Talvez os vereadores não contassem com a repercussão. No entanto, a manobra fugiu ao seu controle e as manifestações de desaprovação foram maiores do que se esperava. Em reunião na segunda-feira passada os vereadores de Pescaria Brava decidiram revogar o vale-alimentação de R$ 1,2 mil mensais que eles mesmos concederam a si próprios. Não se sabe com que justificativa. Na prática, um reajuste salarial, limpo, sem nenhum encargo correspondente a corroer parte dos ganhos. Mas, como ensina a sabedoria popular, a emenda sai pior que o soneto.
O vale e a charge
Conceder o benefício, por si só, é um erro. O município é relativamente jovem, de pouca arrecadação, e ainda por cima tem o prefeito preso desde dezembro acusado de fazer parte de um esquema de corrupção. Logo, não faz bem para a classe política regalar-se dessa forma. No comunicado oficial que informa da decisão de revogação, os vereadores se referem a seus eleitores, como se ainda estivessem em campanha. Eleição passou faz tempo, eles representam a população toda, portanto, é aos cidadãos em geral que precisam se explicar. Isso em tese – porque na política real uma eleição nunca acaba, nem nunca termina. Noves fora, os vereadores podem até comemorar: tiveram o privilégio de virar charge pelas mãos do mestre JB Guedes.
Dois vetos
Dois projetos de lei parecidos, em Laguna e Jaguaruna, foram vetados por seus respectivos prefeitos. Com uma ou outra diferença, as propostas obrigam os municípios a promoverem audiências públicas antes da realização de obras (em Jaguaruna isso valeria para investimentos acima de R$ 1 milhão). E preveem também a formação de conselho popular para fiscalizar as obras, do projeto à conclusão. Em resumo os vetos afirmam que a matéria em questão é privativa do Executivo, e não de vereadores. Em Laguna o veto do prefeito foi mantido por maioria nesta segunda-feira, mesmo contra a vontade do autor do projeto, o vereador Gustavo Cypriano.
Linhas tortas
O prefeito Neném Bardini não aceitou que Treze de Maio fosse o próximo município a receber os serviços da usina de asfalto da Amurel para sinalização viária. O trabalho pioneiro é feito em Sangão, onde o prefeito de lá é só elogios. Neném esteve conferindo o resultado, mas não compartilha da opinião do colega. Quer esperar que os operadores adquiram mais experiência com os equipamentos para um resultado melhor.
Em análise
A Amurel, aliás, trata a usina de asfalto, que deve ser implantada em Gravatal, como martelo batido. Mas o projeto segue embargado pelo IMA por falta de licenças. O pedido de licenciamento foi formalizado dia 23, porém, ainda segue em análise técnica.
Carlos Moisés, atual presidente do Republicanos, gostou do jogo. Para quem entrou na política quase por acaso, meio de última hora, o ex-governador planeja se candidatar a deputado federal na próxima eleição. Pessoas próximas a Moisés descartam sua candidatura a prefeito de Tubarão, a despeito da aposta de muitos. Mas há outra alternativa. Ninguém considera Moisés carta fora do baralho na próxima majoritária estadual. A avaliação é de que essa decisão vai depender do desempenho de Jorginho Mello como governador e se Moisés consegue manter ou ampliar um competitivo cacife político junto ao eleitorado.
Ainda o xadrez
No xadrez de Moisés, seus apoiadores consideram também um terceiro elemento, que se chama Décio Lima, do PT. Décio, principal nome da esquerda hoje no Estado, foi responsável por tirar Moisés do páreo, no segundo turno, mesmo sem nenhum cargo que o pusesse em vitrine. Com o petista como presidente nacional do Sebrae, o nome de Décio volta a ficar em evidência, o que pode ser um trunfo seu na disputa pelo governo do Estado.
Sem Pix
Mal assumiu, Jorginho Mello tratou de suspender inúmeros repasses de recursos aos municípios, iniciados pelo antecessor, como o Pix e o Plano 1000. Jorginho ainda vive a lua de mel, aqueles primeiros dias de governo que servem mais para tomar pé da situação e, de certa forma, o livram de críticas. Mas se a torneira continuar assim fechada, tem prefeito avaliando começar a atacar o governo.
Republicanos
Recentemente foi fundado em Pedras Grandes o partido Republicanos, o mesmo de Carlos Moisés. O novo partido deve compor a base de apoio ao prefeito Agnaldo Filippi.
Esquentou
Obetudes da Silva, presidente da Câmara de Sangão, não gostou de fake news das quais está sendo vítima e subiu o tom nesta segunda-feira. Disse que vai fazer auditoria das contas do Legislativo e rebateu críticas à ida de vereadores a Florianópolis para um curso. Obetudes também estranhou não ter podido discursar, como presidente do Legislativo, nos eventos em comemoração ao aniversário do município semana passada.
Concessão
O vereador de Tubarão Felippe Tessmann, do Podemos, apresentou esta semana dois requerimentos que tratam da possibilidade de concessão de bens públicos à iniciativa privada. O primeiro deles é para a administração dos cemitérios públicos do município. Tessmann cita exemplos de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Criciúma e Orleans. A outra proposta se refere à sugestão de concessão da Arena Multiuso, com vistas à sua modernização e exploração comercial. O vereador requer do município, para tanto, a elaboração de estudos de viabilidade.
Os primeiros meses do governo Jorginho Mello, cujas prioridades estão sendo mais rever ou sustar as ações do antecessor, estão obtendo um efeito senão raro, pelo menos difícil de se conseguir em condições normais na Câmara de Laguna. Não é sempre, e com igual facilidade, que os vereadores se unem em torno das mesmas causas. E com a ressalva de que isso se dá menos por pressão popular, e mais por espírito de corpo, talvez a consciência social de que o município possa ser prejudicado pelas medidas do governador. Em questão tem-se aí: a Ponte do Pontal, com projeto paralisado; ameaça de fechamento da UTI sem renovação de convênio com o Estado; e a perda da Coordenadoria Regional de Educação. É só o começo do governo de Jorginho Mello, e pelo visto a cidade – onde o ex-governador mantém endereço, aliás – terá muito trabalho.
Prefeitos preocupados
Não é só Laguna. Na sexta-feira a FECAM realizou a sua primeira audiência com Jorginho Mello. Ao governador, a federação entregou um ofício com as principais inquietações dos prefeitos. Destaque para as obras do Plano 1000, que estão paralisadas ou na iminência de serem paralisadas por falta de recursos.
Fiel da balança
De olho nas eleições municipais, o deputado federal Carlos Chiodini, presidente estadual do MDB, reuniu-se nas últimas semanas com lideranças locais do partido. Chiodini diz que quer organizar o MDB para o pleito do ano que vem. O partido faz suas convenções municipais em abril, na esteira de sua nova campanha publicitária, na qual tenta se afirmar como um partido de centro, nem tão direita, nem tão esquerda. Quer ser a alternativa à disputa renhida entre esquerda e bolsonarismo. Mas a realidade tratou de se adiantar à mensagem: há quadros seus tanto no governo Lula (vide Tebet), quanto nas fileiras do bolsonarista Jorginho Mello.
Risos no plenário
“Quero lembrar a vocês que, em Içara, o pau tá comendo!”, anunciou o presidente da Câmara de Laguna, Hirã Floriano Ramos (MDB), interrompido imediatamente pelos risos do plenário. Mal recuperado da galhofa involuntária, explicou: nesta quinta-feira mais de 40 vereadores estarão no município para um ato que vai buscar pressionar o Estado a renovar os convênios com Içara, Laguna e Imbituba. Mais de 40 leitos de UTI podem ficar pelo caminho nesses hospitais.
Briga nos ares
Há poucos dias o deputado Pepê Collaço (PP) disse a uma plateia de empresários na ACIT que era preciso atenção ao movimento de lideranças da região de Criciúma que querem a reativação do aeroporto de Forquilhinha. O que pode ser uma pedra no caminho para a expansão do Regional Sul, em Jaguaruna. O governo já garantiu que as obras no Diomício Freitas logo serão retomadas.
Ainda que não haja condenados até agora pela Operação Mensageiro, é interessante observar as afirmações da desembargadora Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer, relatora do processo, contidas na decisão que levou à prisão preventiva Joares Ponticelli e Caio Tokarski. O documento veio a público nesta segunda-feira, com os detalhes da investigação conduzida pelo MP. Em resumo, a acusação dos investigadores de que o prefeito e vice de Tubarão recebiam, por mês, R$ 30 mil em forma de propina para facilitar os negócios do Grupo Serrana no município.
A mesada
Muitas das acusações partiram de delação premiada, mas há também grampos telefônicos e imagens extraídas de câmeras de segurança para endossar a linha de investigação do Ministério Público. Mas volto às afirmações da desembargadora. É dela a frase: “A suposta mesada de R$ 30 mil somente para Joares Ponticelli e Caio César Tokarski é absolutamente elevada, sendo maior que o próprio subsídio dos agentes políticos, o que denota verdadeira gravidade concreta das condutas supostamente perpetradas pelos dois agentes com mais alto cargo no poder público municipal de Tubarão.”
O esquema
Em outro trecho da decisão vazada, declara a desembargadora: “Aparentemente, este é, em tese, o maior e mais complexo esquema criminoso de propinas e superfaturamento de contratos públicos que já se teve notícia em Santa Catarina, no qual agentes públicos e privados estão depenando o orçamento de dezenas de municípios.”
Oposição
É bem provável que isso vai dominar a próxima eleição municipal, mas, por ora, pouco se vê de manifestação da oposição. Tubarão não é cidade de um partido só, porém, os que estão no lado oposto ao atual governo, fora um ou outro requerimento no Legislativo, ainda não deixaram muito clara a sua posição sobre o esquema.
Piadas
Léo Lins publicou um vídeo dizendo que Tubarão sofre com enchentes, prefeito e vice estão presos e o Rio Tubarão está poluído. Alguma novidade? Ah sim, falou também em MC Pipokinha, dona Fátima e problemas de segurança na Comasa. O que há de novo nisso? Não gosto do humor do Léo Lins, mas acho que a indignação seletiva mira o alvo errado: culpa a janela pela paisagem, como se diz por aí. Seria mais coerente reconhecer essas mazelas e buscar soluções, que é o que, aliás, se espera dos governos, em vez de comprar briga com um humorista que teria vindo para cidade e feito seu show sem muito alarde, não fosse a polêmica gratuita. De quebra, abriu-se um precedente sério, o de proibir alguém de fazer seu trabalho só porque desagradou meia dúzia.
O auditório da ACIT, em Tubarão, recebeu na segunda-feira os deputados estaduais da região para nova rodada de conversa. A iniciativa é uma continuidade do projeto pelo voto em candidatos da Amurel, desenvolvido na eleição passada e que, como se vê, foi bem sucedido, considerando que a região ampliou para três o número de parlamentares na Alesc; só faltou o federal. Compareceram os três eleitos: Volnei Weber (MDB), Pepê Collaço (MDB) e Soratto (PL), licenciado do cargo por ser o atual secretário da Casa Civil.
Gargalos inviáveis
Estes encontros versam sobre demandas para a região levantadas por empresários. Nem todas dependem diretamente dos deputados, mas a ideia geral é de que, tendo representantes em outras esferas de poder, fica mais fácil obter resultados. Soratto, como braço direito do governo, tratou de mostrar na prática a situação dessas cobranças. Duplicação da SC-370, entre Braço do Norte e Tubarão, por exemplo. Ele adiantou que há três gargalos inviáveis para a duplicação, o que obrigaria a criação de rotas alternativas. Sugeriu uma audiência pública antes da finalização do projeto, previsto para se entregue em dezembro.
Prioridades
Na mesma toada de Jorginho Mello, Soratto afirmou na reunião com os empresários que não há dinheiro sobrando, que o Estado fechou o ano passado no vermelho. Por isso seria preciso definir prioridades. Disse isso em resposta ao pleito de um Centro de Eventos na região. Soratto acha que não é hora, o ideal seria reformar, primeiro, a Arena Multiuso, que aliás leva o nome de seu pai.
PP de Treze de Maio
Ex-presidente da Câmara de Treze de Maio, o vereador Micael Marcon Raldi, o Mica, é o novo presidente do PP no município. Seu mandato será de dois anos. Ele quer organizar o partido e buscar novos filiados, o que já começou a fazer com o ingresso de alguns ex-vereadores saídos de outros partidos. Entre eles o ex-MDB Jamil Ronconi, eleito o terceiro vereador mais jovem do país em 2008.
Eleição municipal
O Progressistas de Treze de Maio, a princípio, terá candidato próprio na eleição municipal. Falta definir o nome. Assim como discute eventuais coligações. Uma das possibilidades seria com o PL, que ainda deve ser criado no município. Ou, como alguns querem, uma improvável, quase impossível, coligação com o MDB do prefeito Neném Bardini.
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