A ação ocorreu em uma casa noturna do município de Içara, onde as vítimas eram mantidas
Divulgação/Folha Regional Após denúncias de que mulheres estariam sendo mantidas em situação análoga à escravidão em uma casa noturna em Içara, a Polícia Militar foi acionada e prendeu dois homens envolvidos no caso, nesta terça-feira, dia 9. Os crimes apontados são redução à condição análoga à de escravo e extorsão mediante sequestro.
A ação ocorreu em uma casa noturna do município, onde as vítimas eram mantidas. Segundo a Polícia Militar, as mulheres haviam sido atraídas com promessas de um trabalho altamente rentável. No entanto, ao chegarem ao local, descobriam que faziam parte de um esquema voltado à exploração e obtenção de lucro ilícito por parte dos suspeitos.
Conforme a Polícia Militar, a primeira denúncia foi realizada por um amigo de uma das vítimas, via telefone da localidade de Minas Gerais, dando conta de que sua amiga estava mantida na condição de escravidão. Fora feito imediato contato com a vítima via telefone, que confirmou os fatos, alegando que conseguiu fugir do local via aplicativo de transporte, antes da PM chegar.
Ela ainda relatou que foi aliciada para trabalhar, mas chegou no local e não teve clientes, sendo obrigada a devolver diversos valores, ficando restrita a sua liberdade diante da não quitação do valor exigido.
A Polícia Militar recebeu uma nova denúncia com a mesma narrativa de restrição de liberdade e trabalho análogo à escravidão. Desta vez, a mãe de uma das vítimas informou que sua filha foi aliciada fazia uma semana para trabalhar nesta boate em Içara, mas chegou no local e não tinha trabalho e passou a sofrer inúmeras restrições de liberdade e começou a se endividar no local, considerando as multas que recebia e o valor alto dos produtos que tinha que comprar.
Horários restritos e multas
No local foi conversado com um homem que se identificou como proprietário. Ele apresentou algumas mulheres que trabalhavam no local, sendo que a segunda vítima em questão não foi apresentada.
Ele apresentou ainda um caderno com os nomes das mulheres da casa, sendo que o nome da vítima era omitido, considerando esse intento de sair do local. Tendo em vista a denúncia da mãe da vítima, a guarnição procedeu a busca e encontrou a vítima saindo de uma área de quartos.
Também foram encontrados vários cartazes com regras e horários de alimentação, horários de folga e abertura do portão. Cartazes com dizeres e advertência de multas, proibições de comer no quarto, uso da geladeira, tudo sob a condição de imposição de multa. Outras nove mulheres confirmaram a situação. Uma outra vítima conseguiu fugir.
Ameaças e arma
A boate era dividida em área de bar com mesas e som para clientes, onde ocorria o atendimento inicial e os quartos na parte de trás, onde elas moravam e atendiam os clientes.
Durante o atendimento, a PM verificou que os proprietários faziam ameaças às mulheres para não saírem e nem denunciarem, já que havia câmeras que monitoravam as suas ações na parte interna.
Tal vigilância ocasionava em multas, como, por exemplo, dormir no sábado, comer marmita no quarto, desrespeitar funcionário, envolver-se amorosamente com funcionários, entre outras. Tal situação está contida nos cadernos apreendidos como prova.
O local demonstrava condições insalubres, com roupas jogadas pelos cantos, pratos e comidas espalhadas, situações análogas à escravidão.
A guarnição encontrou um revólver do tipo simulacro, uma soqueira/faca na parte interna do bar, fatos que demonstram uma postura afrontosa dos autores. Os envolvidos e vítimas foram conduzidos para a Delegacia de Polícia.
