Segundo o Promotor de Justiça, o denunciado utilizou a vítima como mero objeto para seu prazer sexual e, após a sua satisfação, acabou com a vida dela
Divulgação/Folha Regional O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) denunciou à Justiça o acusado Giovane Correa Mayer, de 21 anos, pelo assassinato da estudante de pós-graduação Catarina Kasten, de 31 anos. O crime chocou Florianópolis há dez dias.
O homem, que está preso preventivamente, foi denunciado por três crimes: feminicídio, estupro e ocultação de cadáver, tendo havido qualificadoras e agravante, o que levou o MPSC a buscar a punição máxima para o caso nesta segunda-feira, dia 1º.
O investigado é natural de Viamão, no Rio Grande do Sul, e morava na região desde 2019 com familiares. Segundo a Polícia Militar, ele costumava passar pela trilha. No dia dos crimes, ele afirmou ter voltado de uma festa onde havia ingerido bebida alcoólica.
A denúncia foi protocolada nesta tarde pelo Promotor de Justiça João Gonçalves de Souza Neto, da 36ª Promotoria de Justiça da Capital, que requer que o acusado seja submetido ao Tribunal do Júri. O caso agora será analisado pelo Juízo.
O denunciado deverá responder por feminicídio, praticado por menosprezo à condição de mulher, mediante asfixia, recurso que dificultou a defesa da vítima.
O acusado também foi denunciado por estupro, cometido mediante violência e com a agravante de emboscada e por ocultação de cadáver, por ter arrastado o corpo para local de difícil acesso e visualização.
Conforme o Promotor de Justiça, o crime foi praticado por razões da condição de sexo feminino, caracterizando-se pelo menosprezo à condição de mulher, haja vista que o denunciado utilizou a vítima como mero objeto para seu prazer sexual e, após a sua satisfação, acabou com a vida dela.
O crime
O assassinato de Catarina ocorreu no dia 21 de novembro de 2025, por volta das 7 horas, nas proximidades da trilha da Praia do Matadeiro, em Florianópolis.
Ela havia saído de casa por volta das 6h50, uma sexta-feira, para uma aula de natação. Ao perceber a sua demora em retornar para casa, o companheiro dela acionou a Polícia Militar por volta das 12h, após confirmar que ela não tinha comparecido à aula. Ao ser preso, o homem de 21 anos confessou ter matado a jovem.
Intenção de matar
A denúncia do MPSC relata que o denunciado agiu com intenção de matar a vítima, de forma consciente e voluntariamente e por razões da condição do sexo feminino. Para tanto, envolveu o pescoço dela com um instrumento constritor (cordão/cadarço) e causou a morte por asfixia decorrente de estrangulamento.
O crime foi cometido mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, uma vez que a constrição cervical ocorreu quando ela já se encontrava fisicamente dominada e exausta, em razão da violenta abordagem e da agressão sexual sofrida instantes antes. O crime teve também como finalidade assegurar a ocultação e a impunidade do estupro previamente praticado.
Em relação ao crime de estupro, o denunciado, consciente e voluntariamente, constrangeu a vítima, mediante violência, a manter conjunção carnal e atos libidinosos. Para isso, surpreendeu-a na trilha, aplicou-lhe um golpe de imobilização do tipo “mata-leão”, arrastou-a para um local ermo na mata e, à força, consumou o estupro.
A denúncia assinala, ainda, que o crime foi cometido mediante emboscada, pois o denunciado, agindo de forma premeditada, ocultou-se atrás de uma lixeira para monitorar a movimentação no local. Após o feminicídio, o denunciado ocultou o corpo da vítima, arrastando-o para um ponto de difícil acesso e visualização, em meio à mata e às pedras, afastado da trilha. A denúncia tramita em sigilo e segue agora para a Vara do Tribunal do Júri da Capital.