Os resultados mostram que o novo tratamento é capaz de prolongar a sobrevida dos pacientes, sendo mais eficaz e menos tóxico que a quimioterapia para o câncer de próstata metastático
O tratamento com PSMA-Lutécio para câncer de próstata metastático é relativamente novo no Brasil e extremamente promissor. Os resultados mostram que ele é capaz de prolongar a sobrevida dos pacientes, sendo mais eficaz e menos tóxico que a quimioterapia para o câncer de próstata metastático.
Em Santa Catarina apenas oito pacientes realizaram este procedimento, sete deles na Clínica Bionuclear, parceira do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), de Florianópolis, e um em Tubarão, no Serviço de Medicina Nuclear da instituição. O paciente, de 83 anos, de Cocal do Sul, se submeteu a nova terapia para tratamento do câncer de próstata no Serviço de Medicina Nuclear do HNSC.
O PSMA-Lutécio-177, como é conhecido, foi desenvolvido na Alemanha, e é considerado uma boa alternativa terapêutica nos pacientes com câncer de próstata metastático resistente à castração (CPRC), que apresentam progressão de doença mesmo em vigência das terapias prévias já realizadas.
De acordo com o médico Fabio Figueiredo Ribeiro, esse novo tratamento tem boa eficácia terapêutica com redução do volume de doença, melhora na qualidade de vida, queda do PSA em até 60% dos pacientes, redução das complicações de metástases, incluindo o quadro de dor. “A literatura médica atual sugere que esta é uma terapia eficaz e bem tolerada pelos pacientes levando a sua implementação em diversos serviços médicos ao redor do mundo”, diz.
O médico explica que a proteína PSMA é uma molécula que apresenta a sua expressão aumentada na superfície das células cancerígenas da próstata. “Essa expressão pode estar elevada nas células metastáticas mesmo depois de múltiplas linhas de terapias. E esse fato possibilita a marcação desta proteína com um elemento radioativo, que é o Lutecio 177, formando o complexo 177Lu-PSMA. A administração deste material por via endovenosa viabiliza o tratamento sistêmico específico destas lesões”
Como é realizado o tratamento
O tratamento com o PSMA Lutécio-177 é programado para ser realizado, no mínimo, em quatro sessões, com intervalos de seis a oito semanas entre as doses. Os pacientes precisam apresentar boa função medular e função renal preservada para realizá-lo.
Os pacientes recebem a injeção venosa do material ao longo de 30 minutos, com o auxílio de uma bomba de infusão contínua de medicações, e permanecendo em observação até o final do turno. A hidratação e a utilização de medicações para os sintomas específicos podem ser realizadas ao longo desse período, baseado na necessidade de cada paciente.
O objetivo desse tratamento é aumentar a sobrevida global e a sobrevida livre de progressão, assim como melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir as taxas de complicações das metástases.
“Esse objetivo pode ser alcançado em aproximadamente 50% dos casos. Essa opção terapêutica tem baixa toxicidade, com melhora clínica e na qualidade de vida, o que acarreta redução das complicações, eventos clínicos e custos decorrentes da doença oncológica metastática. O tratamento aumenta ainda a sobrevida do paciente.
No país, cerca de 16 mil homens morreram em decorrência do câncer de próstata em 2019 – último levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Todos os anos, o país registra uma média de 66 mil novos casos da doença, que representam 29,2% dos tumores mais recorrentes entre o público masculino.