Jovem de Rio Negrinho vivia sob ameaças, agressões e abusos sexuais. Polícia descobriu o caso após relatos feitos pela vítima na escola.
Um caso de extrema violência e longa duração chocou o município de Rio Negrinho, no Planalto Norte de Santa Catarina. Uma jovem foi mantida em cárcere privado por cerca de 12 anos pelo padrasto, que também a submetia a agressões físicas e abusos sexuais. O homem foi preso na última quinta-feira (9) após denúncia feita pela própria vítima, que conseguiu relatar sua história na escola.
Segundo informações da Polícia Civil, as investigações começaram após os primeiros relatos da jovem a funcionários da escola onde estudava. O comportamento retraído e sinais de violência chamaram atenção da equipe pedagógica, que acionou as autoridades.
Durante as apurações, a polícia constatou que a vítima vivia sob ameaças constantes, sendo impedida de manter contato com familiares ou amigos. Ela só podia frequentar as aulas sob vigilância direta do padrasto, que controlava seus horários e movimentos.
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A investigação aponta que, durante mais de uma década, a jovem foi mantida em um ambiente de isolamento e medo, sem liberdade para sair de casa ou se comunicar. Além dos abusos sexuais, o homem a agredia fisicamente e a ameaçava de morte caso tentasse pedir ajuda.
Os policiais também identificaram sinais de manipulação psicológica, uma tática comum em casos prolongados de cárcere privado. “A vítima vivia sob total controle do autor, que limitava qualquer possibilidade de autonomia”, explicou o delegado responsável pela operação.
Durante a operação que resultou na prisão do suspeito, os agentes apreenderam uma arma de fogo e vários celulares, que podem conter provas importantes sobre a extensão dos crimes. O material foi encaminhado para perícia e deve ajudar a esclarecer se outras pessoas sabiam ou participaram da situação.
O homem foi conduzido ao sistema prisional, onde permanece à disposição da Justiça. Ele deve responder pelos crimes de ameaça, estupro, lesão corporal, posse irregular de arma de fogo e cárcere privado.
A jovem, agora em segurança, está recebendo acompanhamento psicológico e social. O caso está sendo acompanhado pelo Conselho Tutelar e pela Rede de Proteção à Mulher e Criança de Rio Negrinho, que busca garantir apoio emocional e jurídico para sua recuperação.
O episódio reforça a importância da denúncia de situações de abuso e violência doméstica, que muitas vezes se prolongam por anos sob o silêncio e o medo. Casos semelhantes podem ser denunciados de forma anônima pelo Disque 100 ou pelo 180, canal nacional de atendimento à mulher.