A pesquisa feita por Daisson Trevisol foi um dos trabalhos do programa de pós-graduação em Ciências da Saúde que representaram o Brasil no Congresso Mundial de Pesquisa Farmacêutica e Toxicologia
Quatro pesquisas da UniSul de Tubarão, integrante do ecossistema Ânima, foram premiadas no Congresso Mundial de Pesquisa Farmacêutica e Toxicologia, na Suíça.
Os trabalhos desenvolvidos pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde foram os únicos brasileiros no evento e tratam de soluções para garantir a eficiência, segurança e o uso racional de medicamentos. O World Congress on Pharmaceutical Research and Toxicology aconteceu no final de maio e reuniu cientistas de países como Inglaterra, Arábia Saudita, China, França, Estados Unidos, Índia, entre outros.
Os professores Daisson José Trevisol e Fabiana Schuelter Trevisol apresentaram de forma oral quatro teses de Doutorado escritas em conjunto com estudantes — ambos são orientadores dos trabalhos. Estes estudos foram reconhecidos com premiação no evento. Além destes, outros quatro trabalhos foram apresentados em painéis.
O farmacêutico, bioquímico e doutor em Ciências da Saúde Daisson Trevisol foi reconhecido no congresso por uma pesquisa sobre o uso de Tratamento Medicamentoso para a Prevenção da Covid-19. O trabalho aborda o monitoramento da escassez de medicamentos usando um software como ferramenta de gestão para assistência farmacêutica.
“Em relação ao estudo da Covid, verificamos que não houve diferença estatisticamente significativa nos desfechos; ou seja, o tratamento precoce não melhorou as taxas de óbito ou alta hospitalar. Portanto, tomar ou não o kit Covid na época não influenciou os resultados relacionados ao óbito, sem oferecer vantagem ou desvantagem“, afirma o professor.
O segundo estudo premiado e apresentado por ele analisou a implementação de uma ferramenta de referência para serviços farmacêuticos na atenção primária para apoiar os municípios no fortalecimento dos serviços farmacêuticos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A pesquisa desenvolveu um aplicativo para monitorar a falta de medicamentos no setor público. Este projeto foi realizado em parceria com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), vinculado ao Governo Federal e ao Ministério da Saúde, congregando as secretarias municipais de saúde. O sistema foi adotado por todas as 5.570 prefeituras do Brasil.
“O objetivo da tecnologia é informar quando há falta de medicamentos, identificar os motivos e, se necessário, acionar a Anvisa e o Ministério da Saúde para contatar os produtores, a indústria farmacêutica e os distribuidores, facilitando o processo de reposição. Caso haja escassez em uma região específica, o aplicativo permitirá manejar a redistribuição de medicamentos entre diferentes regiões“, explica.
Para ele, a participação em eventos internacionais é uma forma de divulgar os estudos e fortalecer a pesquisa científica. “A UniSul desempenha um papel importante no apoio às apresentações de trabalhos e na manutenção dos programas de pós-graduação, especialmente o Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde. Isso nos permite realizar pesquisas, coletar dados científicos e, ao mesmo tempo, compartilhar esses dados com a comunidade científica. Levamos as descobertas dos nossos alunos para publicação internacional, o que facilita ainda mais a disseminação do conhecimento. Durante as apresentações, interagimos com diversos outros pesquisadores, o que abre portas para futuras colaborações e novos projetos“, afirma o professor.
Otimização e segurança na prescrição de medicamentos
Segundo a professora Fabiana Schuelter Trevisol, duas pesquisas premiadas apresentadas por ela tratam da avaliação da farmácia clínica para medicamentos em hospitais. Uma delas resultou no desenvolvimento de um software para reconciliação medicamentosa.
“Esse software ajuda a garantir que os profissionais de saúde tenham conhecimento de todos os medicamentos que um paciente já está tomando ao ser admitido no hospital, evitando prescrições duplicadas ou interações medicamentosas indesejadas. Este aplicativo é uma ferramenta essencial para os farmacêuticos e outros profissionais de saúde“, explica a professora.
Entre os resultados, o sistema informatizado diminuiu o tempo de análise das prescrições em oito minutos por paciente. O software identificou que, dos 392 pacientes que fizeram parte da amostra, 97,7% utilizavam medicamentos de uso contínuo em seus domicílios. Na lista, constam medicamentos que não foram prescritos durante a permanência hospitalar.
“Os hospitais carecem de condições financeiras, recursos humanos, infraestrutura e sistemas informatizados de apoio para a implantação dos serviços de farmácia clínica, farmacovigilância e reconciliação medicamentosa. A introdução de sistemas que auxiliem o uso racional de medicamentos é importante para a segurança do paciente“, destaca o estudo.
O segundo trabalho também focou na farmácia clínica hospitalar, especificamente na criação de um instrumento para auxiliar os farmacêuticos que atuam na UTI. “Desenvolvemos e aplicamos um protocolo mnemônico que ajuda a verificar vários aspectos importantes na prescrição de medicamentos. Após uma revisão da literatura, criamos o instrumento e realizamos grupos focais com profissionais de saúde, aplicando-o no Hospital Unimed de Tubarão. Os resultados mostraram que a ferramenta é superior aos métodos anteriormente utilizados para definir a atuação do farmacêutico clínico“, afirma Fabiana.
Segundo a pesquisa, apesar da efetividade dos modelos de farmácia clínica desenvolvidos ao redor do mundo, nenhum deles aborda detalhadamente como otimizar e realizar as atividades necessárias para que o farmacêutico clínico tenha êxito em uma UTI, daí a importância do estudo.