 2.698.914,88 em projetos, que precisam ser atualizados. A execução da redragagem está estimada em R$ 550 milhões. São previstas manutenção, aprofundamento e recuperação da calha do rio no trecho compreendido entre a ponte da BR-101 e a foz, na Lagoa de Santo Antônio dos Anjos.

Em 2016 foram realizadas audiências públicas em Capivari de Baixo, Laguna e Tubarão. Em 2022 o governo do Estado liberou R$ 10 milhões para o enrocamento e desassoreamento do Canal da Barra Camacho, o que auxilia no escoamento da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e do Complexo Lagunar em caso de eventos extremos. 

“Nossa prioridade é pela conclusão imediata dos projetos para busca de recursos, pois continuamos vulneráveis com o Rio Tubarão muito assoreado. Antes de se falar em recursos para execução, é urgente a conclusão dos projetos pelo governo do Estado. Recursos em nível de governo federal sempre existiram. A natureza não faz acordo conosco”, afirma.

União de forças para buscar recursos

A redragagem do Rio Tubarão tem mobilizado o poder público e a busca de alternativas, principalmente entre os deputados eleitos pela região. Eles participarão do seminário nesta sexta-feira, dia 24.

O deputado estadual e atual secretário de Estado da Casa Civil, Estêner Soratto Júnior, e os deputados estaduais Volnei Weber, Pepê Collaço e Sérgio Guimarães farão seus pronunciamentos em uma união de forças para o levantamento dos recursos. O secretário da Casa Civil já adiantou em reunião recente em Tubarão que o governo do Estado acompanha a situação, mas não tem recurso suficiente para aportar na obra, sendo necessário buscar esses valores também no governo federal e até na iniciativa privada, para retirar essa importante obra do papel.

O deputado Pepê Collaço também requereu na Assembleia Legislativa a criação da Frente Parlamentar das Dragagens dos Rios Catarinenses. “É uma obra que lutamos há décadas, mas que não conseguimos tirar do papel. O trabalho poderá ser dividido em quatro etapas, uma maneira de conseguir os primeiros recursos necessários, mas antes disso tem situações que precisam ser ultrapassadas, como a atualização do projeto e a licença”, alerta o deputado.

Folha Regional

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